quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

ARTIGO - O general Pirro e as eleições em Vitória da Conquista (Padre Carlos)

 

 

O general Pirro e as eleições em Vitória da Conquista

                                         


Pirro, general grego, disse ao ganhar a Batalha do Ásculo (279 a.C.) que outra vitória daquela e ele estaria perdido. Referia-se ao alto número de soldados mortos e de não ter mais onde recrutá-los. Assim foi a eleição em Vitória da Conquista. Herzem venceu, mas não convenceu o eleitorado conquistense que foi uma vitória legitima e se a eleição demorasse mais, não iria sobrar asfalto ou dinheiro no tesouro municipal. Não é que tenha havido renhida disputa entre os dois candidatos. Houve, isto sim, uma  eleições atípicas, não só em função da pandemia ,que dificultou muito a mobilização da campanha mas, a forma como se deu a relação com o eleitor. A esquerda enfrentou um adversário que tinha a máquina pública na mão e segundo a oposição, utilizou de forma muito violenta e completamente fora da lei, ameaçando servidores, fazendo obras eleitoreiras, utilizando inclusive mecanismos que a Justiça deveria apurar.


Para fazer uma abordagem da eleição em nossa cidade, seria necessário avaliar o que se passa no Brasil de um modo geral, afinal não vivemos isolados em uma ilha. Desta forma, avaliando o processo eleitoral, podemos dizer que a esquerda saiu-se mal nessas eleições, mesmo com boas votações em Recife, São Paulo, Vitória e Porto Alegre. Vejamos que ela elegeu prefeitos em 12 grandes cidades de 9 estados diferentes. É muito pouco. O PT precisa entender que não é mais o protagonista da esquerda. Precisa aceitar que o PSOL deixou de ser mero coadjuvante, do contrário Boulos não teria chegado ao 2º turno em São Paulo e o PCdoB, mesmo com o pragmatismo que hoje toma conta do partido, tem demostrado que quer seu espaço na mesa.

É certo que a esquerda mantém alto capital eleitoral, mesmo considerando o comportamento volúvel do eleitor brasileiro. Considero pontual a vitória de Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém, pois ela não prova uma onda de votos à esquerda como nas eleições de 2008 e 2012. A esquerda não saiu em bloco para enfrentar as eleições municipais. Ao contrário da direita, não pensou nos cenários para 2022. Como sempre, o erro foi PT, PSOL e PCdoB se dedicarem às suas questões paroquiais, esquecendo que a luta contra o fascismo\neoliberalismo é diária independente de estarmos ou não em eleições. Resultado? Mais uma vez, a esquerda terminou fazendo o jogo da direita.


A direita venceu em Vitória da Conquista, pelo menos, se baseando em “fake News” (inseridas de vez nas campanhas), no discurso populista, com um conservadorismo reacionário flertando com a ultradireita e segundo seus adversários, na mais descarada compra de votos. Despida de qualquer pudor, a direita de Conquista foi para o 2° turno e venceu. Diante deste fato, presenciamos ACM Neto sem querer largar a mão de Herzem, o medo do carlismo é que diante desta vitória, os bolsonaristas passem a se aproximar do Mdebista. Não podemos esquecer, que os neoliberais golpistas de 2016 (PSDB, DEM, MDB), extrema direita abrigada em siglas como Republicanos e o “centrão” de sempre governarão 85% dos eleitores dos 5.570 municípios brasileiros. É preciso entender que quem melhor sabe jogar o jogo eleitoral é a direita. Sua maior vitória na Bahia, foi impor uma derrota a esquerda nos três maiores colégio eleitoral do estado.

 


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