quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

ARTIGO - Procura-se um bom líder (Padre Carlos)

 


A bancada da legalidade



 As boas intenções estão presentes em equívocos e absurdos, tirando algumas vezes direitos conquistados legitimamente nas urnas. Como não podemos ser levianos, vamos tratar este caso como uma das muitas besteiras que um ser humano pode fazer. Quando o novo presidente da Câmara, Luis Carlos Dudé, solicitou o advogado Ademir Ismerim para que representasse o prefeito Herzem Gusmão na posse, com este convite estaria retirando todos os direitos constitucionais da vice-prefeita Ana Sheila Lemos Andrade e transformava aquela solenidade sem efeito legal. O vereador Chico Estrella protestou e o presidente Luis Carlos Dudé tentou controlar a situação.


A intervenção da Bancada da legalidade que contou também com o
vereador Andreson Ribeiro era garantir a posse da vice-prefeita Sheila Lemos, do Democratas sem que houvesse interferência externa ao cerimoniaria. Ao fazer seu discurso de posse como Prefeita em exercício, Sheila apresentou seu projeto de uma nova era da Política Conquistense. Ela falou da necessidade do poder municipal ter uma relação harmoniosa com o Governo do Estado da Bahia e pregou uma política mais voltada para as comunidades carentes.

Diante do fato que ocorreu na posse dos vereadores e da Vice Prefeita, não podemos negar que estamos carentes de uma grande liderança. Assim, entendo a intervenção do Vereador Chico Estrela, como uma forma de terceirizar o que não conseguimos com nossa ação política. Aliás, esta é uma falha do nosso campo por ter passado muito tempo lutando contra governos autoritários, terminamos em determinado momento não sabendo diferenciar oposição de esquerda e terminamos deixando que outros quadros assumam o papel que lhe cabe, o que precisamos entender já no inicio desta legislatura é que não existe vácuo no poder ou na liderança, se alguém da esquerda não assumir, outra pessoa vai ocupar esse espaço’.

Quando levanto estas questões, quero dizer que sinto falta no nosso campo de uma liderança política com capacidade de colocar-se à frente dos processos políticos, conduzindo-os e fazendo-se seguir por outros indivíduos. Este quadro precisa ter percepção do momento histórico em que se vive a elevada consciência das circunstâncias, a perspicácia de ação, e habilidades de relacionamento que levam à persuasão de um amplo grupo; por fim, um militante que não seja uma coreia de transmissão da sua tendência ou agrupamento. De uma forma geral, políticos com estas características estão em falta no mundo inteiro e sua ausência se sente no Brasil e de um modo particular em nossa cidade. 

  


Há uma situação de crise no nosso campo político e isto ficou evidente na campanha e na incapacidade de discernir o recado que o eleitorado sinalizava. Vale dizer, para usar uma metáfora, que a condição atual da oposição e da esquerda é a de um homem perdido na floresta: é preciso encontrar uma saída. Mas não partimos de um marco zero, temos uma história e um projeto que foi vitorioso por duas décadas nesta cidade.

 


ARTIGO - Quando não se cumpre as regras inviabiliza a democracia (Padre Carlos)

 

Herzem toma posse nesta sexta-feira


 

Nesta eleição, houve candidatos a prefeito e vereadores (e apoiantes) que acharam que a democracia é um jogo sem regras. Quando essa convicção se confirma, não só entre alguns políticos, mas entre os próprios eleitores, a democracia torna-se inviável se não houver legitimidade do candidato eleito. Há duas formas de lidar com isto: ou se impede este “político” de jogar ou se garante que cumpra as regras. A solução jamais seria dar posse sem que antes fossem apuradas todas as denuncias de crimes eleitorais.


Estes foram os motivos que levaram a oposição pedir ao juiz da 039ª Zona Eleitoral de Vitória da Conquista para encaminhar à Polícia Federal (PF) um pedido de apuração de possíveis crimes eleitorais na disputa pela prefeitura de Vitória da Conquista em 2020. Foram tantas denuncias por parte da população, que pensávamos que a Polícia Federal não teria tanta dificuldade de constatar e chegar a uma conclusão. Um dos casos que chamou a atenção da comunidade foi uma denuncia do uso indevido de prédios públicos para uma reuniões com fins políticos, mais precisamente o Planetário Professor Everardo Públio de Castro, pelo secretário municipal de Educação, o seu irmão, um vereador recém-eleito, e servidores. E a Câmara Municipal de Conquista, em evento que contou com a presença do candidato no último dia 7 de novembro.

