sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

ARTIGO - Conversando com minha geração (Padre Carlos)

 


Conversando com minha geração


 

Nascemos nos anos Dourados, da fundação da Petrobras e da construção de Brasília. Nascemos antes do golpe militar da guerra e da luta. Depois dos sonhos e da ilusão de muita gente que acreditava num devir melhor. Nascemos antes de abortarem a história republicana brasileira como a época do desenvolvimentismo, de uma democracia instituída e em construção. Crescemos lutando contra a ditadura e com esperança de vê-la acabar um dia. Mas será que ainda sabemos lutar?

  


Uma das coisas que aprendi nestes mais de quarenta anos de luta, é que o universo, rege-se pela lei do menor esforço, da poupança de energia. Ninguém escapa a isso. Mas a nossa inteligência e experiência de militância precisa ser capaz de ir mais além e, aprender com a história, prevenir os problemas para construir um futuro melhor…

 

Somos da geração que lutou contra a ditadura e viu florescer: a democracia, o crescimento económico, o emprego, a educação e a formação, as universidades... Mas como vencemos a ditadura, nunca mais nos preocupámos com o que mais interessa! Por isso muito de nós não votaram mais com o coração, não participaram, não disseram, não pensaram... Porque cansa pensar, porque cansa reunir, porque cansa discutir, porque cansa organizar.

A verdade é que a nossa geração perdeu o que existia de cultura cívico-participativa e foi-se deixando enrola-se nas teias do conformismo e da alienação. E os poucos que se movimentaram, muitos fizeram-no pelas más razões: o carreirismo pessoal estúpido e despido de conteúdo ideológico! Vejam as associações e académicas que, de instituições de elite (intelectual e política), se converteram em ninhos de oportunistas e corruptos com passaporte para as juventudes partidárias… Vejam as próprias juventudes partidárias onde a irreverência e o pensamento independe e crítico, em vez de valorizados, são penalizados e os seus praticantes ostracizados. Ao contrário, dos que seguem de forma incondicional e o espírito de subserviência sempre foram os passaportes para os lugares elegíveis dos cargos do governo ou acessórias parlamentares...

Falta-nos espírito coletivo, cívico, participativo e empreendedor. Quantos de nós fundámos associações ou empresas? Quantos de nós estão preocupado com as questões da nossa cidade? Quantos de nós interviemos a nível partidário? Quantos de nós ainda fazemos parte no movimento sindical ou em prol dos direitos humanos? Quantos discutem política? Muitos de nós nem sequer votaram, na ultima eleição, transformaram esta data em um feriadão (utilizando o discurso fácil e débil de que os políticos são todos iguais...). A maioria da nossa geração andou entretida com o subjetivismo e seus próprios interesses (a família e seu mundo particular ocuparam o lugar do pensamento).


Só as crises recentes, a precariedade e o desemprego nos têm posto mais alerta e mais despertos para os problemas coletivos que a todos (a nível individual) nos afetam. Têm surgido (muito através das redes sociais online) movimentos cívicos de protesto. Mas isso só não basta... É chegado o tempo da nova construção! A verdade é que temos que dar muito mais de nós, temos que ser mais exigentes com a nossa geração e não nos limitarmos a queixar das novas gerações que encontraram tudo pronto e não tem compromisso com as conquistas que acumulamos ao longo da história.

 

 

 

 

 

 


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

ARTIGO - A frágil democracia brasileira (Padre Carlos)

 


A frágil democracia brasileira

 


Eleições permanentes e alternância no poder são essenciais. Mas, o cidadão tem que se responsabilizar pelas escolhas feitas nas urnas. Não adianta fazer discursos enfurecidos diante dos escândalos de corrupção e depois dar ao corrupto o conforto de ter um mandato renovado para mais quatro anos. Eleições em profusão pouco adiantam se não estamos dispostos a cumprir os mecanismos institucionais que permitem que os que descumprem suas funções (e as leis) sejam responsabilizados com pressupostos penais que causem punibilidade. Por que supomos que esse revezamento de nomes e siglas nos cargos governamentais é solução única para nossos males? Por que nos contentamos com tão pouco?


