domingo, 23 de janeiro de 2022

ARTIGO - Os cristãos e a política (Padre Carlos)

 

Os cristãos e a política

 

A democracia, como disse Churchill, "é a pior forma de Governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história". É mesmo um sistema que permite eleger aqueles que tudo farão para destruí-la.

Hoje, diante das propostas políticas apresentadas a sociedade por certos candidatos, por mais que não queiramos ser maniqueísta e engrossando o couro daqueles que buscam dividir a sociedade entre bons e maus, puros e impuros, não podemos fechar os olhos para a realidade, a pergunta do Evangelho é constantemente devolvida aos nossos ouvidos, e neste tempo, de forma mais aguda: diante destas injustiças, de quem é que me faço próximo?

Nestes momentos de crise e de falta de utopias e esperanças, temos o habito de buscar salvadores da pátria e paladinos da verdade para resolver os nossos problemas, como se buscássemos um pai ou um protetor. Eles dizem o que queremos ouvir e apresentam soluções fáceis para todos os problemas da nação. Propõem-se a resgatá-la das mãos dos corruptos, dos bandidos, dos subsídio-dependentes e dos preguiçosos que vivem à custa de quem trabalha. Estes discursos e estas propostas terminam encantando as massas que não suportam mais o fardo pesado que colocaram nas suas costas. Para conseguir a atenção do povo estes políticos fazem de tudo, nem que para isso tenham de recorrer às falsas notícias, as meias-verdades ou até às mentiras completas.

Quando chegam ao governo, terminam agarrando-se ao poder, pondo em cheque as instituições democráticas e promovendo a narrativa de uma vitória que lhe foi roubada de forma fraudulenta. Desta forma, milhões de americanos acreditaram nas falsidades que Trump e seus seguidores difundiram através das redes sociais. Muitos deles, incendiados pelas suas palavras, lançaram-se nesse gesto insano do assalto ao Capitólio, numa tentativa desesperada de impedir o colégio eleitoral de ratificar a vitória de Joe Biden.

 

Dependendo da conjuntura e da frágil democracia que se apresentam nestes momentos de crises política e econômica, muitas vezes estes políticos conseguem os seus intentos. Foi o que aconteceu com Bolsonaro. Outras vezes, o sistema democrático tem uma forma admirável de correr com eles: o voto. É o que as pesquisas vêm sinalizando e mesmo sem credibilidade, as emendas e o orçamento falam mais auto no nosso Congresso.

É lamentável que líderes católicos brasileiro, apoiam este governo e tudo o que ele representa. Estas iniciativas só comprovam que a Igreja e o Brasil já estão infetados pelo populismo. Diante disto, precisamos criar uma frente democrática de cristãos de várias denominações (católicos, metodistas, evangélicos, anglicanos e presbiterianos) unirmos com o objetivo de criarmos gesto ecuménico, em consonância com o oitavário de oração pela unidade dos cristãos e assim criarmos dentro da política um ambiente com valores de fé e cristão.

 

 

 

 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

ARTIGO - No dia 23 de janeiro Dom Zanoni completa 60 anos (Padre Carlos)

 



No dia 23 de janeiro Dom Zanoni completa 60 anos

 



Quando falamos de vocação sacerdotal, nos lembramos logo que o seguimento radical de Jesus é o principal fruto da vida batismal. Não há seguimento sem renúncia, sem entrega disponível da própria vontade: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14,26-27). No ministério sacerdotal, o empenho da renúncia nunca pode ser uma expressão da anulação de si, mas sempre uma resposta de amor por causa do amor a Deus. Renunciamos a nós próprios porque somos livres! Era o grande ensinamento do Pe. Benedito e formador destes meninos que décadas mais tarde passaram a ocupar os cargos relevantes da Igreja no nosso estado.

Tudo começa quando a diocese passa a apoiar as luta social e a dura vida do povo em nossa cidade, a Igreja Católica e os cristãos, fizeram um compromisso social radical em nome da fé, mostrando que o maior problema da Igreja na nossa diocese não estava em questões dogmáticas, mas em como enfrentar à sua luz a situação de opressão, de exploração do homem do campo, como acontecia com os catadores de café e os trabalhadores urbanos que passavam a ocupar cada vez mais a serra do periperi. É neste contesto que surgiram muitas vocações em nossa cidade e uma delas a de Dom Zanoni.

