terça-feira, 7 de setembro de 2021

ARTIGO - Uma carta a minha geração (Padre Carlos)

 

Uma carta a minha geração



Prezados,

 

Manuel de Barros disse certa vez que o homem, cresce, amadurece e morre. Eu acrescentaria que antes de morrer ele fica emotivo. Ele busca encontrar o sentido da sua vida e passa a ter saudades das pessoas que são ou foram importantes na sua vida.


Hoje tive muita saudade dos amigos da infância, dos companheiros de militância dos anos de chumbo, dos anos de formação da filosofia e da teologia. Saudade de uma Pituba em transição de balneário para bairro de classe média. Como diz o poeta: “Eu tinha estrelas nos olhos, um jeito de herói, era mais forte e veloz, que qualquer mocinho de Cowboy.” Queria fazer uma revolução, sonhava em transformar o mundo e ser feliz. Ainda hoje, quando passo naquelas ruas, lembro as manifestações e faço questão de percorre os caminhos que fazíamos para fugir da repressão.  Depois dos sessenta, você passa entender a finitude das coisas e lembrando o seu passado, busca como se fosse um monge, aproveitar cada minuto desta vida.

Assim, quando descobrir estas certezas, passei a não ter mais arrependimentos. Como diz o poeta: ”Porque a vida só se dá pra quem se deu pra quem amou pra quem chorou pra quem sofreu”. A vida é muito curta pra você acordar com arrependimentos. Por isto, amei todas as pessoas que me trataram bem e orei para as que me desprezaram. Fiz tudo isto, por acreditar que tudo acontece por alguma razão. Posso dizer que tive uma segunda chance, agarrei com as duas mãos, e isso fez mudar a minha vida, deixei acontecer! Beijei devagar, perdoei rápido, abracei forte a nova vida. Deus nunca me disse que a vida seria fácil, ele simplesmente prometeu que iria valer à pena e foi isto mesmo o que aconteceu.

         Minhas prioridades eram juntar riquezas e por isto estava esquecendo que o verdadeiro tesouro estava ao meu lado. Entendi que nasci sem nada e passei boa parte da vida, lutando por tudo aquilo que não era meu e mesmo que tivesse conquistado não levaria quando morresse, porque o que se leva desta vida é o que se vive, o que se faz.


Quando exercia o ministério sacerdotal, estes questionamentos não saiam da minha cabeça: A gente nasce, cresce e morre. Mas se não fizer nada nesta vida fica parecendo que nem passou por ela. Eu confesso a vocês que este medo sempre esteve presente na minha vida. Vou deixar quando partir desta vida, uma família linda, amigos irmão que a vida me presenteou. Falam em plantar uma arvore ou escrever um livro. Eu digo que se planta amor, amizade e carinho e com estes sentimentos se escreve o mais lindo livro que alguém já ousou botar no papel da vida.

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

ARTIGO - A Baía dos Porcos e Bolsonaro (Padre Carlos)

 

Estes atos antidemocráticos ferem princípios constitucionais

 


Este mês fez cinco anos do golpe contra a Constituição e a Presidente Dilma. Assim, na véspera do sete de setembro me lembrei de uma frase que reflete bem o que estamos passando: Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem. Desta forma passei a entender que errar é humano, colocar a culpa dos nossos erros em outra pessoa é política. O Brasil tem vivido uma polaridade política, não entre direita e esquerda, mas entre os que defendem a democracia e os que querem um regime autoritário. São estes os motivos que tem levado uma parcela da população a pedir a volta do regime militar, a dissolução do Congresso Nacional e o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal. São atos reivindicatórios que estão enquadrados como crime de responsabilidade e mesmo tendo apoio de setores das Forças Armadas, não podem ficar impune tais manifestações.


Sabemos que a democracia, etimologicamente falando, significa governo do povo, pelo povo e para o povo, porém, esse mesmo povo que está sendo convocado pelos simpatizantes deste governo, tem que entender que o seu direito e o direito do seu presidente, termina onde começa o do próximo e que seus ideais não podem se sobrepor a outros direitos também essenciais para a sociedade e o Estado de Direito.