Onde estavam os funcionários públicos? Herzem nos seus discursos de campanha costumava dizer que a prefeitura é a casa do povo, mas quando o povo chegou, ele chamou foi polícia, como se servidores e professores fossem bandidos. Quatro anos sem aumento? Tem que aumentar, amigo. Tem que cortar essas mordomias de secretários e dos cargos de confianças que não servem para nada. Mas o povo, nas urnas, aprovou esse governo. A gente precisa aprender a votar. Herzem Gusmão ou Pereira como gosta de ser chamado, não está nem aí. Ele teve 54% dos votos. O erro de um dia de eleição, você paga quatro anos.

Deixo claro que a mais deficiente das democracias é sempre melhor do que a mais eficiente das ditaduras. No entanto, atento para a (falta de) qualidade de nossa democracia, das nossas eleições, da compra de votos e do uso da máquina pública. Não que tenhamos, neste momento, ameaça de um revés autoritário. Mas, isso é tudo? Nossa democracia tem seríssimas deficiências que esta eleição fez aflorar. Senão, vejamos. Onde estava à Justiça Eleitoral, quando houve suposto abuso de poder político através do uso da máquina pública?


Vitória da Conquista, sempre teve uma política diferenciada do resto do estado, surgem nesta terra grandes estadistas, mas também aparecem os capitães do mato para tentar enganar este povo. Quando nossa conturbada conjuntura, embaralha suas cartas, sobrando assim indagações e incertezas. São estas as razões pelas quais sou chamado a pesquisar como profissional da filosofia política sobre as fragilidades da nossa democracia e sua relação com nosso passado autoritário. Diante disto, tenho feito alguns artigos, onde procuro mostrar como e porque chegamos a essa situação de total indefinição sobre os rumos desta terra.

 

 

 


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

ARTIGO - Cum – pane (Padre Carlos)

 


Cum – pane

 


Como militante fazemos escolhas na nossa vida e uma delas, é definirmos se tomamos decisões individuais ou coletivas. Estas escolhas nos levam a receber todos os ônus e bônus, levando cada individuo a se responsabilizar pelo coletivo, pagando todos os riscos de caminhar no fio da navalha. É muito fácil quando decidimos segundo as nossas necessidades e conveniências, quando decidimos ao nosso favor de forma egoísta e individualista, porque não precisamos acatar nenhuma decisão que somos contrários nem esperar que alguém cumpra em aceitar as minhas certezas e verdades.


Um projeto para mudar o País e tirar milhões de brasileiros da linha de miséria, jamais poderia ser individual e particular. O sonho de toda uma geração que lutou e pagou com a própria vida e que traz ainda hoje no corpo a dor e as cicatrizes da tortura, tinha que ser construídos por varias mãos: Operários, intelectuais, Igreja Progressista e Setores da classe média. Milhares de pessoas que dedicaram os melhores anos de sua vida e sua juventude, para que este sonho utopia se tornasse verdade.

Sabíamos que não poderíamos ser ingênuos e que a nossa revolução não seria com cravos, mas com as armas do inimigo, isto é, participar do jogo democrático e eleitoral com todos os seus viços e contradições. O uso de caixa dois e alianças com setores da burguesia faziam parte deste manual da democracia burguesa.

Durante décadas, os partidos de direitas usaram estas práticas para elegerem e fraldarem as eleições. Suas relações com o empresariado sempre foram promíscuo, como ficou comprovado nos casos da JBS, Aécio, Serra Temer e tantos outros que a justiça brasileira protege deixando caducar seus processos. Setores da direita e os homens de negócios, sempre trataram as coisas publicas como privadas e não permitiriam de forma alguma que houvesse qualquer politica de distribuição de renda.


