domingo, 6 de dezembro de 2020

ARTIGO - Ciro Gomes tentar implodir a frente ampla (Padre Carlos)

 

Ciro Gomes tentar implodir a frente ampla

 


Recentemente alguém me perguntou: O que você acha da candidatura de Ciro Gomes a presidente da República em 2022? Minha resposta foi a de que não vejo problema em qualquer homem público em querer disputar uma eleição, pois na democracia é natural que todos os partidos possam participar do processo eleitoral. O que vejo porem na figura citada é uma sede de poder maior que um projeto de nação e ela pode levá-lo a não respeitar quaisquer limites ao escolher suas vítimas. O que Ciro e sua família esquecem, é que a sede de poder nesta selva urbana pode ser cega.

         Com um discurso de alinhamento as forças de direita, buscando caracterizar o PT como uma organização criminosa e querendo isolar Lula e seu partido do processo eleitoral, vai construindo sua estratégia e narrativa para destruir toda e qualquer hegemonia no campo da esquerda que possa dificultar seus objetivos. A lógica da república de Sobral é fragilizar seus potenciais adversários no campo da esquerda e abandonar seu antigo aliado para construir uma aliança com a direta e parte do centro

         Avaliando as eleições recentemente, ele classificou Boulos como integrante da “esquerda radical”, afirmou que o governador do Maranhão “perdeu a noção da realidade” por ter ido votar com a camiseta ‘Lula Livre’ e disse que o PT é corrupto.

Faz-se grande quem sabe pensar grande. Se a esquerda brasileira estivesse pensando como Ciro Gomes, em apenas eleição e no poder em si, e ficasse cego para os grandes problemas que se abate sobre a população, não teríamos como impedir e denunciar este projeto de direita.  Este comportamento irresponsável, só proporciona as condições para que o projeto da ultra-direita e o fundamentalismo religioso consolidem o poder e roubem as espeças que ainda resta no povo.

Desta forma, Lula não pode se dar ao luxo dos arroubos de adolescente a que Ciro vem tendo. Ele tem certeza que a única política que poderá conter este risco é promover mudanças significativas para proporcionar um crescimento econômico acompanhado com a geração de emprego e um maciço investimento em educação e tecnologia. Não existe outra forma a não ser fazer a roda de a economia girar, basta de paliativos, sem estas medidas não há saída. Como articulador Lula tem que buscar uma oposição “coesa”. Uma frente unida em prol de um objetivo comum: a derrota do inimigo comum. Todas as forças políticas oriundas dos mais diversos espectros da oposição – que não tem absolutamente nada de homogêneo – se aglutinarão nesse projeto para derrotar o fascismo

Por isto, o coronel de Sobral vem tentando de todas as formas criarem empecilho para que isto não aconteça. Assim como Ciro, pensava a Socialdemocracia alemã, ao fechar os olhos e tornasse omissa quando Hitler perseguia e exterminava os comunistas alemães. Achava estes sociais democratas, que o pós-Nazismo não demoraria e que com a saída dos vermelhos da cena política, seria mais fácil chegar ao poder. O que Ciro esquece, é que aqueles que enganam, mente e pratica a falsidade e a traição como forma de crescer politicamente, um dia terá que prestar contas aos eleitores. Esta é a lógica de Ciro Gomes e o que mais nos espanta, é que por oportunismo, setores da esquerda venham alimentando os desejos de poder deste homem. O provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” é quase sempre invocado em referência a questões políticas e nem sempre corresponde à verdade e este comportamento de Ciro termina fortalecendo o projeto da direita. Aí então começaremos a ver o desenrolar da armadilha que essa lógica do “inimigo do meu inimigo é meu amigo” sempre traz consigo.

Quando está motivado por essa lógica – que remonta a uma mentalidade tribal – que cai como uma luva no sistema político brasileiro, não se realiza alianças com “amigos”, se busca assumir o seu lugar. O que une os atores, como já vimos, é simplesmente o desejo de se derrotar um inimigo comum e para e para Ciro e alguns “companheiro”, este é sem dúvida alguma Lula e o PT. A estratégia de Ciro é criar no campo da esquerda, uma conjuntura de autofagia e lutas internas até alcançar seus objetivos.

Temos que tomar consciência que tudo o que temos passado, tem um proposito para que nos sirva de lição. Quando não há clareza de quem são verdadeiramente os nossos adversários, corremos o risco de nos comportarmos como eles. De generalizarmos nossa ética e conduta e carregar o pragmatismo como a única verdade.

A inveja é o resultado de pequenos desejos. Ela não se faz senão através de detalhes que lhe acumulam na alma: desejar algo que não é seu apropriar-se de algo que não lhe pertence, trair a confiança de um amigo, tudo isto são gestos de um covarde para ocupar o espaço do outro na história. Não são os bens nem o dinheiro que constitui a inveja. É a ganância, a arrogância, a convicção de que é mais importante e merece mais que o seu oponente.

 

Desta forma, o ex-ministro de Lula, jamais será um estadista se não tiver humildade, tem que ter noção do tamanho que é, nem maior nem menor do que ninguém. E sustentar a esperança na certeza de que só haverá colheita se desde agora se cuidar, delicada e anonimamente da semeadura. Como diz o poeta, não basta sair caçando borboletas é necessário ficar e cuidar do jardim, para que elas retornem.

 

 

Padre Carlos

 

 


  

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...