quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

ARTIGO - “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”. (Padre Carlos)

 

“Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”.

 




Uma das coisas que lembro bem do meu tempo de criança são as palavras de meu pai dizendo estas expressões: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”. Ele sempre se referia aos políticos quando se utilizava destes ditados. Sempre tinha um propósito aquelas falas do meu pai, pois em sua sabedoria de homem simples já chamara a atenção de seus filhos para os desvios das virtudes e ética que leva este comportamento danoso dos representantes do povo na vida pública do nosso país. E olha que estamos falando do período de uma ditadura que se transvertia de honesta.


Hoje, já sexagenário, constato a realidade de suas percepções. De fato, os escândalos que a imprensa divulga relacionados com a corrupção no Brasil são deveras impensáveis e inacreditáveis, tamanhas a dimensão desmedida em valores monetários desviados e a atitude cínica e desavergonhada de seus autores que quando são questionados, partem para ofensas à mídia.

O jornalismo investigativo vem expondo nos últimos anos as rachadinhas, compra de votos na eleição e os Leites Moça produzido por este governo. Com esta atitude, ela devassa a representação da elite e descobre que não são diferentes, os poderes atuam como se fossem uma só entidade, todos mancomunados nos mesmos objetivos: manter os privilégios, aumento salarial acima da lei, ganhar eleições, manter o poder, sustentar o tráfico de influência e enriquecer ilicitamente.

Este tipo de comportamento comum explica o: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”, pois o modo de agir é o mesmo. A promessa eleitoral que não cumpre a negociata para a aprovação de projetos contrários aos interesses populares, à propina instituída às escondidas e tantos outros descaminhos. A pertença aos diversos partidos não os torna diferentes, pois nem professam a ideologia partidária que serve apenas para constar dos seus estatutos, o que justifica o ditado: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”.

Se a classe política já não era tão bem vista à época em que os órgãos da imprensa era adesista ou amordaçado, sem este filtro ela caiu em total descrédito, é claro que toda regra tem exceções, mas a verdade é que fica difícil colocar a mão no fogo, quer sejam deputados federais ou senadores, deputados estaduais ou vereadores, governadores ou presidente, em que se possam confiar sinceramente. Estão todos lá porque é preciso que os cargos públicos sejam ocupados, mas desacreditados por seus eleitores, que não encontram pessoas honestas e comprometidas com a paz e a justiça social para colocarem em suas mãos os destinos da nação.


Algo, porém, é certo e bom. O povo começa acordar apontando nas ruas a necessidade de que os dejetos necessitam ser despejados. A limpeza se faz imprescindível, para que a nação possa respirar naturalmente livre. As futuras gerações não podem ser herdeiras de uma cultura sedimentada no negacionismo do Aquecimento Global, dos grupos anti-vacina e, mais recentemente, o movimento terraplanista. É preciso mesmo que façamos valer as estrofes do nosso hino nacional, de que nossos bosques tenham mais vida e em seu seio mais amores, a fim de que nossos descendentes possam viver em solo esplêndido e em comunhão com a justiça e a solidariedade humana.

 


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