Foi pensando nestas injustiças que acontecem em nossa terra, que me lembrei das minhas aulas de latim com o Padre Bruno e especificamente de uma palavra que ele gostava muito de citar: cum – pane; o seu significado é comunhão, isto é "o que come do mesmo pão, na mesma mesa". Na Roma antiga, os romanos sentavam juntos na mesa para comer, beber e compartilhar as suas alegrias, tristezas e também preocupações. Esse ato de compartilhar era um momento importante na vida dos cidadãos romanos.

Lembrando estes acontecimentos, passei a escrever este artigo e para tanto, gostaria de chamar atenção dos setores progressista, para não esquecer os companheiros que mesmo encarcerados e doentes, se mantiveram íntegros e não fizeram escolhas pessoais. Viva José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino!

 

 

 

 

 


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

ARTIGO - Uma carta para os amigos (Padre Carlos)

 


Uma carta para os amigos

 


Escrever uma carta não é moderno, é vintage, ou poderia dizer: algo clássico, ou antigo.  Já não se escrevem cartas de amor, mas, ao contrário das cartas, o amor não morreu. A carta é para os meus amigos, mas também pode ser para os seus. Vai aberta, para a segurança de todos. Em tempos de coronavírus não se lambem cartas, também a língua fica em casa.


    Olá companheiros!” Desculpem a minha ausência, mas não posso estar presente. Ficar em casa, fechado, não é novidade em tempos de pandemias. Mas hoje, faço por razões de saúde e sinto-me estranhamente confortável. Sou muito apegado com as pessoas do meu convívio, mas não sou de apegar-me às tecnologias porque, mesmo ficando em casa, recebia algumas visitas. E agora que não podemos receber os amigos em decorrência da quarentena, tudo fica mais difícil!

Uma das muitas coisas sobre as quais esta pandemia me fez refletir foi que assim como as plantas precisam de agua e sol para alimentar-se,  as verdadeiras amizades precisam também  de contato, de conversa, de presença, de olhar. Somos uma geração com dependência  de celular na mão, em constante conversação, e hoje meu amigo, não sei o que mais falar. Utilizamos o WhatsApp, o Instagram e o Facebook para pequenas conversas, partilhas inconsequentes e pouco mais. Utilizamos as redes para combinar a próxima vez que nos vamos encontrar. Este é o nosso hábito e é por isso que não sei mais do que falar.

Sei que, nesta selva de pedra, não temos tempo pra mais nada, as relações pessoais não comportam tanta conversa, mas nas redes parece que falamos línguas diferentes. Quando toda esta gente se multiplica em ligações, sinto-me desligado. Desculpem a minha ausência, mas não posso estar presente. O que dói não é deixar de estar com vocês, é não saber quando vou voltar a vê-los. E é por isso que fico longe. Longe dos olhos, perto do coração!


Hoje, ninguém está longe nem perto. Tenho um amigo em Santo António de Jesus, que está tão perto de mim como os meus amigos de Conquista. Estamos todos à distância de uma mensagem. Contudo, nunca me senti tão distante. E não é assim que estamos todos, demasiado distantes?

Sou saudavelmente dependente dos meus amigos. Preciso deles como as flores precisam de sol. Peço desculpa por demorar e por me esquecer, não é falta de amor, é excesso. Um forte abraço do irmão e amigo.

 

            Padre Carlos

 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

ARTIGO - Aos Companheiros de jornada, (Padre Carlos)

 


Vitória da Conquista, seis de dezembro de 2020.

 

Aos Companheiros de jornada,

 

 

Prezados amigos, se tem uma coisa que aprendi nestes mais de quarenta anos de vida política, é que a história é feita de heróis, mas também de fracos, medrosos e vendidos, como presenciamos nestes últimos dias. Aos atos de coragem se contrapõem os de traições, falsidades e todo tipo de hipocrisias.

 Chegamos a esta triste constatação, temíamos que o mal e a mentira pudessem vencer a verdade, mas infelizmente foi isto que prevaleceu na capital do Sudoeste baiano. O que parecia impossível de tão absurda que era, aconteceu: Herzem Gusmão com toda rejeição e indicativos nas pesquisas, vence na calada da noite, além de driblar a lei e cometer todo tipo de crime eleitoral, segundo a oposição, para se eleger, este governo teve que sujar as mãos e fazer acordos que só a história poderá contar.

