Uma carta para os amigos
Escrever uma carta
não é moderno, é vintage,
ou poderia dizer: algo clássico, ou antigo. Já
não se escrevem cartas de amor, mas, ao contrário das cartas, o amor não
morreu. A carta é para os meus amigos, mas também pode ser para os seus. Vai
aberta, para a segurança de todos. Em tempos de coronavírus não
se lambem cartas, também a língua fica em casa.
Uma das
muitas coisas sobre as quais esta pandemia me fez refletir foi que assim como
as plantas precisam de agua e sol para alimentar-se, as verdadeiras amizades precisam também de contato, de conversa, de presença, de
olhar. Somos uma geração com dependência de celular na mão, em constante conversação, e
hoje meu amigo, não sei o que mais falar. Utilizamos o WhatsApp, o Instagram e
o Facebook para pequenas conversas, partilhas inconsequentes e pouco mais.
Utilizamos as redes para combinar a próxima vez que nos vamos encontrar. Este é
o nosso hábito e é por isso que não sei mais do que falar.
Sei que, nesta selva de
pedra, não temos tempo pra mais nada, as relações pessoais não comportam tanta
conversa, mas nas redes parece que falamos línguas diferentes. Quando toda esta
gente se multiplica em ligações, sinto-me desligado. Desculpem a minha ausência,
mas não posso estar presente. O que dói não é deixar de estar com vocês, é não
saber quando vou voltar a vê-los. E é por isso que fico longe. Longe dos olhos,
perto do coração!
Sou saudavelmente
dependente dos meus amigos. Preciso deles como as flores precisam de sol. Peço
desculpa por demorar e por me esquecer, não é falta de amor, é excesso. Um forte
abraço do irmão e amigo.
Padre
Carlos
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