domingo, 7 de fevereiro de 2021

ARTIGO - A vida é o bem maior (Padre Carlos)

 


A vida é o bem maior

 


O município que até alguns meses atrás se vangloriava de ter a pandemia controlada em comparação com outras cidades do nosso estado é o mesmo que hoje vive uma explosão do Coronavírus. Não podemos negar que o número de óbitos e de pessoas infectadas tem aumentado de forma assustadora e o mais preocupante é que estes indicativos não têm sensibilizado os nossos representantes.


Os apelos dos profissionais que estão na linha de frente, não estão sendo colocado em prática pelo comitê gestor que junto com o Concelho de Educação, pensam em retornar as aulas presencias, antes destes profissionais e alunos serem vacinados. O problema está descontrolado e os hospitais estão cada vez mais com sua capacidade sendo colocada a prova a todo o momento. Porem gostaria de chamar a atenção dos responsáveis por esta decisão, que não se trata apenas de vagas em UTIs, e sim de uma doença que ainda não se sabe a capacidade de mutação deste vírus. Não existe um remédio que possa levar a cura. O certo é que o covid-19 esta matando cada vez mais jovens sem morbidade.  As filas de ambulâncias à porta dos hospitais tem mostrado  à evidência que se ainda não entrou em colapso, poderá entrar se algumas medidas forem tomadas sem um devido discernimento. Sejamos realistas: o município tem relaxado as medidas a cada mês. É isso que tem proporcionado o aumento dos números de infectados em nosso município. Foi o comportamento de algumas autoridades em lugares públicos que fizeram a população a não levarem a sério os protocolos nas comemorações do Natal, bem como no Ano Novo.

E as escolas? Os profissionais da área de saúde têm chamado à atenção das autoridades do risco das aulas presenciais neste momento de pico. Não podemos esquecer que só na rede pública colocaríamos em circulação 45 mil alunos que são atendidos na Rede Municipal de Ensino, 1.791 professores, mas uns 15 mil entre professores e alunos da rede privada, poderíamos dizer que manter neste momento as escolas abertas, colocaríamos mais de 60 mil pessoas em movimento e mesmo com todos os protocolos seguidos, seria difícil manter o vírus confinado. O momento não é propício para politizar esta conjuntura nem tão pouco para atender reivindicações de empresários.

 


Este assunto estar no topo das decisões política e acredito que será uma tarefa difícil e demandará coragem para defender o povo, mas é nestas ocasiões que se revelam os verdadeiros líderes. Muito provavelmente o Governo terá de ir mais longe nesta questão porque se é verdade que a democracia é um bem inalienável, o certo é que o primeiro bem que precisamos defender é a vida. Não há valor maior.

 

 


sábado, 6 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Nossa geração fez a diferença! (Padre Carlos)

 


 

 

Nossa geração fez a diferença!

 


Sempre é um prazer conversar com amigos e um deles é o Dr. Afrânio Garcez, afinal amigo é aquela pessoa com quem conversamos sem reservas, independente da hora ele sabe oferecer o aconchego do seu coração sem pedir nada em troca, e quando ele precisa sabe que pode fazer o mesmo sem objeção.  Assim, eu e meu amigo, quando conversamos fazemos uma vagem no tempo e na história. Outro dia lembrávamos que decorridos tantos anos do fim da ditadura, observávamos que a geração da utopia está partindo e a nova moçada não está sendo capaz de produzir novas narrativas utópicas. Somos todos prisioneiros do presente e das suas dinâmicas.

 


A música do compositor cearense poderia servir, perfeitamente, como pano de fundo daquela conversa o percurso da geração que lutou contra o regime militar e numa viagem no tempo, fazer esta travessia do passado para o presente.