Precisamos resistir, nossa existência como força política dependerá das nossas lideranças. Um verdadeiro líder não se preocupa apenas com seu mandato e sua corrente. Compete aos parlamentares e lideranças do partido, exercer este papel para acolher os companheiros que sempre estiveram na linha de frente destas batalhas. Será que já paramos para pensar porque não conseguimos mais que dezenove candidatos na nossa chapa proporcional?

Um verdadeiro líder tem a obrigação de conhecer a realidade dos militantes do partido, independente de corrente ou mandato que ele pertença ou defendeu. A nossa existência como partido ou lutas dependerá muito da capacidade destes companheiros construírem novas utopias com uma grande unidade. Só pensando no conjunto e como um todo, poderemos criar uma frente de esquerda com programa bem definidos e que seja perene. Essa frente, composta com os grupos internos e por partidos políticos com identificação de esquerda e democrata e movimentos populares será de fundamental importância para contrapor o projeto de Herzem e a narrativa em curso na nossa cidade.

O papel do sindicato, seja dos professores ou dos funcionários público será de fundamental importância, haja vista todos esses retrocessos que presenciamos nestes quatros anos, e deverão piorar. O partido e o sindicato precisam está com suas portas abertas para se tornar um refúgio aos (as) trabalhadores (as), um grande abrigo em defesa da educação e dos direitos trabalhistas. Portanto, não restará outro instrumento de insurgi mento social, exceto a grande unidade de todos os movimentos sociais. Não há outra saída, é emergente a construção dessa frente de esquerda e democrática – não pensando somente nas próximas eleições – para combater com cabeças erguidas e altivez, Herzem e a direita local.

 Outro fator importante é deixar claro, as dispensas de licitações e os vários aditivos, inclusive com renovações dos contratos com as empresas de transportes, precisam ser apurados. Neste segundo mandato não vamos aceitar certos acordos de porta fechada.  Aristóteles já dizia que o “homem é o animal político”, assim pode-se não ter opinião formada sobre certas coisas, mas ser apolítico é impossível a tudo o que esta acontecendo na nossa cidade. Bem sei que em algum momento muitos olharão para trás e se darão conta da péssima escolha que fizeram. Vão se perguntar por que adotaram o ódio ou acreditaram nas promessas de campanha, porque se encantaram mais uma vez com as palavras bonitas do radialista. Chegará o momento em que muitos se arrependerão do caminho escolhido. Mas, vamos viver um dia de cada vez. No momento compete as nossas lideranças fazer um discernimento sobre a forma como vem tratado seus militantes e buscar entender que meu agrupamento sozinho não conseguirá levantar as bandeiras na próxima eleição. No momento, a tarefa é denunciar o uso da máquina pública nesta eleição.

 Padre Carlos.

 














domingo, 6 de dezembro de 2020

ARTIGO - Ciro Gomes tentar implodir a frente ampla (Padre Carlos)

 

Ciro Gomes tentar implodir a frente ampla

 


Recentemente alguém me perguntou: O que você acha da candidatura de Ciro Gomes a presidente da República em 2022? Minha resposta foi a de que não vejo problema em qualquer homem público em querer disputar uma eleição, pois na democracia é natural que todos os partidos possam participar do processo eleitoral. O que vejo porem na figura citada é uma sede de poder maior que um projeto de nação e ela pode levá-lo a não respeitar quaisquer limites ao escolher suas vítimas. O que Ciro e sua família esquecem, é que a sede de poder nesta selva urbana pode ser cega.

