segunda-feira, 28 de setembro de 2020

ARTIGO - Tres anos sem Dom Celso (Padre Carlos)

 


 amos  sem Dom Celso




    “Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. ”

 

Hoje completa três  anos do súbito falecimento de Dom Celso. Foi na madrugada de 28 de setembro de 2018, vítima de uma parada cardíaca que meu bispo nos fez invocar as orações de todo o Povo de Deus. Tenho para com ele profunda gratidão como pastor, pai e amigo. Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre, a sua bondade é também enterrada com ele”, mas a bondade deste pai é imensa para que a morte possa matá-la. A sua perda faz lembrar que quando morre um Pai espiritual como este, seu clero também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui pois faço parte da humanidade.

 

          


Assim, vou aproveitar esta oportunidade e contar para vocês como conheci Dom Celso e me apaixonei por esta Diocese. 

 A vida é repleta de encontros e desencontros. Planejados ou frutos do acaso, são eles que definem os nossos caminhos. O que somos, quem somos, tem muito a ver com quem nos relacionamos nas veredas da vida. Como disse o poeta: “A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. No início da década de noventa, morava com os irmãos de Taizé, durante um ano convivi com estes monges ecumênicos e tinha como orientador espiritual, a irmã Rafaela, uma religiosa que tinha a espiritualidade inaciana na sua formação. Com a indicação do irmão Michel, fui convidado por Dom Mario para ingressar na Diocese de Paulo Afonso, conversei com o bispo e me coloquei a disposição daquela Igreja local. 
      

 

 Como morava em Alagoinhas e a orientação espiritual era em Salvador, visitava esta religiosa uma vez por semana e aprofundava com ela os exercícios espirituais além é claro, de partilhar minha caminhada de fé. Ao relatar o convite que recebera daquela diocese, esta sabia mulher me propôs conhecer um bispo da Diocese de Vitória da Conquista, pois este estava naquele dia em Salvador, hospedado na Casa de Retiro no bairro de Brotas.    Para falar a verdade, não queria conversar com outro bispo, achava que já estava definida minha opção em relação ao meu futuro, porém não queria ser indelicada com minha orientadora, afinal ela sabia o que estava fazendo.
Ao ser apresentado a Dom Celso José, fui apresentado também a uma Igreja misericordiosa e gratuita, onde todos podiam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados. Este foi o sentimento que brotou no meu coração. Um verdadeiro pai que manifestava bondade, graça e amor. Eu sentir durante todos os anos que convivi com este santo, a manifestação da graça, isto é, tinha a mesma atitude que o nosso Deus. O amor e carinho pelos seus presbíteros eram comoventes, sempre fazendo algo em favor do seu presbitério, mesmo que ele não merecesse, mesmo que este não fosse digno, mesmo que aqueles padres não reconhecesse a intenção daquele pastor. Sua preocupação com a formação acadêmica e o bem-estar dos seus era o primeiro objetivo e também seu grande legado.
      

 

 Uma geração de bispo está partindo para o braço do Pai e boa parte deste, foram formados pela Ação Católica. Grandes intelectuais e formadores vieram deste movimento. Acho que a preocupação de Dom Celso com a formação de seu clero e também dos leigos e movimentos tem muito da espiritualidade de uma igreja que busca na formação de quadros, ajudar a criarmos uma consciência de ser verdadeiramente comunidade de fé. 
           


 Hoje, agradeço a Deus e aquela freira, por ter insistido em me apresentar a Diocese de Vitória da Conquista e a seu bispo um verdadeiro pastor. Se não tive coragem ou oportunidade de dizer na vida, durante sua existência aqui, digo agora antes que seja tarde demais: Obrigado Dom Celso, por ter me acolhido, protegido e acreditado em mim.


 

Padre Carlos.

 

 




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