Quando se milita a mais de quarenta anos na política, passamos por diversas situações que nos permitem avaliar a conjuntura em que se vive. Assim, ao observar os últimos acontecimentos, deparo-me com um governo mais fraco do que nunca e, apesar do medo de certos setores da esquerda de um golpe, vejo um presidente desesperado para não ir para cadeia e buscando ganhar fôlego para conseguir terminar seu governo através destes protestos nesta data que comemoramos 199º aniversário da independência do Brasil.

Bolsonaro tem apostado suas fichas nos atos de 7 de setembro como uma demonstração de força e apoio popular, num momento em que tensiona cada vez a relação com o Poder Judiciário, que pode cassar a chapa e seu mandato ou pressionar a Procuradoria Geral e o Parlamento sobre os crimes de responsabilidade que vem cometendo, assim, ele dirige suas investidas especialmente aos ministros Alexandre de Mores e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), estes são alvos de ataques constantes do presidente.

Além disso, o presidente voltou a aventar a possibilidade de uma ruptura caso o Judiciário não reveja atitudes que, em sua visão, prejudicam o país.


Os cidadãos e as nossas autoridades, não podem praticar atos antidemocráticos e que ferem princípios constitucionais É preciso que todos tenhamos o discernimento que a democracia impõe a cada um de nós um conjunto de regras que precisa ser obedecido. Será que temos liberdade total para falarmos e fazermos aquilo que quisermos? Há limites para o exercício das nossas liberdades? A resposta é sim. A liberdade de expressão e pensamento não são direitos absolutos, eles encontram limites na lei.

Assim, querendo ou não, terão que ficar como gostam de dizer: no seu quadrado.

domingo, 5 de setembro de 2021

ARTIGO - O mercado de trabalho depois dos cinqüenta. (Padre Carlos)

 

Ele é velho ou experiente?

 


Nenhuma uma pessoa de cinqüenta anos é velha, nem um indivíduo de setenta é um inválido. O que importa na verdade, é ter bom senso e na seleção não ser preconceituoso, mas criterioso na escolha.


Tenho sessenta e um anos e a diferença de idades entre mim e meus colegas de trabalho era evidente e conseqüentemente a inevitável diferença de mentalidades, também existia.  Achava que convivia bem com esta realidade; acreditava, por ser mais velho, a consideração, o respeito e o carinho que todos me dispensaram enquanto estive naquele cargo, me credenciava sabedoria e experiência. De um modo geral, quase todos tinham idade para poderem ser meus filhos – e por isso eu era para eles ‘o senhor ou simplesmente: Padre Carlos e eles para mim os meus amigos.  Quando eu falava que era o mais velho no setor, eles contestavam, com serenidade e delicadeza que sempre demonstraram. “Mais velho, não! Mais experiente”. 

Assim, acredito que estes antigos colegas, não só tinham razão, mas buscavam com aqueles gestos, lembrar a importância dos mais velhos. Foram estes gestos e compreensão desta realidade, que jamais esqueci e não deixa de ser verdadeira. Assim, estas certezas dos antigos colegas, me levaram hoje a abordar este tema tão importante: a experiência dos mais velhos no mundo do trabalho. Na sociedade em que vivemos, cresce cada vez mais uma tendência de se fechar as portas aos mais “velhos” para se dar lugar aos “novos”, que estão iniciando no mercado.

No setor privado, são ainda mais exigente, principalmente na seleção, pessoas de cinqüenta anos são considerados velhos, eles acham que estas pessoas por terem uma idade mais avançada, não conseguem mais produzir. No setor público pode trabalhar até aos setenta anos ou mais, só que é obrigado a cumprir as mesmas tarefas atribuídas aos jovens no início de sua carreira, isto não faz qualquer sentido. 

A verdade é que nem uma pessoa de cinqüenta anos é velha, nem um indivíduo de setenta é um inválido. O que importa é ter bom senso e uma seleção criteriosa do trabalho que se atribui a cada um. 

Todos sabem que, fisicamente, um velho não pode competir com um novo, pelas limitações próprias das respectivas idades. Nem Pelé com toda a sua glória do futebol jamais poderia jogar hoje na seleção brasileira.

Mas, em contrapartida, estaria apto a transmitir a sua experiência e o seu saber aos mais jovens, se fosse aproveitado para exercer outras funções. Com este exemplo, podemos partir para outros, até chegar à minha área e a de tantos brasileiro.