No dia 23 de janeiro, Dom Zanoni completa 60 anos. Esta data para seus amigos se tornou um Memorial, isso porque, resgatar a memória é lembrar um determinado dia é fazer com que nós não esqueçamos jamais deste acontecimento. Entre várias comemorações em Feira de Santana, Vitória da Conquista e por onde ele foi apascentando suas ovelhas, uma tem um sabor de Irmandade e companheirismo, esta será realizada em Barra do Choça com uma missa e almoço na Cotefave com os irmãozinhos em recuperação.

As elites da nossa cidade sempre quiseram que Igreja apresentasse um Deus-Poder que justificasse o seu poderio de mando e subordinação. Mas o Deus de Jesus e o do Pe. Zanoni não se confunde com o Poder da dominação, Ele é omnipotente, não no sentido de dominar, mas como Força infinita de criar e promover. Por isso, ao abrir a catedral pra celebrar a missa de sétimo dia do assassinato de Etelvino (Teté) na fazenda paixão e denunciar os crimes que estavam sendo cometidos contra os mais fracos, chamou para si todo o ódio deste seguimento conservador e burguês.

A vocação profética deste homem de Deus o levou mais uma vez a denunciar a chacina da fazenda Mucambo. Este gesto colocou sua vida em risco quando em uma reunião de donos de terra daquela região foi definido que o padre da Catedral estava incomodando muito e deveria ser eliminado. Um dos membros deste grupo fez com que esta notícia chegasse ao Bispo Celso José. Coube ao Padre João Cardoso denunciar na Resenha Geral do saudoso Herzem Gusmão, aquele plano que estava em curso, evitando assim este martírio. Mesmo ameaçado de morte e correndo o risco por se expor sem medo desta gente, foi a Brasília lutar pela desapropriação destas terras.   Hoje o MST conta com 23 assentamentos na região.

             Olhando pra traz e vendo os caminhos que Dom Zanoni tem percorridos nestes sessenta anos de existência, podemos afirmar que quem procura a paz, tem que trabalhar pela justiça e quem está  procurando justiça, tem que ter como primícias a defesa intransigente da vida.

 

Parabéns Companheiro!

 

 

 

 

 

 


terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Precisamos Virar a Página da Triste Era Bolsonaro ( Padre Carlos )

 


Precisamos Virar a Página da Triste Era Bolsonaro



 

Uma das tristes pagina da nossa história tem sido esta pandemia e as políticas que foram adotadas no sentido de combatê-las.  Neste momento, uma das mais condicionantes no dia-a-dia dos brasileiros, por isto não se pode negar que ela é o fenómeno que mais impactou no nosso bem-estar e na nossa qualidade de vida. Mas existem muitos outros problemas que o fim da pandemia não fará terminar. São crónicos, estruturais, profundos. E virar a página também implica resolvê-los. 2022 têm de ser o ano de virar a página! Para bom entendedor, meia palavra basta.

O nosso sistema democrático tem vários desafios pela frente para evitar uma crise a curto ou médio prazo (que será efetiva se tudo continuar como está). A ascensão dos movimentos populistas, a corrupção, a falta de transparência, a ineficiência do Estado, a crise de representação e a consequente fraca participação cívica e eleitoral são alguns desses problemas.

 Um governo de centro tendo com base a unidade popular dependerá inteiramente da vontade dos brasileiros e do voto útil, aquele que irá virar a página da triste era Bolsonaro. Um voto de protesto nos partidos de esquerda e de centro terá consequências úteis, porque levará a uma estabilidade política e será fundamental para governabilidade e ajudará aprovar as reformas necessárias.

Temos que ter em mente que uma frente com a direita, e certos partidos de aluguel, é um preço demasiado elevado a pagar. Até porque o futuro governo, ao contrário do que acontece hoje, precisa formar as alianças através de um programa de governo. Desta forma, os brasileiros não devem esperar malabarismos de retórica. O que é dito hoje, amanhã também será válido.

