Ciro e o projeto de direita
Faz um mês que venho tentando entender Ciro
Gomes e o PDT neste tabuleiro da política brasileira. Assim, quando tomei
conhecimento dos elogios que ele fez ao prefeito, ACM Neto na convenção
municipal do PDT em Salvador, pude entender que quando a ideologia deixa de existir
em um partido, as únicas coisas que podem preencher estes vazios, são os
projetos pessoais. A família Gomes se comprometeu junto com o DEM, a construir
“um projeto alternativo a essa quadra de desmantelo, entreguismo, destruição
das nossas riquezas”.
O pedetista se rasgou em elogios ao partido
de ACM, o avô de Neto, a quem se referiu como seu “velho amigo” – nem parecia o
mesmo que chamou Neto de “tampinha” e “anão moral” e ouviu de ACM que
era “covarde”, “sem caráter” e “escória da política brasileira”. Enquanto
assistia Ciro joga toda a história trabalhista de Brizola no lixo, me veio à
mente as palavras de Maquiavel: “Em política, os aliados de hoje são os
inimigos de amanhã”.
Não consigo entender como, o PDT e o DEM possam compartilhar uma mesma visão de
país. Em Fortaleza, o PSDB desistiu de ter candidatura própria
para apoiar o candidato do PDT, selando a reaproximação entre Ciro e o seu
mentor político, o tucano Tasso Jereissati. Estas movimentações indicam que o
candidato do PDT está costurando uma aliança para 2022 com as forças de direita
e parte do centro, desde o DEM até o PSDB e PSB.
Para ser presidente é necessário abandonar a
hipocrisia que o tem guiado, apontando o dedo para as alianças dos outros
enquanto não mostra tantos pruridos ao construir as suas próprias. Não há
possibilidade de governar o país sem fazer alianças e Ciro sabe disso. Ao se
associar ao DEM, partido dos coronéis do Nordeste, acredito que ele esteja agora
em uma posição mais confortável e familiar.
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