A este respeito, ainda temos muito que aprender com a civilização oriental, onde o velho é intocável por ser o símbolo da sabedoria, da experiência, da cultura, alguém em que toda a sociedade se revê. Para a civilização ocidental, é o oposto. O velho é descartável, já não produz, não serve para nada.

 

 

sábado, 4 de setembro de 2021

ARTIGO - Sua Santidade ou Sua Humanidade (Padre Carlos)

 

 

O Papa e sua humanidade



O Papa Francisco está se tornando, cada vez mais, o único líder global que se preocupa verdadeiramente com a globalidade dos problemas que afetam a humanidade.


Estava me lembrando do discurso que o Papa proferiu nas comemorações dos 75 anos da ONU. Nesta oportunidade, ele fez um diagnóstico completo da situação mundial nestes tempos de pandemia que a humanidade está vivendo. Identificou e nomeou os problemas centrais que afetam o planeta com tanta precisão que parecia um cirurgião experiente, com um bisturi nas mãos.  Denunciou a impunidade com que são violados os direitos fundamentais. "A lista destas violações é muito grande e faz-nos chegar à terrível imagem de uma humanidade violada, ferida, privada de dignidade, de liberdade e de possibilidade de desenvolvimento", diz o Papa.

O sonho do Papa era que a humanidade entendesse a pandemia, como uma oportunidade para a conversão, a transformação, para repensar o nosso modo de vida e os nossos sistemas econômicos e sociais. Como poderia também abrir caminho ao que Ele denominou um "recuo defensivo" com o fechamento em opções "individualistas e elitistas"

Neste contexto, existe dois caminhos, um que tem valores cristãos e outro que não representam valores humanos e tem como eixo central a cultura de morte. Assim, um conduz ao fortalecimento do multilateralismo, expressão de uma corresponsabilidade global renovada, de uma solidariedade baseada na justiça e na realização da paz e da unidade da família humana. Já o outro caminho, "dá preferência a atitudes de auto-suficiência, nacionalismo, protecionismo, individualismo e isolamento, deixando de fora os mais pobres, os mais vulneráveis, os habitantes das periferias existenciais". Apesar de sermos livres para escolher, é dever do Pastor orientar suas ovelhas para seguirem e optarem pelo projeto que representa os valores cristãos e pela defesa da vida. É obrigação do Pastor, propor que sua comunidade de fé escolha e trilhe o primeiro.

As lideranças mundiais comprometida com a paz e os verdadeiros estadistas terão um papel decisivo nesta escolha: Não podemos esquecer o contexto que foi criado a ONU e seu objetivo. Ela foi criada para unir as nações, para aproximá-las, segundo Francisco. E poderão contribuir decisivamente para "transformar o desafio que enfrentamos numa oportunidade de construirmos juntos, mais uma vez, o futuro que desejamos".


Quem quiser rapidamente conhecer os grandes dramas que afetam a humanidade, leia o discurso do Papa na ONU. Ele busca identificar as dores da humanidade, mas propõe um tratamento adequado para que possamos salvar o paciente. Nele aparecem, também, a suas propostas.

 Seria um milagre se os Chefes das Nações que compõe a ONU colocasse em prática estes ensinamentos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

ARTIGO - Quando a justiça é injusta (Padre Carlos)

 

Quando a justiça é injusta

 


Nossa Constituição deixa clara a necessidade do princípio da presunção de inocência, ela é fruto da nossa cultura ocidental que herdamos do direito romano, tendo sido afastado, contudo, pelo caráter inquisidor das investigações ocorridas durante a Idade Média e recentemente pela operação Lava-Jato montadas em diversas cidades, nos últimos anos. Esquecendo este princípio que defende que todos são inocentes até provem o contrário, os acusados pelo Ministério Público e muitas vezes condenados em primeira instancia, mesmo sendo absolvido e provado sua inocência, nunca mais se livrará da fama, nem do escândalo em que o Estado o acusava. Mesmo tendo a sua vida e da sua família devassada, jamais se livrará de um dos piores rótulos que se pode ter na vida para um homem de bem. O de bandido.

Nosso Ministério Público precisa explicar, não para seus pares, pois o corporativismo é o câncer deste vergonhoso conselho, mas para o povo brasileiro, porque tornou o seu modus operandi em "não temos provas, mas temos convicção." As convicções passaram a ser prova e o Supremo sabia e assistia tudo como se fosse um espectador.