Eu com aquele meu jeito professoral perguntava a ele, como resgatar a nossas lembranças como seria uma abordagem junguiana da nossa memória coletiva e histórica, através do retrato de uma geração da qual fizeram parte muitos dos líderes estudantil e operário, de uma juventude forjada no movimento político Falei da minha militância no movimento estudantil e no PC do B, falei também da minha amizade com Valdélio o DCE e a (Viração), do racha do partido da fundação do PT e de minha aproximação com o 113 através de Wagner e Zezeu, ele por outro lado falava dos contemporâneos e da luta e citava com orgulho, os amigos, Bira Mota, Edmilson Gonçalves, Mara Porto, José Carlos Latinha, Pedro Massinha, 

 

É verdade amigo, a geração da utopia era constituída por estudantes de uma elite e da classe média que se encontravam nas metrópoles, muitos dos quais vivendo em residências estudantil e apesar da militância não traduzir na verdade um rompimento de classe lutava por democracia e todas as bandeiras que levaram ao fim do regime. Eram jovens promissores que pretendia através da profissão como você que fez do direito um sacerdócio, fizer a diferença, mesmo fazendo parte da elite local, abraçou a causa dos mais pobres dessa terra. O bom disso tudo é que parte desta geração tinha ambições de natureza sociopolíticas completamente diferentes da sua classe e foi este universo coletivo, que incorporado aos novos movimentos operário, passaram a fazer parte de uma nova narrativa para o país. Assim, fizeram dos seus sonhos uma utopia política. Estes jovens, já tinham mergulhado em lutas que não eram a via democráticas e aprenderam da forma mais cruel e dolorosa que a democracia era a via transformadora.

          A construção de uma esquerda, o movimento sindical e popular, a luta pelas diretas e o fim da ditadura, tiveram o papel de carregar, este lastro utópico, no sentido de um país mais justo e livre para todos os brasileiros.

         Neste momento a ficha caiu e assim olhei para meu amigo e falei: sabe companheiro, depois de tantos anos do fim do regime militar, observo que essa nossa geração está deixando a arena depois de combater o bom combate e os novos quadros da esquerda, não estão sendo capaz de produzir novas narrativas utópicas. Dando, sim, lugar a uma geração sem compromisso com seu passado, perdendo, deste modo, um referencial de luta e protesto, sem motivação para o enfrentamento com os regimes.

          Eu confesso meu amigo que também temos um pouco de culpa em está passando uma realidade presente para esta geração sem espaço para utopias, porque as necessidades materiais imediatas passaram a determinar as nossas ações presentes.

       Assim Afrânio, o nosso discurso que foi marcado durante todos estes ano, por uma visão sustentada por um tom utópico, é descrito como sendo irrealista e fora da realidade concreta. Ou seja, deixou de se alimentar uma possibilidade de futuro utópico porque somos todos prisioneiros do presente e das suas dinâmicas.

Desta forma chegamos depois daquela conversa à conclusão que as utopias que nortearam nossas ações são lembranças destes jovens que se despedem do picadeiro da vida e esperam que tenhamos força para dar continuidade as suas lutas.

         

          


 

 

 


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Sem líder, sem estratégia! (Padre Carlos)

 


Sem líder, sem estratégia!




 

Quando estudamos filosofia passamos a entender que estratégia significava inicialmente a ação de comandar ou de conduzir exércitos em tempo de guerra. Representava, portanto, um meio de vencer o inimigo, um instrumento de vitória na guerra e mais tarde estendido a outros campos do relacionamento humano. E, no contexto político e no nosso caso, parlamentar, a estratégia mantém em todos os seus usos a raiz semântica, qual seja, a de estabelecer caminhos. 


Para definir uma estratégia de ação para oposição, seria necessário que ela fosse realista e tivesse consciência da conjuntura de que se parte, avaliando os pontos fortes e os pontos fracos. Só com esta visão estratégica se pode potencializar o trabalho de equipe que uma bancada tem como objetivo. Infelizmente, não vejo na proposta da bancada de oposição, qualquer rumo ou qualquer estratégia para um futuro coletivo. Apenas reconheço um conjunto de medidas isoladas, fruto da militância individual que não representam um projeto para o bloco. Sem uma estratégia definida e com táticas bem diferentes, cada mandato busca conquistar seu espaço, esquecendo que um time não deve ter estrela, mas uma ação conjunta.