As denúncias relacionadas neste processo e que diz respeito ao período do segundo turno tratam também de uma suspeita de troca de votos por regularização fundiária, realizado por servidores que atuam na Coordenação de Habitação da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Vitória da Conquista.


Não quero ser leviano, mas para afirmar que não há nada contra Herzem, nada que mostre irregularidades em sua campanha e nem que desabone sua conduta de lisura na disputa eleitoral, não basta bravata é preciso esperar o final das investigações. Enquanto isto pesa sobre nossas cabeças a legitimidade deste mandato.

 

 


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

ARTIGO - A importância do voto de Valmir Assunção (Padre Carlos)

 

A importância do voto de Valmir Assunção

 


Alguns blogs da capital e do interior noticiaram a reunião do PT nacional divulgando como se quem votou em apoiar a candidatura de Baleia Rossi fosse um erro político. Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que não existe outro caminho concreto para o PT, em termo de política, que não seja neste momento o apoio à candidatura de Baleia, para presidente daquela casa.


A pergunta que deveriam fazer não era porque a maioria do partido votou pelo apoio, mas, por que temos que ser pragmático?  Se o partido lançasse um candidato com o Psol, poderia marcar uma posição, jogaria para torcida, mas, não estaria fazendo o seu trabalho no parlamento, que é fazer política. Não gosto de Baleia e sei que ele não é confiável, porém é necessário fazer política marcando uma posição já no primeiro turno e comprometendo a nova Mesa, uma agenda onde a esquerda possa existir de fato e de direito.

Confesso aos senhores que achai a dissidência maior do que esperava e os 23 votos que representa esta posição são de parlamentares e militantes sérios e que aceitarão a decisão da maioria. Sei que os companheiros de legenda sabem que o apoio a Baleia, esta condicionado a um compromisso programático e uma ação parlamentar que não deixe o PT de fora das grandes pautas. Temos que manter a oposição unida e isolar o partido era a intenção de parte de alguns antigos aliados. Vamos com isto, fazer parte da mesa diretora e assumir o segundo cargo mais importante daquela casa, que é a primeira Vice-Presidência ou a Primeira Secretaria da Casa. Este cargo será fundamental não só para o PT, mas, para toda a esquerda. Vamos a partir desta posição, participar de todas as reuniões que a direção da Câmara fizer e não ficaremos mais de fora das grandes pautas como aconteceu com o mandato de Rodrigo Maia.

Temos que entender nossos representantes e não criticar por estarem fazendo política, quando participamos da elite das discussões é fundamental deixar de fora as bravatas do antigo líder estudantil e olhar a sua volta a conjuntura e como os nossos aliados estão se comportado.


Cada partido tem uma perspectiva e isto é definido pelo tamanho da sua bancada e com o PT tem o agravante da hegemonia no campo da esquerda. Não podemos comparar as escolhas do PSol, com a responsabilidade que tem o partido com a maior bancada e capacidade de decisão. Porque somos pragmáticos e não vamos deixar o fascismo ocupar mais este poder da República e do Estado brasileiro é que alguns podem se dar ao luxo de marcar posição e não se sentir responsável se Artur Lira e a ultradireita chegar ao Poder Legislativo.

 

 


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ARTIGO - As elites brasileiras negociam compra de vacina da Índia para furar a fila (Padre Carlos)

 

As elites brasileiras negociam compra de vacina da Índia para furar a fila

 


 

A pandemia e a luta pelo direito a vida termina levantando temas éticos e morais no comportamento do governo e na medicina privada quando questiona a seleção de prioridade e o poder das elites furarem esta fila com a vacina da Índia. A disputa entre o Governo de São Paulo e o Governo Federal, acaba de ganhar um novo componente, o setor privado da medicina brasileira. Não se trata mais se o imunizante será da Coronavac, vacina desenvolvida pela China com participação do Instituto Butantan, ou a covax do laboratório americano da Pfizer, o que esta em jogo neste momento, é os milhares de dólares da vacina que a rede privada quer trazer da Índia, para vender aqui no Brasil. Desta forma, precisamos levantar a questões éticas e morais com relação ao diversos dilemas que precisam ser debatidos nessa questão.


Como professor de filosofia, é meu dever chamar a sociedade para avaliar este problema que envolve a ética e a moral do setor público e dos seus representantes.  Precisamos ter certeza que quando chegar a hora de aplicar a vacina na população, já tenha um modelo que garanta o menor número de mortos e seja mais justa e focada principalmente nos grupos de maior risco sem que haja uma diferença de renda entre quem será vacinado primeiro e quem será depois.