        Como poderíamos definir estes comportamentos, ao substituir à justiça por juízos de valor. Nada acontece por acaso e o que vemos em algus menbros daquela Corte foi um jogo de palavra e de comportamento. Quando um certo Ministro  argumenta que os agentes do Estado não se podem valer das provas ilícitas para ensejar uma condenação, se referindo as prova da vaza-jato, por outro lada aceita as convicções do seu pupilo como prova. A justiça é cega, para que o juiz não olhe o acusado quando decide, deve se atentar ao fato que julgar. Da mesma forma que o juiz não pode beneficiar o acusado devido a condições pessoais para lhe conceder benefícios, também não poderá retirar garantias ou direitos sob o pretexto algum. Isso significa que o direito deve ser aplicado da mesma forma para todos os cidadãos, independentemente de quem seja a pessoa do réu. Olhando o que fizeram no verão passado, eu me pergunto: como estas pessoas conseguiram tudo isto? Como o Supremo permitiu que se  ferisse os direitos e garantias fundamentais? Tentaram fazer julgamentos em praça pública com apenas convicções. Estes eram para alguns setores as personalidades do ano.  Para os arautos da moralidade que até pouco tempo pensavam que o STF ficaria deitado eternamente em berço esplêndido, se enganaram. Assim, “os justiceiros” que andavam por aí pousado de bom moço, depois que o Supremo acordou sumiram dos telejornais e da grande imprensa.  Não esperaram pelo resultado do verdadeiro julgamento para tirar as suas próprias conclusões. Mas há uma coisa que eu já sei.

 O que me parece altamente reprovável é esta necessidade instalada na sociedade (muito por culpa das redes sociais e de alguns jornais sensacionalistas), de assumirem posições de inquisidores e com conseqüências tão desastrosas como levou a morte do reitor Cancellier. Não podemos mais tolerar que esta noite de horrores retorne ao nosso sistema de justiça. Não podemos mais prender e torturar psicologicamente só por mera intuição de procuradores ou delegados, como forma de perseguição política ou pessoal.


Sobretudo algumas corporações da comunicação e alguns empresários, por se tratarem de figuras públicas, por terem mais responsabilidades, que um cidadão comum, deveria ser responsabilizado por tudo que aconteceu a estas pessoas.  Só assim, pensarão duas vezes antes de assumirem certo tipo de posições nas suas empresas. Eles precisam entender que estas coisas deixam marcas profundas e tem conseqüências devastadoras.  Ninguém parece estar a salvo desta neurose coletiva e um dia podem bem ser eles a “sair na rifa”.

Acima de tudo que se faça justiça.

 

ARTIGO - Já imaginaram um mundo sem informação? (Padre Carlos)

 


O jornalismo ainda é o “pilar” da nossa democracia.

 


 



O jornalismo alternativo nestes últimos anos vem se consolidando cada vez mais como um instrumento de luta. Ele passou depois do golpe contra a democracia e o governo Dilma, a se tornar um dos pilares da democracia e por este motivo, merece mais respeito dos políticos e da imprensa corporativa.


A informação que nos chega passa por um longo processo, que implica várias formas de encarar o jornalismo e os órgãos da imprensa comercial e alternativa, daí que se torne descabido o comportamento de algumas autoridades em tentar descredibilizar o trabalho de todos estes profissionais. Já imaginaram um mundo sem informação?

        Minha grande paixão, é a escrita e o que a move este sentimento é não saber tudo, acredito que seja influencia socrática. Hoje com os meus cabelos brancos, tenho o privilégio de dizer que não sei tudo e mesmo estando na terceira idade, o processo de aprendizagem não termina nunca. E isso explica o resto.

Foram anos de luta da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) por uma identidade, que agora se vê diluída em certo cercadinho. Comentários insultuosos e o risco iminente de serem agredidos por autoridades ou seus seguidores. Assim, acredito que os jornalistas brasileiros merecem mais respeito.

Quando Umberto Eco diz que “as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis,” ele quer dizer que estas pessoas antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”. Acrescentou que “normalmente, eles [OS IMBECIS] eram imediatamente calados,  mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”. E enfatizou que “a TV já havia colocado o idiota da rede em um patamar no qual ele se sentia superior. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da rede social em portador da verdade”.

