Precisamos de uma Frente
Democrática
Quando nossa experiência de décadas vivida fala
mais alto e a nossa análise aponta para uma frente democrática, queremos dizer
que devemos ser cuidadosos e evitar o triunfalismo, como vem acontecendo com certos
setores da esquerda. Fico preocupado quando vejo dirigentes partidário pregando
ideias simplista e infundada de que nosso êxito está ali dobrando a esquina,
que não precisamos de alianças com setores liberais e democrático e que o
futuro já foi escrito na “estrela” que necessariamente nós seremos os
vencedores. Sejam quais forem nossas vitórias, não podemos deixar de ver que
nos últimos anos a maré de mudança política tem se movido rápida e
impiedosamente contra nós.
Nossas
derrotas e reveses – demasiadamente numerosos para listá-los nesta breve artigo
– impuseram por todos os lados
restrições à natureza de nossa resistência. Temos lutado não apenas contra a ascensão
do bloco neoliberal e da direita reacionária, mas também contra nosso próprio
pessimismo, o pessimismo que brota diante de tantas perdas de direitos e derrotas,
causando no campo progressista uma falta de sonhos e utopias.
É necessário ter uma
clara
convicção de que outro mundo é efetivamente possível e para isto precisamos de
um grande pacto político, por isto, não justifica este comportamento por parte
de alguns setores da esquerda de criticar e condenar todas as iniciativas que
vão surgindo. As alianças no campo político não representa necessariamente um
casamento com quem amamos e queremos ficar o resto das nossas vidas, mas de um
projeto político que se possa abrir mão de algo para avançar em outros pontos.
Desta forma, não podemos nos resignar à ideia de que é suficiente ganhar as
eleições e tirar Bolsonaro, isto é, “realizar o bom comba-
te” e botar a culpa na oposição de não podermos realizar as mudanças
necessárias. Não podemos nos eximir da responsabilidade de encontrar as
maneiras de ir mais adiante. Só assim, poderemos perdoar nossa própria prática
mesquinha e des-cuidada, de não saber governar para todos e com todos. O que a
esquerda acadêmica esquece é que não foi fácil garantir
que cada brasileiro pudesse tomar café da manhã, almoçar e jantar e isto só foi
possível devido às alianças com setores liberais e democráticos, para que os
programas sociais fossem aprovados.
A luta contra este inimigo tem se revelado mais complicada do que
pensávamos. Mesmo assim, confesso aos senhores que não tem sido fácil, mas o
grande inimigo que temos que enfrentar se encontram na nossa luta interna
contra a preocupante ideia de que nos resta unicamente uma resistência nobre,
mas sem esperanças. Tenho certeza que podemos refazer nossa caminhada, mas para
isto será necessário construirmos pontes e alianças com alguns setores da
sociedade, para que possamos reverter o desmonte que fizeram no Estado
brasileiro.