Não podemos esquecer que a universalidade é um dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) e determina que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, têm direito ao acesso às ações e serviços de saúde. Como fica a adoção desse princípio fundamental com uma vacina paga? A Constituição Federal de 1988 representa para o povo brasileiro uma grande conquista democrática, ela transforma a saúde em direito de todos e dever do Estado. 


As autoridades jurídicas e o Ministério da Saúde terão que entender uma vez por toda que seu papel não é de mediador mas, de protetor da população e assim, criar mecanismos para que a venda da vacina neste primeiro momento seja exclusiva para o Governo Federal e os Governos Estaduais. Só assim, poderemos inibir qualquer tipo de interferência no poder econômico. Com um planejamento de distribuição em todo o território nacional e constatado que o imunizador tenha chegado na rede pública,  poderemos  em uma segunda fase com ampla disponibilidade da vacina,  admitir uma disponibilização para rede privada.

 

ARTIGO - Nossos “Supremos Erros” (Padre Carlos)

 


Nossos “Supremos Erros”

 


Não podemos negar, que em todo governo há bem e mal. Sabíamos dos riscos que uma coalizão partidária poderia causar ao nosso projeto. A história não segue uma estrada, perde-se em milhões de caminhos que nem à distância conseguimos mapear. Há certo e errado, não há uma caminhada para o bem. Vejam quantos avanços o nosso governo proporcionou a este país em quatorze anos de governo. Mesmo assim, precisamos aprender com o passado a não cometer os mesmos erros no futuro.


Na expressão popular: Colocar o dedo na ferida é tocar em um assunto delicado e muitas vezes para proteger a direção partidária, não mencionamos de forma clara que cometemos alguns erros e que alguns destes foram decisivos para o desfecho desta trama. Não estamos militando no Partidão da década de cinquenta quando todas as decisões eram centrada na “infalibilidade” do Secretário-geral e no “culto à sua personalidade” Uma das características do culto à personalidade é a crença na infalibilidade do líder. Todos nós somos passivos de erros e o próprio Lula já disse isto.

 Assim, entendo que já passou da hora de levantarmos algumas questões que sempre ficaram como tabu e não foram ainda reconhecidas como erros no nosso governo, por isto vamos enumerar algumas delas:

Ao descuidarmos das indicações para Ministros do Supremo abrimos mão de qualquer tentativa de buscar na justiça uma política de retaguarda na legalidade.

Estava sob-responsabilidade da Presidência – a indicação de vários cargos na Polícia Federal e a indicação do Procurador Geral da República e colocamos nas mãos de sindicatos e associações corporativas, ligada a direita e a um grupo que se acha donos do Estado.

         Fomos coniventes e imprudentes na indicação de nomes do centrão que sabíamos que tinha um currículo nada republicano para os cargos na Petrobras.

Mais que isso, cometemos dois erros fatais: na indicação da  sucessão de Lula e ao abrir mão de não colocar nosso maior líder para concorrer nas eleições de 2014.

São estes Supremos Erros, que motivaram e me deixaram incômodo quando percebi que o Supremo tem ampliado cada vez mais uma ação exorbitante das suas competências. Passou do ativismo e da militância para um autoritarismo judicial e contra este não temos a quem recorrer.


O PT precisa entender que o grande problema de errar, é ver nos erros um fracasso de onde nenhuma lição se pode tirar. Foram os  nossos erros e acertos, que tiraram milhões de brasileiros da linha da miséria e deu dignidade a este povo. Muitas vezes nos apegamos tanto aos erros, que passamos a vida tentando corrigi-los sem nunca parar para pensar o que podemos aprender com os erros e como acertar da próxima vez.

 

 

 


domingo, 3 de janeiro de 2021

ARTIGO - O corona fest de Neymar (Padre Carlos)

 

O corona fest de Neymar

 


 

            Causou-me uma profunda tristeza ao constatar através das notícias que Neymar estaria preparando uma confraternização de grandes proporções, com direito a cerimonial e shows musicais. O megaevento programado por ele no complexo de sua mansão em Mangaratiba, litoral do Rio de Janeiro, reavivou o debate sobre as festas de fim de ano no Brasil. Quando o país se aproxima da marca de 200.000 mortes por covid-19 e a curva de infectados volta a acelerar perigosamente na maioria dos Estados, nem mesmo celebridades como principal jogador brasileiro em atividade se furtam em promover aglomerações por meio dos tradicionais encontros de Natal e Réveillon.


