O movimento estudantil da transição
(1974-1984).
Hoje eu estava pensando naquela juventude que participou do movimento estudantil no final da década de setenta e uma questão que me chama atenção é o saudosismo que temos dessa época, como se não existisse mais essa mobilização. Assim, gostaria de prestar uma homenagem aquela geração e resgatar a memórias dos militantes estudantis que viveram aquelas páginas da nossa história e militaram no período da transição democrática brasileira (1974-1984).
Poderia afirmar que a diferença do movimento estudantil de hoje para a do período em que militamos, é um caso de gerações. O movimento de lá foi fruto de um intervalo que existiu por conta da intensa repressão militar. Aqueles estudantes eram muito mobilizados por conta do tempo que estiveram parados. O movimento atual é fruto da década de 90 e nasceu em um período de democracia, não vivendo, portanto, em períodos de repressões. Isso fornece uma formação com outra postura social, mas também representam uma época.
Se tinha um grupo dentro da universidade que sabia fazer uma festa era os jovens da tendência Liberdade e Luta. Isto se deve a característica da Libelu é que, entre todas as tendências da luta estudantil em ação no final da ditadura militar, ela foi a que mais encarnou a ideia de que “é proibido proibir”. Era possível ser Libelu e ser e provar de tudo, estas atitudes para as quais parte da militância de esquerda ainda torcia o nariz naquela época como “desvios burgueses”. Quanto a mim que fazia parte de um grupo da Igreja Católica ligado aos jesuítas do CEAS, era um choque cultural tudo aquilo. Mas com o tempo, você termina entendendo aquelas pessoas.
Eu gostaria aqui de fazer justiça aqueles meninos, a face “esquerda festiva” do grupo, famoso por organizar as baladas mais animadas do movimento estudantil, o lado “liberdade”, não poderia aqui ofuscar a parte da “luta” propriamente dita. A Libelu ganhou destaque por assumir nas ruas o slogan Abaixo a Ditadura antes de todo mundo, mesmo correndo o risco de ser alvo dos órgãos de repressão.