Por isso, para refletir sobre os desafios de uma estratégia para oposição, precisamos também se projetar para um cenário de crise sanitária e econômica. Por isto, o PT e os partidos de oposição precisam se tornar naquela casa uma oposição construtiva - mas dura incisiva e implacável para com as falhas deste governo e olha que são muitas!  Uma oposição que não é pautada por birra nem por simples vontade de destruir, mas, sim, com base em argumentos e em nome do programa que apresentamos aos conquistenses.

Além da ausência de sentido estratégico e da falta de uma liderança que fica cada vez mais evidente com as ações isoladas da oposição, decisões estas de caráter individual, termina esvaziando estes eventos e não dando a devida importância para determinadas lutas. Diante disto, não podemos deixar de se preocupar com uma agenda, uma estratégia e o seu rumo, como cabe ao maior partido do bloco. O que eu quero dizer com isto é que o papel do líder da oposição é fundamental para conseguir atrair para esta casa temas importantes que estão sendo esquecido como o transporte clandestino na nossa cidade, o assalto aos cofres públicos com o contrato sem licitação de empresa de assessoria contábil, os professores e o retorno às aulas sem a vacina, os bares e comercio sendo abertos em meio à pandemia, suposto crimes eleitoral ou sendo cooptado pela situação, como o aumento dos combustíveis.


Desta forma, precisamos definir o mais rápido possível nossa Estratégia e definir, dentro da Câmara, quais são os principais objetivos e qual a pauta que queremos impor ao governo Herzem. Quais as metas a serem alcançados em determinado espaço de tempo, para conseguir este objetivo? Além disso, precisamos saber quais ações e recursos estarão disponíveis para que possamos mesmo com um número inferior pautar nossa agenda naquela casa.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Votação do PT na Cidade é motivo de reflexão (Padre Carlos)

 

A luz do conhecimento

 


 

Entre as recomendações de Maquiavel até hoje adotadas como referência nos meios políticos, uma é fundamental para entendermos os resultados das ultimas eleições em nosso município. Ensinava o pensador italiano que o príncipe audaz deve tentar “dividir para governar” (ou reinar). “Divide et impera” – orientava ele.


Muitas vezes as análises e as avalições políticas não são leva a serio pela direção partidária e pelas correntes e os agrupamentos, por acharem que se trata de um contra ponto na disputa interna do partido. Precisamos entender as razões da votação dos dois períodos. Como o nosso candidato caiu de desempenho no segundo turno, quais urnas foram mais evidente esta mudança e quais os motivos que poderiam justificar esta perda expressiva de votos nessa eleição nas urnas da área urbana. Porque as pessoas que votaram em Zé Raimundo, mudaram de opinião em menos de trinta dias?

Confesso aos senhores que nunca fui apaixonado por números, não tenho nenhuma aptidão para exatas, minha praia mesmo é humanas, mas ao receber o estudo desenvolvido pelo professor Wilton Cunha sobre os números das urnas nos dois turnos de forma que pudéssemos entender o momento e a localização espacial daqueles votos, pude entender como seria importante traduzir para o eleitor e para a esquerda de um modo geral, o que representava e o que eles querem dizer sobre nossa ação política.

Não vou me prender aos números, deixo esta tarefa aos profissionais desta área, trabalharei aqui as questões de cunho político e filosófico, tendo com pano de fundo o estudo citado.

Quando fiz referencia no início do nosso artigo a celebre frase de Maquiavel, estava chamando a atenção para o fato da importância desta estratégia, apesar de ser muito antiga, tem uma eficácia tal, que a sua utilização perdura ainda nos tempos de hoje.
Não quero com isto dizer que o ciclo petista no nosso município se deu única e exclusivamente em decorrência desta estratégia. Mas não podemos negar que tudo começou a dá errado para Frente Conquista Popular, quando não soubemos valorizar estes quadros que estavam integrados ao nosso projeto, nem criamos uma política de valorização para mantê-los nas nossas fileiras. Assim, pudemos ouvir do nosso adversário em 2016, que sua campanha sem este apoio não teria chances reais de se eleger.