Não podemos negar que a fama transformou este atleta num modelo seguido por milhões de pessoas. E que, nesta condição, tem a obrigação de inspirar comportamentos edificantes. Talvez ele até quisesse apenas jogar futebol e não se tornar um ídolo. Pode ser, mas a verdade é que grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Num país carente como o nosso, castigado pela fome e o desemprego, é fácil virar ídolo das multidões, principalmente quando se tem algum talento, especialmente como cantor ou jogador de futebol. A fama, porém, não é gratuita. Artistas e profissionais de diversa área das artes precisam entender que não devem ser apenas referências para a sociedade, mas exemplos positivos. Num momento em que centenas de pessoas morrem diariamente de Covid-19 e quase 200 mil famílias já enterraram um ente querido, assim, alguém deveria dizer para este “ídolo”, que qualquer aglomeração é um perigo. O distanciamento social é comprovadamente a melhor forma de frear a pandemia.

Assim, fica cada vez mais claro que somos verdadeiramente um país de Macunaímas (o herói sem caráter, lembram?), pois ao aceitarmos passivamente esse estado de coisas erradas que aqui acontecem somos, pelo menos, coniventes.


Quando em 2010 o técnico René Simões chamou Neymar de mostro, ele profetizava o que os dirigentes e a imprensa vêm fabricando dentro e fora de campo. Não endosso as palavras do treinador, mas, não posso negar que este comportamento diante de uma pandemia, é inaceitável para um ídolo que deveria ser referência para toda a nação. Estamos vivendo uma glamourização do “comportamento desprezível e de repente”, o bom menino, o herói, o ídolo cantado em versos e prosas, se transforma num “bad boy” exibindo um comportamento contraditório: ao mesmo tempo em que não liga para a segurança e a felicidade alheia, fica incomodado quando os outros o trata da mesma maneira que um pobre mortal. Ele mostrou um lado rebelde, que vem desgastando sua imagem e fazendo perder patrocínio e respeito das pessoas que ainda admiram o seu futebol.

 

 

 

 

 

 


sábado, 2 de janeiro de 2021

ARTIGO - Luis Nassif o Cabra Marcado para Morrer (Padre Carlos)

 Luis Nassif o Cabra Marcado para Morrer

 


Quando escrevia este artigo me lembrei das palavras de um antigo militante do jornalismo: Sem medo, doa a quem doer, porque a liberdade de imprensa é um bem tão precioso como o ar que respiramos.


Neste momento em que o jornalismo e a liberdade de expressão vêm sendo golpeada, quero prestar com estas palavras toda minha solidariedade a Luis Nassif. Este grande jornalista brasileiro, denunciou e deixou claro para o país, que está sendo vitima de uma perseguição que ele e o portal GGN vêm sofrendo por parte do judiciário. A matéria que tem como título “Estou juridicamente marcado para morrer” conta algumas das dificuldades enfrentadas pelo jornalista, como bloqueios de contas que o impedem até mesmo de acessar sua aposentadoria e alguns dos casos jurídicos em que o judiciário o perseguiu por fazer jornalismo.

Há uma clara perseguição e tentativa de manipulação da verdade. Só quando conhecemos os fatos, passamos a entender o que, Luis Nassif quer dizer com a seguinte afirmação: “eu estou marcado para morrer por críticas que faço ao Judiciário, cumprindo minha função de jornalista”, denunciando a conduta de juízes militantes.

Estes Juízes tem deixado claro que estão comprometidos ideologicamente, afastam-se do direito oficial e proclamam um direito achado nas ruas. Acaso o Brasil criaria outro modelo? Este é o juiz militante que o brilhante jornalista se refere. Esse juiz, mais do que comprometido ideologicamente, age como o soldado de um partido. E faz da toga a farda para defender sua legenda partidária.

À direita e seus tentáculos no Estado brasileiro, está sendo acusada de atentar contra o Estado de Direito, sua estratégia consiste em remover vozes incómodas de alguns jornalistas investigativo e não podemos nos calar diante de tal agressão. Por não aceitar a forma como a verdade vem sendo manipulada, o jornalista Luis Nassif  tem sido alvo de uma intensa pressão por conta de matérias que denunciam à direita e membros do próprio judiciário.

 

Gostaria de chamar a atenção dos homens de bem deste país, que essa é uma linha vermelha que nunca foi ultrapassada, na Nova República, mesmo tendo uma imprensa golpista, o jornalismo é mesmo com suas imperfeições a ultima fronteira que divide a civilização da barbárie e se for violada com a perseguição ao jornalista Nassif, irá escancarar de vez a perseguição à imprensa livre.


Nestes dias venho acompanhando estas ações e tenho colocado este e tantos outros jornalistas em minhas orações, afinal temos testemunhado a perseguição que Jesus sofreu e como Ele foi julgado ferozmente, mesmo sendo inocente. Talvez este seja o verdadeiro sentido das palavras de Ruy Barbosa: A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.

 


 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...