Um estado democrático saudável precisa ter os seus pilares bem cuidados. A Saúde, a Educação, a Justiça e o combate à pobreza têm de ser o objetivo central, para garantir o livre e universal acesso dos cidadãos e a justa promoção do bem-estar social. Hoje, estes pilares estão esquecidos e precisam de reformas efetivas que os tornem mais eficientes, de forma estrutural.

Não podemos continuar com estas políticas de remendo, limitadas na ação, no tempo e no espaço. É preciso escolher quem nos garanta um projeto coerente e estável, capaz de perdurar para além das conjunturas e arranjos políticos.

Por isso, esta aliança precisa ser composta por uma estratégia de longo prazo que tenha identidade nestas áreas. Pela sua visão de futuro e não por uma ação conjuntural.

Para sermos melhores temos de mudar. E para mudarmos temos de observar os erros, assumi-los e ser mais exigentes. Conosco e com quem está governando com a gente.

Falta-nos, muitas vezes, a audácia de ambicionar e a coragem de exigir.

Mas, sem coragem, nunca viraremos a página.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

ARTIGO - Precisamos de uma Frente Democrática (Padre Carlos)

 


Precisamos de uma Frente Democrática

 


Quando nossa experiência de décadas vivida fala mais alto e a nossa análise aponta para uma frente democrática, queremos dizer que devemos ser cuidadosos e evitar o triunfalismo, como vem acontecendo com certos setores da esquerda. Fico preocupado quando vejo dirigentes partidário pregando ideias simplista e infundada de que nosso êxito está ali dobrando a esquina, que não precisamos de alianças com setores liberais e democrático e que o futuro já foi escrito na “estrela” que necessariamente nós seremos os vencedores. Sejam quais forem nossas vitórias, não podemos deixar de ver que nos últimos anos a maré de mudança política tem se movido rápida e impiedosamente contra nós.

            Nossas derrotas e reveses – demasiadamente numerosos para listá-los nesta breve artigo – impuseram por todos os lados
restrições à natureza de nossa resistência. Temos lutado não apenas contra a ascensão do bloco neoliberal e da direita reacionária, mas também contra nosso próprio pessimismo, o pessimismo que brota diante de tantas perdas de direitos e derrotas, causando no campo progressista uma falta de sonhos e utopias.

É necessário ter uma clara
convicção de que outro mundo é efetivamente possível e para isto precisamos de um grande pacto político, por isto, não justifica este comportamento por parte de alguns setores da esquerda de criticar e condenar todas as iniciativas que vão surgindo. As alianças no campo político não representa necessariamente um casamento com quem amamos e queremos ficar o resto das nossas vidas, mas de um projeto político que se possa abrir mão de algo para avançar em outros pontos. Desta forma, não podemos nos resignar à ideia de que é suficiente ganhar as eleições e tirar Bolsonaro, isto é, “realizar o bom comba-
te” e botar a culpa na oposição de não podermos realizar as mudanças necessárias. Não podemos nos eximir da responsabilidade de encontrar as maneiras de ir mais adiante. Só assim, poderemos perdoar nossa própria prática mesquinha e des-cuidada, de não saber governar para todos e com todos. O que a esquerda acadêmica esquece é que não foi fácil
garantir que cada brasileiro pudesse tomar café da manhã, almoçar e jantar e isto só foi possível devido às alianças com setores liberais e democráticos, para que os programas sociais fossem aprovados.

           

A luta contra este inimigo tem se revelado mais complicada do que pensávamos. Mesmo assim, confesso aos senhores que não tem sido fácil, mas o grande inimigo que temos que enfrentar se encontram na nossa luta interna contra a preocupante ideia de que nos resta unicamente uma resistência nobre, mas sem esperanças. Tenho certeza que podemos refazer nossa caminhada, mas para isto será necessário construirmos pontes e alianças com alguns setores da sociedade, para que possamos reverter o desmonte que fizeram no Estado brasileiro.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

ARTIGO - Procura-se um Presidente (Padre Carlos)

 Procura-se um Presidente



O próximo presidente terá grandes desafios em seu governo: no bicentenário de nossa independência, o país vive um processo de desagregação social, descrédito político, déficits fiscais, endividamento geral, além da crise sanitária que se arrasta há dois anos e não tem prazo para terminar. Ao mesmo tempo, passa por uma paralisia econômica, com baixa produtividade, poupança reduzida, falta de competitividade e inovação.