Nosso erro foi achar que a direita não iria se reagrupar e não entender o que estava acontecendo debaixo de nosso nariz foi uma falha imperdoável. Existe uma corrente na Psicologia que traduz bem para os leitores este fato e mostra de forma clara a perda de potencial que decorre da divisão de um todo: “o todo é maior que a soma das partes” espelha que verdadeiramente juntos, e em conjunto, seriam melhores, mais capazes, mais fortes.  As partes isolam-se, ou somam-se simplesmente, quando o seu “todo” seria bem maior – É uma estratégia que a direita tem usado no nosso município nas duas ultimas eleições e que tem funcionado para servir os interesses de uma elite que estava gasta de ideias e ferida de princípios éticos e morais.

Quando levanto estas questões, não me refiro só às táticas da direita para manter-se no governo, falo também que além de manter um controle soberano sobre as populações, também podem ser aplicada ao partido e a qualquer instituição, quando em uma campanha se joga com interesses de partes, partes que juntas e em união poderiam ser capazes de causar uma oposição forte e perigosa a determinadas correntes – uma oposição indesejável para aqueles que querem dividir para governar.

Mas temos também que botar o dedo na ferida e buscar entender como entramos em uma pré-campanha com todos indicativos apontando para uma vitória, e com as pesquisa favoráveis, inclusive com uma folga de dois dígitos, conseguimos o que todos analistas achava difícil, perder as eleições. Como a coordenação conseguiu desfazer com seu planejamento esta vantagem? Lembro-me das antigas propostas quando fazíamos o tal laboratório para entender e planejar a campanha acredito que naquela época havia um brilho nos nossos olhos, que hoje não existe mais. Temos que admitir que não fizemos uma análise da conjuntura do que estava de fato acontecendo durante a eleição, estávamos sendo desidratado eleitoralmente desde o primeiro momento da campanha e por isto, não tivemos capacidade de reverter o quadro que se formou na ultima semana do segundo turno. Esta deveria ser o papel da coordenação: a agilidade para reverter um quadro inesperado, as estratégias de linguagem, a preparação do candidato que devido à idade e correndo o risco de ser infectado pelo coronavírus, teve limitada sua ação.

Durante as duas ultimas décadas, houve um revezamento entre dois grupos que não se preocuparam em renovar suas lideranças nem proporcionar outros grupos no partido a terem vida própria. Esta conjuntura que se formou em 2007, tinha como rubicão entre estas duas forças o Governo do Estado e a Prefeitura, fazendo com que as lideranças e quadros que não faziam parte desta divisão partissem para uma diáspora deixando Conquista. Até hoje esta política é colocada em prática, impedindo o surgimento de novas lideranças.  Essas coisas cansam. Podemos citar como exemplo o pedralismo ou o carlismo.  Há uma lógica de fadiga e se não soubermos trabalhar uma renovação de verdade, estaremos condenados a fazer parte da história. Ao longo das duas últimas décadas, houve um esgotamento do projeto petista, que não se renovou de forma a responder novas demandas da sociedade.


Outro ponto que deveríamos abordar foi à relação com nossos parceiros, o PSB e o PCdoB. Temos que entender que ser força hegemônica em um projeto, não significa ser a única corrente com capacidade de sobrevivência. Para manterem-se competitivos eleitoralmente estes partidos tiveram que abrir mão de projeto interno, não recebendo apoio das lideranças do nosso partido com sua estrutura ou mesmo a solidariedade de quem coordena o processo. Nosso papel como força hegemônica era fortalecer a esquerda e o centro. Deveríamos ter estendido a mão para o PSD da cidade, para o PV e para as forças de centro.

Como é possível que um partido que participa do Governo estadual há 14 anos e administrou nossa cidade por duas décadas, ter um desgaste tão rápido da sua imagem como foi constatado. Enquanto acharmos que somos autossuficientes e não precisamos de ninguém para por em prática nosso projeto; se não deslocar a base da direita de verdade; se não pensarmos em governar com uma coalizão de partidos, não chegaremos a lugar algum.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

ARTIGO - “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”. (Padre Carlos)

 

“Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”.

 




Uma das coisas que lembro bem do meu tempo de criança são as palavras de meu pai dizendo estas expressões: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”. Ele sempre se referia aos políticos quando se utilizava destes ditados. Sempre tinha um propósito aquelas falas do meu pai, pois em sua sabedoria de homem simples já chamara a atenção de seus filhos para os desvios das virtudes e ética que leva este comportamento danoso dos representantes do povo na vida pública do nosso país. E olha que estamos falando do período de uma ditadura que se transvertia de honesta.


