segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ARTIGO - As elites brasileiras negociam compra de vacina da Índia para furar a fila (Padre Carlos)

 

As elites brasileiras negociam compra de vacina da Índia para furar a fila

 


 

A pandemia e a luta pelo direito a vida termina levantando temas éticos e morais no comportamento do governo e na medicina privada quando questiona a seleção de prioridade e o poder das elites furarem esta fila com a vacina da Índia. A disputa entre o Governo de São Paulo e o Governo Federal, acaba de ganhar um novo componente, o setor privado da medicina brasileira. Não se trata mais se o imunizante será da Coronavac, vacina desenvolvida pela China com participação do Instituto Butantan, ou a covax do laboratório americano da Pfizer, o que esta em jogo neste momento, é os milhares de dólares da vacina que a rede privada quer trazer da Índia, para vender aqui no Brasil. Desta forma, precisamos levantar a questões éticas e morais com relação ao diversos dilemas que precisam ser debatidos nessa questão.


Como professor de filosofia, é meu dever chamar a sociedade para avaliar este problema que envolve a ética e a moral do setor público e dos seus representantes.  Precisamos ter certeza que quando chegar a hora de aplicar a vacina na população, já tenha um modelo que garanta o menor número de mortos e seja mais justa e focada principalmente nos grupos de maior risco sem que haja uma diferença de renda entre quem será vacinado primeiro e quem será depois.

Não podemos esquecer que a universalidade é um dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) e determina que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, têm direito ao acesso às ações e serviços de saúde. Como fica a adoção desse princípio fundamental com uma vacina paga? A Constituição Federal de 1988 representa para o povo brasileiro uma grande conquista democrática, ela transforma a saúde em direito de todos e dever do Estado. 


As autoridades jurídicas e o Ministério da Saúde terão que entender uma vez por toda que seu papel não é de mediador mas, de protetor da população e assim, criar mecanismos para que a venda da vacina neste primeiro momento seja exclusiva para o Governo Federal e os Governos Estaduais. Só assim, poderemos inibir qualquer tipo de interferência no poder econômico. Com um planejamento de distribuição em todo o território nacional e constatado que o imunizador tenha chegado na rede pública,  poderemos  em uma segunda fase com ampla disponibilidade da vacina,  admitir uma disponibilização para rede privada.

 

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