domingo, 5 de setembro de 2021

ARTIGO - O mercado de trabalho depois dos cinqüenta. (Padre Carlos)

 

Ele é velho ou experiente?

 


Nenhuma uma pessoa de cinqüenta anos é velha, nem um indivíduo de setenta é um inválido. O que importa na verdade, é ter bom senso e na seleção não ser preconceituoso, mas criterioso na escolha.


Tenho sessenta e um anos e a diferença de idades entre mim e meus colegas de trabalho era evidente e conseqüentemente a inevitável diferença de mentalidades, também existia.  Achava que convivia bem com esta realidade; acreditava, por ser mais velho, a consideração, o respeito e o carinho que todos me dispensaram enquanto estive naquele cargo, me credenciava sabedoria e experiência. De um modo geral, quase todos tinham idade para poderem ser meus filhos – e por isso eu era para eles ‘o senhor ou simplesmente: Padre Carlos e eles para mim os meus amigos.  Quando eu falava que era o mais velho no setor, eles contestavam, com serenidade e delicadeza que sempre demonstraram. “Mais velho, não! Mais experiente”. 

Assim, acredito que estes antigos colegas, não só tinham razão, mas buscavam com aqueles gestos, lembrar a importância dos mais velhos. Foram estes gestos e compreensão desta realidade, que jamais esqueci e não deixa de ser verdadeira. Assim, estas certezas dos antigos colegas, me levaram hoje a abordar este tema tão importante: a experiência dos mais velhos no mundo do trabalho. Na sociedade em que vivemos, cresce cada vez mais uma tendência de se fechar as portas aos mais “velhos” para se dar lugar aos “novos”, que estão iniciando no mercado.

No setor privado, são ainda mais exigente, principalmente na seleção, pessoas de cinqüenta anos são considerados velhos, eles acham que estas pessoas por terem uma idade mais avançada, não conseguem mais produzir. No setor público pode trabalhar até aos setenta anos ou mais, só que é obrigado a cumprir as mesmas tarefas atribuídas aos jovens no início de sua carreira, isto não faz qualquer sentido. 

A verdade é que nem uma pessoa de cinqüenta anos é velha, nem um indivíduo de setenta é um inválido. O que importa é ter bom senso e uma seleção criteriosa do trabalho que se atribui a cada um. 

Todos sabem que, fisicamente, um velho não pode competir com um novo, pelas limitações próprias das respectivas idades. Nem Pelé com toda a sua glória do futebol jamais poderia jogar hoje na seleção brasileira.

Mas, em contrapartida, estaria apto a transmitir a sua experiência e o seu saber aos mais jovens, se fosse aproveitado para exercer outras funções. Com este exemplo, podemos partir para outros, até chegar à minha área e a de tantos brasileiro.


A este respeito, ainda temos muito que aprender com a civilização oriental, onde o velho é intocável por ser o símbolo da sabedoria, da experiência, da cultura, alguém em que toda a sociedade se revê. Para a civilização ocidental, é o oposto. O velho é descartável, já não produz, não serve para nada.

 

 

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