Este é o momento de reunir todos: esquerda, democratas e liberais com o objetivo de criar um grande pacto para que possamos juntar forças e com coragem e esperança olhar para o futuro com um só proposito: reconstruir a nação pós Bolsonaro. Nada será como antes! Das chamas da Amazônia a nossas riquezas que foram vendidas, ficaram as cinzas, rasto de memórias de um projeto de Nação. Estas perdas que tem levado o país a uma das piores recessões da sua história, não aconteceram em decorrência de uma crise, foram provocada pela ação política e judiciária levando assim a uma série de crimes de Lesa Pária jamais visto na história do Brasil.

Por isto, precisamos mais do que nunca, de Um presidente voltado para os pobres e excluídos. Que defenda bandeiras dos trabalhadores sem defender os corporativismos de determinados setores. Que entenda que defender direitos dos servidores estatais, não significa abrir mão da luta pela qualidade dos serviços públicos; não podemos esquecer que estatal tem que ser verdadeiramente sinônimo de público e de qualidade, se não for assim, é melhor que fique com a iniciativa privada.

Um presidente que busque coesão social e rumo histórico. Que busque plantar a semente de um mundo melhor para as futuras gerações, que crie consumidores e cidadãos.

Que não seja um presidente acomodado de ideias simplistas, mas que reinvente a roda para fazer a economia voltar a crescer e ser justo com quem gera a riqueza deste país. Este presidente que colocaremos todas as nossas esperanças não podem ser trocados por slogans nem os intelectuais do seu governo podem ser trocados por marqueteiros.

Perdemos em três anos o que levamos com várias gerações para construir. Sim, uma vida inteira de trabalho, dedicação e empenho, ficando desta forma, o silêncio na impotência de exprimir o que realmente sentimos.  Se formos procurar o fundo do poço, vamos ter de olhar para cima. 

Este precisa ser o designo que o novo presidente terá pela frente nos próximos anos: a nacionalização dos nossos recursos e das nossas empresas e a reconstrução, urgente, de tudo que se perdeu.

            É preciso virar a página da triste era Bolsonaro e entrar no tempo de reconstruir e de construir. O caminho terá que ser fruto de um pacto e a estratégia definida por uma frente nacionalista. Este é o tempo de avançar nestas certezas.

 

 


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

ARTIGO - Perdemos a direção do norte (Padre Carlos)

 


Um Norte para o Brasil

 



2022 será um ano decisivo! É claro que todos os anos são o seu modo, mas a atual conjuntura nacional e mundial faz o novo ano determinante para a próxima década.

A evolução da covid-19, que deixou de ser uma pandemia transitória como a gripe espanhola, e suas múltiplas mutações, tem sinalizado que ainda vamos conviver mais algum tempo com todas as medidas sanitárias; as eleições presidenciais e a formação de uma frente antifascismo, podendo desembocar em um grande pacto nacional; fazem de 2022 um ano de decisões, desafiante e o que é mais delicado, sob o princípio da incerteza.

Por isso, o título que escolhi para esta coluna explora um duplo sentido dos meus votos para 2022. Precisamos de um projeto que englobe - região, país e Mundo - de um norte, de um rumo de desenvolvimento que introduza visão, solidariedade e uma parceria com nossos amigos do MERCOSUL, num contexto de riscos elevados e fragmentação é fundamental reconstruir o mercado interno e refazer este grande sonho de integração continental. Por outro lado, o Brasil e os países Latino Americano precisam de um Norte forte e lideranças, na sua máxima força empreendedora, institucional e exportadora, para dar a sua indispensável contribuição na retomada da económica, num novo ciclo industrial e na coesão social e territorial.

A realização desta agenda será determinante para darmos uma resposta aos desafios que teremos de enfrentar.

