quinta-feira, 24 de setembro de 2020

ARTIGO - Renovar é preciso! (Padre Carlos)

 


 

 

Renovar é preciso!

 

 


Compreende-se a preocupação dos cientistas político quando, chama a atenção dos partidos de esquerdas sobre a necessidade de se renovar e o perigo de alguns quadros se perpetuarem nas direções destas instituições partidárias ou das entidades do movimento popular. Este comportamento apesar de formar e construir quadros duradouros que possam personificar um projeto, tem cobrado um preço muito alto ao longo da nossa história, tendo seus efeitos colaterais levado a asfixia de novas lideranças criando cisões e fragmentando o campo progressista.


A esquerda brasileira sempre conviveu com este problema. Um fato clássico que gostaria de citar para ilustrar o que estou falando é a trajetória de Luís Carlos Prestes, o mais respeitado líder comunista brasileiro. Sua liderança à frente do partido levou 46 anos, só em 1980 é destituído do cargo de secretário-geral do PCB, partido que estava sob sua direção desde 1934.  Em uma de suas últimas participações em reuniões do comitê central bolchevique, já rompido, politicamente, com Stalin, Bukharin tomou a palavra e, em tom de brincadeira, “teorizou” que a história podia ser classificada em três grandes eras: o matriarcado, o patriarcado e o secretariado. Pagou com a vida a insolência provocativa. Acredito que se fosse hoje, teria acrescentado os mandatos e a estrutura de poder que se forma em torno deles

          Encontramos com certa razão muita insatisfação nas bases destes partidos, até frustração acumulada com o excesso de homens de classe média, brancos e envelhecidos, à frente da maioria dos nossos diretórias e exercendo mandatos. Não podemos negar que este, cansaço e desconfiança com lideranças que se perpetuam ao longo de décadas nas posições dirigentes, seja à frente de mandatos, sindicais ou parlamentares, ou de cargos executivos, levem a um certo desencanto das lutas.

               Quando falamos de renovação, não estamos referindo apenas trocar pessoas, é necessária uma mudança de mentalidade, as vezes para aceitar as novas lideranças de operários e jovens intelectuais, mulheres e negros, indígenas e LGBT’s, tenhamos que mudar também nossa compreensão sobre o que é ser vanguarda. Apesar destas renovações serem necessárias, nossa pauta não pode ser elitista e sectária, por supostamente focar nos problemas que não têm apelo popular, esquecendo de projetos para áreas como saúde e educação, e afastando parte do eleitorado.

        


 Quando falamos de renovação estamos querendo criar uma nova mentalidade e assim entender de uma vez por toda, que não basta trocar seis por meia dúzia. O grande desafio da esquerda é criar uma nova linguagem para mobilizar a população. Sim, hoje o grande desafio da esquerda será o de encontrar formas de apresentar noções clássicas como a luta de classes de um modo "excitante, de forma a incentivar as pessoas a criarem novas utopias.

  

 

 


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