Assim, o aparecimento da Internet obrigou ao jornalismo e aos jornalistas, saírem da sua zona de conforto e por isto, se viram obrigados a reinventar-se (mais uma vez). Com ela, surge também uma nova forma de participação do público. É nas redes sociais que os órgãos de comunicação social, alternativo ou corporativo, geram mais interações com o seu público.


Os problemas da comunicação social não é apenas de uma classe ou de um setor corporativo, ele reflete em toda sociedade, e são suficientemente graves e importantes para serem deixados apenas aos profissionais do setor. Por isso, antes de nos queixarmos de um artigo que é tendencioso ou agride o estado de direito, lembremo-nos que está em nossas mãos mudar isso e que o jornalismo ainda é o “pilar” da nossa democracia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

ARTIGO - Quem tem direito, Israel ou Palestina? (Padre Carlos)

 

Quem tem direito, Israel ou Palestina?

 


Mafalda Gomes 

Apesar de não ter uma formação sobre política internacional, nem ser especialista do Médio Oriente, tenho nestes mais de quarenta anos de militância, acompanhado o processo de formação do Estado de Israel moderno. Sei alguma coisa da história de Israel até o primeiro século, devido os estudos teológicos e o empenho e a dedicação do professor Frater Henrique, que se entregou a nobre tarefa de nos ensinar esta matéria. Por isto, sei que aquele conflito não é de hoje e sempre esteve presente na vida daquele povo, como uma neurose coletiva que tem consumido suas energias.


Como filósofo e teólogo uma coisa eu tenho certeza neste conflito. Estão todos sofrendo no corpo e na alma. Tudo isto, por causa de um pedaço de terra que é menor que o Estado de Sergipe. Pois é: Israel e Palestina juntos são menores que Sergipe. O que torna a impossibilidade desta convivência não é tanto a cultura ou a religião destes dois povos, mas a vontade de poder dos seus lideres e a falta de vontade política para isto. Essa mesma falta de vontade que tem feito muitos países do mundo entrar em guerra.

Quem desembarcou primeiro por aquelas bandas, foi Abraão. Assim, seu filho Isaac, já nasceu neste pedacinho de terra. Foram várias gerações até Moisés que libertando o povo do Egito, introduziu o Israelense nesta terra novamente para ocupar e afirmar o direito divino sobre ela.

Não quero aqui me alongar com as conquistas de Jericó nem com o exílio da Babilônia, que escravizou por algumas décadas esta gente, mas o inportante é ter em mente, que sempre houve uma volta a Sião.

O inportante aqui é saber que foi um povo que tomou posse da terra de outros e outros tomaram posse da sua terra. Umas vezes mandaram os judeus, outras vezes mandaram os babilônios. Mais tarde vieram os Romanos e destruíram o Templo no ano 70 d.C. e terminou o Reino de Israel.

Vocês vão me perguntar! E a história dos palestinos? É verdade! Sei muito pouco da história do povo árabe e a sua ligação à Palestina que, por ser um povo mais novo a ser formado e derivado da cultura árabe, faz parte da história recente daquele território.

Tentei contar esta história, de certa forma reduzida, muito, mas para ajudar a perceber que esta história que estamos vivenda hoje, não existe nada de novo, ela é uma história milenar e se confunde com o surgimento daqueles povos. Mesmo para os estudiosos é difícil entender certos comportamentos. Por isto posso dizer que o Povo judeu é diferente de tudo que já vi! Não são como nós! Têm uma cultura muitíssimo forte. É difícil encontrar um israelita cristão. O judeu se fecha em uma simbiose entre raça, cultura e religião. Assim, diferente dos judeus, os povos árabes, são pessoas que estão constantemente em movimento. Quase todos os cristãos da Terra Santa são de origem árabe. Há alguns de origem hebraica, mas muito poucos.


Eu credito que a solução para este conflito, precisa passar necessariamente pelas negociações, em todo o campo, seja: cultural, racial, religioso e político. É, por isso, necessariamente uma solução política. Mas conhecendo a natureza dos políticos neste início de milênio, às vezes já não sei se a política é a solução nestes casos ou é o problema.

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...