         Com um discurso de alinhamento as forças de direita, buscando caracterizar o PT como uma organização criminosa e querendo isolar Lula e seu partido do processo eleitoral, vai construindo sua estratégia e narrativa para destruir toda e qualquer hegemonia no campo da esquerda que possa dificultar seus objetivos. A lógica da república de Sobral é fragilizar seus potenciais adversários no campo da esquerda e abandonar seu antigo aliado para construir uma aliança com a direta e parte do centro

         Avaliando as eleições recentemente, ele classificou Boulos como integrante da “esquerda radical”, afirmou que o governador do Maranhão “perdeu a noção da realidade” por ter ido votar com a camiseta ‘Lula Livre’ e disse que o PT é corrupto.

Faz-se grande quem sabe pensar grande. Se a esquerda brasileira estivesse pensando como Ciro Gomes, em apenas eleição e no poder em si, e ficasse cego para os grandes problemas que se abate sobre a população, não teríamos como impedir e denunciar este projeto de direita.  Este comportamento irresponsável, só proporciona as condições para que o projeto da ultra-direita e o fundamentalismo religioso consolidem o poder e roubem as espeças que ainda resta no povo.

Desta forma, Lula não pode se dar ao luxo dos arroubos de adolescente a que Ciro vem tendo. Ele tem certeza que a única política que poderá conter este risco é promover mudanças significativas para proporcionar um crescimento econômico acompanhado com a geração de emprego e um maciço investimento em educação e tecnologia. Não existe outra forma a não ser fazer a roda de a economia girar, basta de paliativos, sem estas medidas não há saída. Como articulador Lula tem que buscar uma oposição “coesa”. Uma frente unida em prol de um objetivo comum: a derrota do inimigo comum. Todas as forças políticas oriundas dos mais diversos espectros da oposição – que não tem absolutamente nada de homogêneo – se aglutinarão nesse projeto para derrotar o fascismo

Por isto, o coronel de Sobral vem tentando de todas as formas criarem empecilho para que isto não aconteça. Assim como Ciro, pensava a Socialdemocracia alemã, ao fechar os olhos e tornasse omissa quando Hitler perseguia e exterminava os comunistas alemães. Achava estes sociais democratas, que o pós-Nazismo não demoraria e que com a saída dos vermelhos da cena política, seria mais fácil chegar ao poder. O que Ciro esquece, é que aqueles que enganam, mente e pratica a falsidade e a traição como forma de crescer politicamente, um dia terá que prestar contas aos eleitores. Esta é a lógica de Ciro Gomes e o que mais nos espanta, é que por oportunismo, setores da esquerda venham alimentando os desejos de poder deste homem. O provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” é quase sempre invocado em referência a questões políticas e nem sempre corresponde à verdade e este comportamento de Ciro termina fortalecendo o projeto da direita. Aí então começaremos a ver o desenrolar da armadilha que essa lógica do “inimigo do meu inimigo é meu amigo” sempre traz consigo.

Quando está motivado por essa lógica – que remonta a uma mentalidade tribal – que cai como uma luva no sistema político brasileiro, não se realiza alianças com “amigos”, se busca assumir o seu lugar. O que une os atores, como já vimos, é simplesmente o desejo de se derrotar um inimigo comum e para e para Ciro e alguns “companheiro”, este é sem dúvida alguma Lula e o PT. A estratégia de Ciro é criar no campo da esquerda, uma conjuntura de autofagia e lutas internas até alcançar seus objetivos.

Temos que tomar consciência que tudo o que temos passado, tem um proposito para que nos sirva de lição. Quando não há clareza de quem são verdadeiramente os nossos adversários, corremos o risco de nos comportarmos como eles. De generalizarmos nossa ética e conduta e carregar o pragmatismo como a única verdade.

A inveja é o resultado de pequenos desejos. Ela não se faz senão através de detalhes que lhe acumulam na alma: desejar algo que não é seu apropriar-se de algo que não lhe pertence, trair a confiança de um amigo, tudo isto são gestos de um covarde para ocupar o espaço do outro na história. Não são os bens nem o dinheiro que constitui a inveja. É a ganância, a arrogância, a convicção de que é mais importante e merece mais que o seu oponente.