Hoje, já sexagenário, constato a realidade de suas percepções. De fato, os escândalos que a imprensa divulga relacionados com a corrupção no Brasil são deveras impensáveis e inacreditáveis, tamanhas a dimensão desmedida em valores monetários desviados e a atitude cínica e desavergonhada de seus autores que quando são questionados, partem para ofensas à mídia.

O jornalismo investigativo vem expondo nos últimos anos as rachadinhas, compra de votos na eleição e os Leites Moça produzido por este governo. Com esta atitude, ela devassa a representação da elite e descobre que não são diferentes, os poderes atuam como se fossem uma só entidade, todos mancomunados nos mesmos objetivos: manter os privilégios, aumento salarial acima da lei, ganhar eleições, manter o poder, sustentar o tráfico de influência e enriquecer ilicitamente.

Este tipo de comportamento comum explica o: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”, pois o modo de agir é o mesmo. A promessa eleitoral que não cumpre a negociata para a aprovação de projetos contrários aos interesses populares, à propina instituída às escondidas e tantos outros descaminhos. A pertença aos diversos partidos não os torna diferentes, pois nem professam a ideologia partidária que serve apenas para constar dos seus estatutos, o que justifica o ditado: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”.

Se a classe política já não era tão bem vista à época em que os órgãos da imprensa era adesista ou amordaçado, sem este filtro ela caiu em total descrédito, é claro que toda regra tem exceções, mas a verdade é que fica difícil colocar a mão no fogo, quer sejam deputados federais ou senadores, deputados estaduais ou vereadores, governadores ou presidente, em que se possam confiar sinceramente. Estão todos lá porque é preciso que os cargos públicos sejam ocupados, mas desacreditados por seus eleitores, que não encontram pessoas honestas e comprometidas com a paz e a justiça social para colocarem em suas mãos os destinos da nação.


Algo, porém, é certo e bom. O povo começa acordar apontando nas ruas a necessidade de que os dejetos necessitam ser despejados. A limpeza se faz imprescindível, para que a nação possa respirar naturalmente livre. As futuras gerações não podem ser herdeiras de uma cultura sedimentada no negacionismo do Aquecimento Global, dos grupos anti-vacina e, mais recentemente, o movimento terraplanista. É preciso mesmo que façamos valer as estrofes do nosso hino nacional, de que nossos bosques tenham mais vida e em seu seio mais amores, a fim de que nossos descendentes possam viver em solo esplêndido e em comunhão com a justiça e a solidariedade humana.

 


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Numa eleição de tubarão baleia é arraia miúda (Padre Carlos)

 

Numa eleição de tubarão baleia é arraia miúda

 





Nenhum ditado popular explica tão bem o resultado das eleições na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, como este: "Em terra de cego quem tem um olho é rei". Ele mostra a movimentação das grandes oligarquias e revela que existe um realinhamento das elites com a ultradireita, devido à formação de uma conjuntura polarizada entre a esquerda e a direita na próxima eleição.


Daqui até o próximo pleito, o país vai passa a viver um clima de tensão entre as forças democráticas e as tenebrosas transações que o executivo será obrigado a fazer para se manter no cargo. Ao perder uma parte da direita e das elites que esta representa o Governo demostrou que está sem força, sem autoridade e sem norte. Numa degradação irreversível, que já nem uma reforma ministerial conseguirá inverter.

 

Temos que entender que desta vez será diferente. Para compreender a conjuntura para a eleição de 2022, temos que somar à pandemia e à crise económica e social, o resultado disso é a tempestade perfeita. Acrescentando a estas duas crises o risco da ingovernabilidade política e a forma como o governo Bolsonaro vai ser refém destes grupos.

