quarta-feira, 17 de março de 2021

ARTIGO - A decisão de Fachin não repara a injustiça (Padre Carlos)

 

A decisão de Fachin não repara a injustiça


 

Quando, Edson Fachin, anulou os processos contra o ex-presidente Lula, por "absoluta incompetência" do foro da cidade de Curitiba, passamos a entender porque teriam que ser instaurado antes da eleição presidencial e porque deveria ser na 13ª Vara Federal daquela cidade. Só depois que alguns fatos vieram à tona, passamos a entender como as forças ocultas se movimentaram para retirar do povo a liberdade de escolha e diante tal evidencia, fica difícil esconder da opinião pública e para o mundo o que aconteceu com a justiça brasileira. O que para muitos era uma suspeita, hoje se confirma as verdadeiras intenções que era impedir a candidatura do líder do PT, amplo favorito naquela eleição.  A decisão de Fachin só evidencia que as eleições foram de alguma forma manipulada e não repara a injustiça que foi cometida contra o ex-presidente e o povo brasileiro.


    Esta decisão não significa que a perseguição terminou, Lula ainda pode ser novamente julgado pelos alegados crimes de que foi acusado pelos magistrados de Curitiba, mas, neste momento, recupera todos os seus direitos políticos, podendo candidatar-se às eleições previstas para 2022.

Existe também, outro processo que está em andamento pelo STF, que poderá ter uma repercussão direta no seu destino pessoal e político: a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, acusado de parcialidade nos processos que moveu contra ele. Caso essa parcialidade seja juridicamente comprovada, os processos contra Lula caem por terra.

Todas estas reviravoltas, que parecem confirmar o que a defesa de Lula sempre disse desde o primeiro dia, tornaram-se previsíveis com as primeiras revelações, meses atrás, dos métodos inquisitórios usados pelos procuradores de Curitiba para acusarem quem eles achavam, com razão ou sem ela, culpados.

Ficamos estupefatos com o seqüestro político do sistema de justiça, como as supremas cortes deixaram que instâncias menores selecionassem e punissem corruptos convenientes, junto com inocentes cuja culpa é fazer oposição, enquanto autorizava a corrupção dos cortesãos. Foi o que aconteceu claramente com a operação Lava-Jato (sem falar das questões geopolíticas, cujo resultado foi à destruição das multinacionais brasileiras.

A verdade é que a corrupção no Brasil, é tão antigo quanto o país, não foi inventada pelo PT, assim como não acabou com a chegada de Bolsonaro. Infelizmente, o que presenciamos com o jacobinismo judicial protagonizado pelos procuradores curitibanos são a anulação de investigações e o triunfo da impunidade. Os delitos (a palavra é essa) desses procuradores, bem como do juiz Sérgio Moro, deram argumentos "fortes e fundamentados" aos que querem anistia geral para todos os envolvidos, de fato, em práticas de corrupção.

Outro fato que só os fanáticos bolsonaristas ou antipetistas se recusam a ver é que, além de não ter acabado nem com a corrupção nem com a "velha política", Bolsonaro não é, a rigor, comparável a Lula: o primeiro é um saudosista da ditadura militar, um protofascista, racista, misógino, anticiência, instrumento da política ferozmente neoliberal que corrói a democracia em todo o mundo, com pretensões a "representar" o trumpismo na arena internacional; o segundo não tem nenhum projeto ditatorial para o Brasil, é politicamente um social-democrata, defensor do consenso entre capital e trabalho, como o demonstraram os seus dois governos, hábil negociador, capaz de ceder quando necessário.


Independente do que venha acontecer com Lula – se será novamente julgado, ou não, ou ser candidato nas próximas eleições -, todo o mundo já percebeu, desde que ele recuperou os seus direitos políticos, há uma semana, que se trata de uma figura fundamental para a remoção de Bolsonaro em 2022.

 

terça-feira, 16 de março de 2021

ARTIGO - Uniões homossexuais e a Igreja (Padre Carlos)

 

 Uniões homossexuais e a Igreja

 


 

A imprensa de um modo geral destacou nas primeiras páginas de seus jornais, que o Papa Francisco rejeitou toda e qualquer benção a uniões homossexuais. Quando Francisco aprova os avanços que a Igreja precisa, a modernidade bate palmas e chama-o de santo, quando o Papa recua em algumas questões para consolidar estas conquistas já obtidas, passam a chamar de conservador.

 


    O Sumo Pontífice aprovou um documento na Congregação para a Doutrina da Fé que visa esclarecer dúvidas de dioceses de vários países. O Vaticano anunciou nesta segunda-feira que o Papa Francisco recusa abençoar as uniões de casais homossexuais. Um tema como este não pode partir do Papa, tem que ser fruto de um concílio e por mais que queiramos avançar, temos que entender que a nossa Igreja está longe de chegar à maturidade das Dioceses dos Estados Unidos e da Alemanha.

Esta decisão só pode desapontar os católicos que não entendem como é difícil pastorear uma Igreja onde as culturas não são uniformes e temos a responsabilidade de não chocar ou dilacerar o sagrado do outro.  Temos que entender esta decisão e apoiar a abertura do atual Sumo Pontífice católico, cada decisão tomada tem seu tempo e sua dinâmica própria.

 

Este documento é fruto de uma resposta da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), que recebem constantemente perguntas a estas questões de dioceses de vários países sobre se a prática era permitida. Apesar de a resposta ter sido não, aqueles que só enxergam o lado negativo omite da opinião pública, que o Pontífice reconhece a existência “de elementos positivos” nas uniões entre pessoas do mesmo sexo, mas frisa que não pode haver lugar a bênção, “pois os elementos positivos existem no contexto de uma união não ordenada no plano do Criador”.

O Vaticano reitera, ainda assim, o apoio aos homossexuais que vivem de acordo com a doutrina cristã. Este esclarecimento tornou-se urgente ante pressões para que seja institucionalizada uma prática já corrente em alguns países. É o caso de EUA e Alemanha, onde muitos sacerdotes abençoam uniões entre homossexuais, apesar de não serem casamentos para a Igreja.

    
     Já em 2020 o Vaticano tinha sido forçado a falar do tema depois de um documentário que revelava posições do Papa em relação aos direitos civis destes casais, assim muitos órgão da imprensa do primeiro mundo retratou este tema como se o Papa estivesse apoiando as uniões gay com o Sacramento. A Santa Sé esclareceu que Francisco se referiu a proteções legais e não a uma aprovação da Igreja.

segunda-feira, 15 de março de 2021

ARTIGO - Precisamos urgente de uma reforma no MP e na Justiça (Padre Carlos)

 

Precisamos urgente de uma reforma no MP e na Justiça

 




Dizem os mais velhos, que é nos momentos mais difíceis que as pessoas se revelam. Diante dos golpes e ataques a nossa democracia, acredito que é assim também com as nossas instituições.


    Já faz alguns anos que a crise política e de legitimidade do poder, vem se alastrando na sociedade e nas instituições brasileira. As ações e manobras do comportamento destas elites, política e jurídica, passaram de uma simples e singela ação errônea para outra ainda pior, um projeto de poder. Esta mudança da essência e dos objetivos do MP se deve as formas de corporativismo como elemento de proteção dos seus membros, bem como de qualquer punição por parte da Justiça e o patrimonialismo como instrumento ideológico para se apropriar do estado.  Entre as terríveis consequências desta combinação, não podemos esquecer como tudo isto contribuiu para o projeto de poder da Lava-Jato e para o crescimento do populismo de direita no Brasil.

A certeza da impunidade é tanta que, quando alguém tem coragem de apontar os erros e abusos desta casta do funcionalismo público que se instalou no estado brasileiro, eles, os procuradores, se reagrupam como anticorpos para se defender como corporação. Foi assim que aconteceu nestes sábado 13, quando mais de mil integrantes do Ministério Público lançaram um manifesto de apoio ao trabalho dos procuradores da Operação Lava-Jato e criticando o que chamaram de "impropérios retóricos" dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal. O que estes procuradores querem defender e justificar como normalidade, é a fraude jurídica operada por Sergio Moro e pelo coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Como é triste chegar a esta constatação. O corporativismo no Ministério Público tenta esconder ou aceita como normal às combinações e os acertos dos mecanismos que buscava levar a um modus operandi para forjar a condenação de réus.

Será que um dia estes membros do Ministério Público que assinaram este documento pedirão desculpas a nação por ter defendido a subversão da legalidade e das garantias democráticas asseguradas pelo pacto constitucional de 1988. Os procuradores que seus pares defendem no documento, foram uma espécie de “cavalo de troia” do golpismo, favorecendo a emergência de uma campanha demagógica de criminalização da política, em especial do Partido dos Trabalhadores (PT). O chamado lavajatismo foi um dos fatores que possibilitou a ascensão do fenômeno político da extrema direita bolsonarista ao governo federal.


    Diante de fatos que tem acontecido no âmbito destas operações e a falta de uma Corregedoria e um Conselho de Ética que dê limites a estes abusos, fica difícil conter certas manifestações corporativas. É necessário um debate sobre a necessidade da reforma do Judiciário e do MP. Uma reforma centrada na Constituição Federal que poderia servir como parâmetro para outras reformas que tanto o Brasil precisa. No entanto, estas medidas não serão suficientes para solucionar todas as crises que presenciamos no nosso dia-a-dia na Justiça, mas trará tranquilidade e certeza de um julgamento justo.

 

 

 

 

 

 

domingo, 14 de março de 2021

ARTIGO - Lula precisa do Centrão (Padre Carlos)

 


Lula precisa do Centrão

 


Quando tomei conhecimento que o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, disse que seu partido apoiará "de qualquer maneira" a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, sentir que setores da esquerda ficaram desconfortáveis e de certa forma chocados. Neste momento não podemos ser influenciados pelos analistas da La Bodeguita, que fazem análise política com o coração e as paixões do movimento estudantil. Esquecem estes profissionais, que o cientista político precisa ser fiel aos dados e aos fatos, para conseguir de forma mais clara possível, chegar a interpretações mais fidedignas da conjuntura.

        


Meu papel aqui é chocar a militância e ser honesto nas minhas análises, só assim poderei ajudar o partido e a esquerda a enfrentar os obstáculos que irão encontrar pela frente até as eleição do ano que vem. Quando digo que as esquerdas precisam do centrão para governar, digo que elas não têm capacidade de fazer a maioria no Congresso, nem conseguir governar sem que façamos um governo de coalizão para criar as condições necessária de governabilidade que precisamos.

         Na eleição passada, toda a esquerda só conseguiu eleger 1/3 do congresso e isto não é um fato isolado. Para os leitores entenderem o que estou falando, no momento em que as esquerdas estavam mais fortes em toda a história do Brasil, isto é, em 2010, quando Lula sai do governo com quase noventa por cento de aprovação, os partidos de esquerda (PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL), fizeram a maior bancada até hoje com 168 parlamentares, isto representa 32,7% e a direita, 375, o que equivale a 67,3% de todo o Congresso. Em 2014, caímos para 26% e em 2018 mantemos este índice.

        


Quando exponho estes números, quero dizer que se colocarmos uma camisa de força em Lula e ficarmos chocados com as alianças que precisaremos fazer, o PT não chegará a lugar algum. Diante disso, precisamos criar alianças com o centrão, baseado na confiança mútua e num compromisso acordado em um programa de governo, isto vai representar para os partidos uma demonstração inequívoca de maturidade das partes, mas requer também habilidades de aprendizagem conjunta dos erros cometidos no passado.

 


sábado, 13 de março de 2021

Oração pelo restabelecimento do nosso prefeito (Padre Carlos)

 


Oração pelo restabelecimento do nosso prefeito



 

 

Caros leitores,

 

Peço licença hoje para nos unirmos em oração pelo restabelecimento do nosso prefeito Herzem Gusmão. Como ele mesmo disse na semana passada: “tive esse imprevisto, mas continuo firme, crendo na minha recuperação e que muito em breve estarei na nossa cidade”. Estamos unidos a esta corrente de oração por Herzem Gusmão não só na porta da prefeitura como aconteceu neste sábado, 13, mas, em toda casa de oração. Vamos colocar também, as centenas de milhares de pessoas vitimadas pela Covid-19 no mundo, e principalmente em nossa cidade. Suplicamos a Deus por um pulmão novo para aqueles que estão gravemente doentes e internados, e pelo alívio do sofrimento dos familiares.

 Senhor Pai, Tu és o médico divino. Tu dás a vida e a vida em plenitude àqueles que Te buscam. Por isso, hoje, Senhor, de um modo especial, quero pedir a cura de todo tipo de doença, sobretudo daquela que aflige neste momento boa parte da nossa população. Eu sei que não queres o mal, não queres a doença que é a ausência da saúde, porque és o Sumo Bem. Opera, em todos que estão precisando, uma profunda cura espiritual e, se for da Tua vontade, também uma cura física. Que seja operada diretamente pela ação poderosa de Teu Espírito Santo ou através do médico e dos remédios! Aumenta a nossa fé no Teu poder, Senhor, e no infinito Amor que tens pelos teus filhos.

Aumenta nossa fé, Senhor, que, às vezes, se encontra tão enfraquecida. Eu acredito no Teu poder curador.  Senhor quero também apresentar, todos os doentes que me pediram orações. Tu conheces a cada um deles, sabes as provações pelas quais estão passando! Tem misericórdia, Senhor, vem em socorro também daquelas pessoas que padecem de enfermidades.

Que Deus em sua infinita bondade, amor e perdão tenham piedade de nós e do mundo inteiro, que apazigúe o nosso coração e socorra principalmente aos que mais precisarem da Tua misericórdia.

Apesar de sermos adversários políticos, nuca fomos inimigos e sempre tivemos um bom relacionamento.

 Amém!

 


ARTIGO - Os golpistas estão sendo presos (Padre Carlos)

 


Os golpistas estão sendo presos



 

Quando tomei conhecimento neste sábado que a ex-presidente interina da Bolívia tinha sido detida e acusada de ter atentado contra a democracia e o Estado de Direito através de um golpe de estado, pensei se um dia esta primavera chegaria às terras que tanto canta o sabia.




Assim, passei a cantarolar a musica de Geraldo Vandré: “É a volta do cipó de arueira” no lombo de quem mandou dar. Foi com a alma lavada que assistir na CNN a Justiça boliviana prendendo Áñez, cinco ex-ministros e vários chefes militares que participaram no processo político que levou à demissão e saída do país do ex-presidente Morales. 

Na Bolívia os servidores do MPF não tripudiaram da Justiça e rasgaram a Constituição Federal para alcançar seus objetivos pessoais, nem contam com a passividade do Supremo Tribunal Federal (STF). Por isto, Jeanine Áñez, ex-presidente interina da Bolívia, foi detida a pedido do Ministério Público que ordenou a sua captura, acusando-a pelos crimes “contra o estado de direito e a Constituição, sua participação no processo golpista de 2019, que levou à demissão e saída do país do antigo chefe de Estado, Evo Morales.

Para além de Áñez, entretanto transportada para La Paz, foram ainda detidos cinco ex-ministros e vários chefes militares que assumiram cargos durante o ano em que a dirigente conservadora governou a Bolívia. 

Entre os militares acusados está William Kaliman, o general que anunciou a retirada do apoio das Forças Armadas a Morales e que o aconselhou a demitir-se, em nome da “pacificação” da “estabilidade” da Bolívia. Kaliman está também acusado de “conspiração”, “golpismo” e “terrorismo”​​. A prisão deste general me lembrou certo tuitaço que fez com que um inocente ficasse mais de quinhentos dias na prisão.


O lítio das baterias que alimentam os veículos da Tesla estão no pano de fundo da disputa que motivou o golpe de estado contra Evo Morales, na Bolívia, assim como o petróleo do pré sal e a Petrobrás estão relacionado a tudo que aconteceu no Brasil. Os bolivianos têm consciência que não podem fazer um pacto nacional, nem virar a página da história sem que os verdadeiros responsáveis por estes Crimes de Lesa-Pátria sejam evidenciados e seus culpados respondam por seus atos. Os exemplos dos bolivianos abrem uma discussão na esquerda brasileira para o fato de que não podemos cometer os mesmos erros que fizemos com os torturadores e os golpistas de 64. Se deixarmos os responsáveis  impunes, estes fantasmas retornarão para assombrar o país e roubar nossas riquezas


sexta-feira, 12 de março de 2021

ARTIGO - A “fome de Leão” (Padre Carlos)

 


A “fome de Leão”

 



Existe um ditado Africano que diz: A união do rebanho obriga o leão a deitar-se com fome. Com estas palavras pensei nas dificuldades que o PT e o pré-candidato Jaques Wagner, vêm enfrentando para manter a base do governo unida e mesmo com sua capacidade de negociar, vai enfrentar um centrão que tem a tradição de sentar para negociar com “fome de leão”.


Quem não se lembra das articulações do deputado federal Cacá Leão, quando liderou dentro da sigla um movimento que tencionava deixar Rui e passar para a base do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Cacá cultivou entre os correligionários o desejo de abandonar o barco e só não conseguiu porque o velho Leão tem uma visão acumuladas de anos e enxerga mais que a nova geração do partido. Estas questões seriam águas passada, se nesta semana o Arthur Maia, não tivesse tuitado que Cacá seria na opinião dele o candidato para o senado excelente na chapa de ACM Neto.

Quando Maia faz este “convite”, ele leva em conta dois fatores: primeiro que o DEM é partido com pior índice de evolução nas prefeituras baianas nas últimas cinco eleições; PP é o segundo partido no estado com o maior número de prefeitura. O segundo está relacionado com a necessidade que o DEM tem de deslocar a base do seu adversário para conseguir vencer. Assim, Neto segue a cartilha do nosso pensador italiano que ensinava que o príncipe audaz deve tentar “dividir para governar” (ou reinar). “Divide et impera” – orientava ele.


Não podemos achar que a direita na Bahia está morta, nem ser ingênuo ao ponto de abrir mão da hegemonia na frente. Precisamos do PP, como precisamos do PSD, e é natural sentar para negociar, o que o PT não pode fazer, é se tornar refém do centrão.

 

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...