 

Desta forma, o ex-ministro de Lula, jamais será um estadista se não tiver humildade, tem que ter noção do tamanho que é, nem maior nem menor do que ninguém. E sustentar a esperança na certeza de que só haverá colheita se desde agora se cuidar, delicada e anonimamente da semeadura. Como diz o poeta, não basta sair caçando borboletas é necessário ficar e cuidar do jardim, para que elas retornem.

 

 

Padre Carlos

 

 


  

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

ARTIGO - O general Pirro e as eleições em Vitória da Conquista (Padre Carlos)

 

 

O general Pirro e as eleições em Vitória da Conquista

                                         


Pirro, general grego, disse ao ganhar a Batalha do Ásculo (279 a.C.) que outra vitória daquela e ele estaria perdido. Referia-se ao alto número de soldados mortos e de não ter mais onde recrutá-los. Assim foi a eleição em Vitória da Conquista. Herzem venceu, mas não convenceu o eleitorado conquistense que foi uma vitória legitima e se a eleição demorasse mais, não iria sobrar asfalto ou dinheiro no tesouro municipal. Não é que tenha havido renhida disputa entre os dois candidatos. Houve, isto sim, uma  eleições atípicas, não só em função da pandemia ,que dificultou muito a mobilização da campanha mas, a forma como se deu a relação com o eleitor. A esquerda enfrentou um adversário que tinha a máquina pública na mão e segundo a oposição, utilizou de forma muito violenta e completamente fora da lei, ameaçando servidores, fazendo obras eleitoreiras, utilizando inclusive mecanismos que a Justiça deveria apurar.


Para fazer uma abordagem da eleição em nossa cidade, seria necessário avaliar o que se passa no Brasil de um modo geral, afinal não vivemos isolados em uma ilha. Desta forma, avaliando o processo eleitoral, podemos dizer que a esquerda saiu-se mal nessas eleições, mesmo com boas votações em Recife, São Paulo, Vitória e Porto Alegre. Vejamos que ela elegeu prefeitos em 12 grandes cidades de 9 estados diferentes. É muito pouco. O PT precisa entender que não é mais o protagonista da esquerda. Precisa aceitar que o PSOL deixou de ser mero coadjuvante, do contrário Boulos não teria chegado ao 2º turno em São Paulo e o PCdoB, mesmo com o pragmatismo que hoje toma conta do partido, tem demostrado que quer seu espaço na mesa.

É certo que a esquerda mantém alto capital eleitoral, mesmo considerando o comportamento volúvel do eleitor brasileiro. Considero pontual a vitória de Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém, pois ela não prova uma onda de votos à esquerda como nas eleições de 2008 e 2012. A esquerda não saiu em bloco para enfrentar as eleições municipais. Ao contrário da direita, não pensou nos cenários para 2022. Como sempre, o erro foi PT, PSOL e PCdoB se dedicarem às suas questões paroquiais, esquecendo que a luta contra o fascismo\neoliberalismo é diária independente de estarmos ou não em eleições. Resultado? Mais uma vez, a esquerda terminou fazendo o jogo da direita.


A direita venceu em Vitória da Conquista, pelo menos, se baseando em “fake News” (inseridas de vez nas campanhas), no discurso populista, com um conservadorismo reacionário flertando com a ultradireita e segundo seus adversários, na mais descarada compra de votos. Despida de qualquer pudor, a direita de Conquista foi para o 2° turno e venceu. Diante deste fato, presenciamos ACM Neto sem querer largar a mão de Herzem, o medo do carlismo é que diante desta vitória, os bolsonaristas passem a se aproximar do Mdebista. Não podemos esquecer, que os neoliberais golpistas de 2016 (PSDB, DEM, MDB), extrema direita abrigada em siglas como Republicanos e o “centrão” de sempre governarão 85% dos eleitores dos 5.570 municípios brasileiros. É preciso entender que quem melhor sabe jogar o jogo eleitoral é a direita. Sua maior vitória na Bahia, foi impor uma derrota a esquerda nos três maiores colégio eleitoral do estado.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...