 

O problema mais sério ainda é que o governo por não ter uma base sólida, se tornou refém do que existe de pior no mundo da política e diante destas escolhas, a situação só tende a piorar, gerando graves crises política e ética para seu núcleo duro digerir. A ameaça de ingovernabilidade pode favorecer o campo da esquerda e tornar inviável o projeto da direita liberal com seus expoentes.  Na política não há soluções milagrosas. Ou há uma maioria estável e coerente e consegue-se um governo forte, ou não há e os governos vão se enfraquecendo levando consigo tudo que o representa. Por isto, o preço que o centrão cobrar para manter de pé Bolsonaro e seu governo vai ser alto. É o que sucede no presente. É o que se pode agravar no futuro.

        


Mais grave do que o resultado das eleições na Câmara e no Senado, é o momento em que elas aconteceram e a forma como expos a promiscuidade de alguns ou muitos “representantes do povo que se colocaram na dinâmica do toma lá dá cá”. Justamente quando o Brasil mais precisa mudar de vida e de ter um Governo forte. Precisamos ardentemente de começar a fazer o que é urgente e não o que é importante. Enquanto a direita se preocupa com a saúde das contas públicas, nós precisamos se preocupar é com a saúde do povo e isto ficou claro nesta pandemia. Em tudo o que dependia da ação do poder político, o país falhou.

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

ARTIGO - A velhice! (Padre Carlos)

 

A velhice!

 

 


 

Quando exercia o ministério presbiteral, costumava perguntar para minha comunidade: quem gostaria de ir para o céu? Todos levantavam a mão e depois perguntava quem desejava morrer? Ninguém se pronunciava. Quem quiser ir para o céu, tem que morrer! Da mesma forma, todos desejam viver por muito tempo, mas ninguém quer ficar velho, a velhice só incomoda aqueles que se esqueceram de cultivar a alma. No dia 27  comemorei mais um ano de muitas bênção. Assim, passei o dia reflexivo e em oração. Foram estas reflexões, que deram origem a este texto.


Marco Túlio Cícero (106 a.C.-43 a.C.), filósofo estoico, ensinou que devemos aceitar os desígnios da natureza. A velhice não é inevitável, as consequências do envelhecer são inexoráveis. Na obra “Saber envelhecer”, ele afirma que “as melhores armas para a velhice são o conhecimento e a prática das virtudes” (p. 12).[1] Para ele, não devemos ter uma atitude pessimista diante do envelhecimento. Precisamos aprender a não nos importarmos com o incontrolável. Sem dúvida, a natureza é impiedosa: o passar dos anos nos deixa fisicamente mais frágeis, o corpo não reage mais como gostaríamos, impossibilita os prazeres da carne, as doenças tornam-se mais frequentes e a morte parece mais próxima.

Os poetas falam destes assuntos de forma que traduz no fundo da nossa alma o que estamos sentindo “Você lembra, lembra

Daquele tempo. Eu tinha estrelas nos olhos. Um jeito de herói. Era mais forte e veloz. Que qualquer mocinho. De Cowboy”.

Não podemos esquecer que a velhice com qualidade de vida depende das atitudes e escolhas que fazemos. Simone de Beauvoir nos diz que a velhice não é um fato estático; é o resultado e o prolongamento de um processo. Em que consiste este processo? Em outras palavras, o que é envelhecer? Esta ideia está ligada à ideia de mudança e acrescenta: “O tempo é irrealizável. Provisoriamente, o tempo parou pra mim. Provisoriamente.

Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro. O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar”.


O elogio à idade madura talvez seja um autoelogio. Será que o passar dos anos nos torna necessariamente mais sábios? Quem pode garantir que sabedoria é sinônimo de ancião? Não será o jovem capaz de alcançar a sabedoria e não terá ele algo a ensinar ao mais velho? A tolice não respeita idade; a sensatez não é privilégio dos mais velhos; e a experiência adquirida com a idade pode se revelar inútil. O argumento de autoridade fundamentado nas rugas do tempo nem sempre é sábio e desconhece a dialética do aprender e ensinar mútuos.

Diante de todas estas constatações, prefiro ficar com as palavras do poeta:

É! Talvez eu seja

Simplesmente

Como um sapato velho

Mas ainda sirvo

Se você quiser

Basta você me calçar

Que eu aqueço o frio

Dos seus pés

 

 

Padre Carlos!

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...