quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

ARTIGO - No dia 23 de janeiro Dom Zanoni completa 60 anos (Padre Carlos)

 



No dia 23 de janeiro Dom Zanoni completa 60 anos

 



Quando falamos de vocação sacerdotal, nos lembramos logo que o seguimento radical de Jesus é o principal fruto da vida batismal. Não há seguimento sem renúncia, sem entrega disponível da própria vontade: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14,26-27). No ministério sacerdotal, o empenho da renúncia nunca pode ser uma expressão da anulação de si, mas sempre uma resposta de amor por causa do amor a Deus. Renunciamos a nós próprios porque somos livres! Era o grande ensinamento do Pe. Benedito e formador destes meninos que décadas mais tarde passaram a ocupar os cargos relevantes da Igreja no nosso estado.

Tudo começa quando a diocese passa a apoiar as luta social e a dura vida do povo em nossa cidade, a Igreja Católica e os cristãos, fizeram um compromisso social radical em nome da fé, mostrando que o maior problema da Igreja na nossa diocese não estava em questões dogmáticas, mas em como enfrentar à sua luz a situação de opressão, de exploração do homem do campo, como acontecia com os catadores de café e os trabalhadores urbanos que passavam a ocupar cada vez mais a serra do periperi. É neste contesto que surgiram muitas vocações em nossa cidade e uma delas a de Dom Zanoni.

No dia 23 de janeiro, Dom Zanoni completa 60 anos. Esta data para seus amigos se tornou um Memorial, isso porque, resgatar a memória é lembrar um determinado dia é fazer com que nós não esqueçamos jamais deste acontecimento. Entre várias comemorações em Feira de Santana, Vitória da Conquista e por onde ele foi apascentando suas ovelhas, uma tem um sabor de Irmandade e companheirismo, esta será realizada em Barra do Choça com uma missa e almoço na Cotefave com os irmãozinhos em recuperação.

As elites da nossa cidade sempre quiseram que Igreja apresentasse um Deus-Poder que justificasse o seu poderio de mando e subordinação. Mas o Deus de Jesus e o do Pe. Zanoni não se confunde com o Poder da dominação, Ele é omnipotente, não no sentido de dominar, mas como Força infinita de criar e promover. Por isso, ao abrir a catedral pra celebrar a missa de sétimo dia do assassinato de Etelvino (Teté) na fazenda paixão e denunciar os crimes que estavam sendo cometidos contra os mais fracos, chamou para si todo o ódio deste seguimento conservador e burguês.

A vocação profética deste homem de Deus o levou mais uma vez a denunciar a chacina da fazenda Mucambo. Este gesto colocou sua vida em risco quando em uma reunião de donos de terra daquela região foi definido que o padre da Catedral estava incomodando muito e deveria ser eliminado. Um dos membros deste grupo fez com que esta notícia chegasse ao Bispo Celso José. Coube ao Padre João Cardoso denunciar na Resenha Geral do saudoso Herzem Gusmão, aquele plano que estava em curso, evitando assim este martírio. Mesmo ameaçado de morte e correndo o risco por se expor sem medo desta gente, foi a Brasília lutar pela desapropriação destas terras.   Hoje o MST conta com 23 assentamentos na região.

             Olhando pra traz e vendo os caminhos que Dom Zanoni tem percorridos nestes sessenta anos de existência, podemos afirmar que quem procura a paz, tem que trabalhar pela justiça e quem está  procurando justiça, tem que ter como primícias a defesa intransigente da vida.

 

Parabéns Companheiro!

 

 

 

 

 

 


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