Desigualdade. O que fizermos nestes próximos anos no sentido de apoio aos setores da população vulneráveis definirá a sustentabilidade da nossa qualidade de vida e a qualidade da democracia. Qualificar esta nova geração e reformar o Estado brasileiro para que a maioria da população tenha acesso aos serviços públicos de qualidade são decisivos, para vencer os desafios que esta crise tem causado.

         Esta agenda não se faz sem mudar comportamentos, fontes e consumos energéticos. A eficiência, as energias limpas, a retomada da Petrobras como empresa dos brasileiros, a Eletrobrás como fonte de desenvolvimento e as soluções locais de eletrificação são fundamentais para darmos o pulo do gato.

Desglobalização. O termo entrou no jargão econômico e político. A instabilidade mundial nos fornecimentos de commodities, matérias-primas, energias e tecnologias é uma ameaça e exige a procura de novos mercados e atividades, privilegiando a proximidade do Brasil com os BRICS, e antigos parceiros do médio Oriente.

Descentralização. Precisamos de um Estado mais próximo, mais eficiente, mais barato. O tempo da política está cada vez mais desajustado do tempo das pessoas e da economia real. Informar e esclarecer, combatendo a demagogia, é imperativo. O debate da Reforma do Estado está de volta e precisa alcançar o Ministério da Defesa o Judiciário e o Congresso Nacional. É a reforma-mãe do Estado para que haja verdadeiramente democracia neste país.

 


sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

ARTIGO - Uma Igreja com dinamismo sinodal (Padre Carlos)

 



Uma Igreja com dinamismo sinodal


 

Poucas pessoas tomaram consciência que este ano que se inicia, traz em seu bojo o germe da transformação ou poderíamos dizer o sopro da renovação da Igreja. Estamos falando do Sinodo que promete e os efeitos das posições tomados nos últimos anos.

A Igreja e os cristãos de um modo geral começam 2021 uma nova dinâmica sinodal, a qual o Papa Francisco convidou de forma solene em Roma nos dias 9 e 10 de outubro. Não podemos negar que quando o Pontífice convida todas as dioceses do Mundo para assumirem esse dinamismo, ele inverte não só a forma de se preparar o Sínodo, mas a metodologia dentro da própria Igreja.

Mais do que uma nova metodologia de preparação do Sínodo dos Bispos, o Papa quer que a Igreja seja mais sinodal do que clerical. Ou seja: em vez de alguns falarem e os restantes acatarem as determinações vindas de cima, quer que todos possam expressar as suas opiniões e influenciar as decisões que serão tomadas. O objetivo é que, a partir da contribuição de todos, se escute melhor o que o Espírito pede à Igreja.

Até agora era assim: se produzia um documento que Roma enviava às dioceses para ser refletido pelos cristãos, os quais enviavam as suas comunidades para que servisse de reflexão aos bispos no Sínodo. Agora, o Papa pretende escutar todas as pessoas, até fora da Igreja, para determinar os assuntos que serão refletidos pelo Sínodo.

Assim, o documento preparatório do Sínodo não propõe doutrinas, mas dá alguns núcleos temáticos e, sobretudo, indicações para promover essa reflexão, primeiro ao nível local - até agosto de 2022 - e, depois, em todo o Continente Latino Americano - até setembro de 2023. Em Outubro de 2023, acontecerá então, em Roma, o Sínodo propriamente dito, com a participação de bispos de todo o Mundo. Não todos os bispos é claro, se não seria um Concílio, mas representantes de cada conferência episcopal.

Não podemos se ingênuo de achar que uma canetada acabará com séculos de clericalizarão da Igreja, mesmo assim, o ano de 2022 será o início de uma nova Igreja e o primeiro passo desta restauração como forma sinodalidade do seu funcionamento. Este dinamismo que o Papa está suscitando na Igreja levará vários anos até se concretizar. Não é um caminho fácil de trilhar porque não se trata de substituir o autoritarismo pelo parlamentarismo, mas de deixar-se conduzir pelo Espírito. Este não fala só pelos clérigos, mas também pelos leigos. E até sopra fora da Igreja. O primeiro passo foi dado em 2021...

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...