O ser humano é capaz do melhor
Os próximos anos não vão ser fáceis e o retorno do
crescimento econômico vai ser lento e doloroso. Espero que possamos aprender a
lição. Será uma boa oportunidade para sermos mais solidários, altruístas e
justos.
Para os baianos, principalmente
eu que nasci e me criei em Salvador, de uma hora para outra deixar de poder
beijar e abraçar familiares e amigos é muito difícil, faz parte da nossa
cultura. O distanciamento imposto abalou as já frágeis relações inter-humanas
numa sociedade dependente das redes sociais. Impediu os avós de estarem com os netos,
impossibilitou as idas à praia e ao barzinho, proibiu os jogos de futebol e instaurou
um medo que até então não conhecíamos. Se ainda restavam dúvidas temos agora a
certeza que sem internet quase ninguém vive. Mas os desafios do TikTok e os
filmes da Netflix não substituem o contato humano. Por outro lado, a cultura é
vital para alimentar o espírito e prover o sustento de todos os que dela
dependem para viver.
Foram muitos os erros cometidos
por este governo, no que diz respeito a coordenação e liderança neste momento.
A falta de consenso e de união originou protestos e manifestações. Surgiram dentro
do próprio governo, movimentos ‘anti-máscaras’, os grupos radicais que recusam
a vacina e ainda os que afirmam que tudo isto não passa de uma conspiração para
exterminar a população. Ou até mesmo os que defendem tratar-se de uma guerra
virológica premeditada. Os desafios são grandes e quase toda as autoridades
tentam evitar um novo confinamento.
Sem dinheiro ninguém vive e o
vírus veio acentuar as desigualdades já existentes. Quase todos os setores
foram afetados, mas o mais sacrificado foi, sem dúvida, o turismo. As
companhias aéreas despedem aos milhares e pedem ajuda ao Estado para assegurar
a sua continuidade. Um pouco por todo o litoral nordestino, hotéis e
restaurantes fecham as portas. Para sempre. No país onde o verão e o carnaval eram
vividos o ano inteiro.
E depois? Tenho amigos que ainda não
voltaram ao trabalho, outros que já
foram dispensados. Aprendemos a viver com poucos recursos, mas a escola, o
hospital, o supermercado e a farmácia são essenciais e os seus interlocutores
são os novos heróis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário