Ele é velho ou experiente?
Nenhuma uma pessoa de cinqüenta anos é velha, nem
um indivíduo de setenta é um inválido. O que importa na verdade, é
ter bom senso e na seleção não ser preconceituoso, mas criterioso na escolha.
Tenho sessenta e um anos e a diferença de idades entre mim e meus
colegas de trabalho era evidente e conseqüentemente a inevitável diferença de
mentalidades, também existia. Achava que convivia bem com esta realidade;
acreditava, por ser mais velho, a consideração, o respeito e o carinho que
todos me dispensaram enquanto estive naquele cargo, me credenciava sabedoria e experiência. De
um modo geral, quase todos tinham idade para poderem ser meus filhos – e por
isso eu era para eles ‘o senhor ou simplesmente: Padre Carlos e eles para mim os
meus amigos. Quando eu falava que era o mais velho no setor, eles
contestavam, com serenidade e delicadeza que sempre demonstraram. “Mais velho,
não! Mais experiente”.
Assim, acredito que estes antigos
colegas, não só tinham razão, mas buscavam com aqueles gestos,
lembrar a importância dos mais velhos. Foram estes
gestos e compreensão desta realidade, que jamais esqueci e não deixa de ser
verdadeira. Assim, estas certezas dos antigos colegas, me levaram
hoje a abordar este tema tão importante: a experiência dos mais velhos no mundo
do trabalho. Na sociedade em que vivemos, cresce cada vez mais uma tendência de
se fechar as portas aos mais “velhos” para se dar lugar aos “novos”, que estão
iniciando no mercado.
No setor privado, são ainda mais
exigente, principalmente na seleção, pessoas de cinqüenta anos são considerados
velhos, eles acham que estas pessoas por terem uma idade mais avançada, não
conseguem mais produzir. No setor público pode trabalhar até aos setenta
anos ou mais, só que é obrigado a cumprir as mesmas tarefas atribuídas aos
jovens no início de sua carreira, isto não faz qualquer sentido.
A verdade é que nem uma pessoa de cinqüenta
anos é velha, nem um indivíduo de setenta é um inválido. O que importa é ter
bom senso e uma seleção criteriosa do trabalho que se atribui a cada um.
Todos sabem que, fisicamente, um velho
não pode competir com um novo, pelas limitações próprias das respectivas
idades. Nem Pelé com toda a sua glória do futebol jamais poderia jogar hoje na
seleção brasileira.
Mas, em contrapartida, estaria apto a
transmitir a sua experiência e o seu saber aos mais jovens, se fosse
aproveitado para exercer outras funções. Com este exemplo, podemos partir
para outros, até chegar à minha área e a de tantos brasileiro.
A este respeito, ainda temos muito que
aprender com a civilização oriental, onde o velho é intocável por ser o símbolo
da sabedoria, da experiência, da cultura, alguém em que toda a sociedade se
revê. Para a civilização ocidental, é o oposto. O velho é descartável, já não
produz, não serve para nada.