segunda-feira, 7 de março de 2022

ARTIGO - Após o susto, o bom senso prevaleceu no PT baiano. (Padre Carlos

 


Após o susto, o bom senso prevaleceu no PT baiano.





       Ao ser surpreendido nesta manhã com a notícia que o governador Rui Costa (PT) permanece no Executivo até o fim do mandato e o mais importante, até o final dessa semana o PT apresentará o nome entre seus quadros para cabeça de chapa, me tranquilizou e me fez acreditar que podemos voltar ao jogo. 

Ocorre-me compartilhar com os leitores e militantes do centro e da esquerda, um sentimento que perpassa toda esta crise, provocada com a desistência do senador Jaques Wagner (PT) em relação a cabeça de chapa para o governo do estado. Gostaria de afirmar, que Faltou neste momento ao partido uma liderança altiva e serena, capaz de unir toda a base aliada em torno do propósito único de combater, com inteligência e coragem, o inimigo comum – o carlismo e as forças conservadoras que querem voltar ao palácio de Ondina. Em vez disso, sobraram ações e atitudes entreguistas e a exposição de projetos pessoais, que só contribuíram para confundir e piorar ainda mais as coisas.

Quando os partidos de esquerda da base aliada chamou a atenção das lideranças petistas que nessa chapa era justamente a candidatura de Jaques Wagner ao Governo do Estado que representava este seguimento, que a aliança com a direita liberal passava com a reeleição senador Oto Alencar e o PP continuaria como vice, o que se viu por parte da direção, foi um silêncio ensurdecedor e uma omissão impar com relação às falas de suas lideranças. Este comportamento por parte da direção rompia com um consenso aceito por todos os partidos que mesmo não participando da chapa majoritária (PSB, PCdoB, Avante e outros) sentiam-se nela representados. Nestes dias, vimos um partido acovardado e com medo de colocar suas posições diante do governador, chegando ao ponto de correntes dentro do partido querendo agradar seus senhores ou chegar primeiro ao rio para beber a agua limpa, declarar apoio ao senador Otto para governo.

Assim, o que me surpreendeu mais esta manhã foi à nota do PT da Bahia de afirmar que o partido estaria reafirmando a decisão de candidatura própria ao Governo do Estado. É importante, mas lamentamos que esta decisão tenha chegado a uma semana de atraso, se a direção tivesse tomadas as rédeas e não se calasse durante todo este período de crise, teria evitado um desgaste enorme ao projeto, além de poupar todo o campo da esquerda de sair em defesa do projeto. Esta nota termina nas entre linhas mais agredindo do que esclarecendo se temos capacidade de pensar e de discernir tudo o que aconteceu estes dia.

Enfim, o bom senso venceu e ele representa o elemento central da conduta ética dos seus dirigentes, uma capacidade virtuosa de achar o meio-termo e distinguir a ação correta, o que é em termos simples, nada mais do que bom senso.

 


domingo, 6 de março de 2022

ARTIGO - A cultura do outro, precisa ser vista como fonte de riqueza e não como subtração. (Padre Carlos)

 


A cultura do outro, precisa ser vista como fonte de riqueza e não como subtração.

 

 


 

Quando Bira Mota pediu que falasse o que penso das religiões de matriz africana, não me dei conta que este assunto era mais vasto que uma pobre e pequena explicação sobre tolerância religiosa ou respeito pela cultura do outro. Ela transcende o nosso ser e a nossa forma de ver o outro e o mundo que queremos.

Para falar deste tema, será necessário chamar a atenção da subalternidade que a cultura católica no nosso continente tentou impor as outras culturas e diante disso, entendo que seria necessário colocar no papel algumas questões.

O dialogo inter-religioso tem chamado à atenção da igreja nos últimos anos e sempre que se fala em religião/religiões me vem à mente as palavras do teólogo Hans Küng: “Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões”. Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões. Como disse Dom Zanoni: “O mundo em que vivemos é eminentemente plural, diverso, rico de experiências e povos, plural nos âmbitos sociocultural, eclesial e religioso”. Por isto, precisamos combater este tipo de visão hierarquizada que muitas vezes vem acompanhada de uma relação xenófoba e preconceituosa. Esta voz no seio da igreja tem permitido a criação de um vaso comunicante entre as religiões de matriz africana e a América católica do colonizador.

O fato novo, é que agora é a autoridade da Igreja que não aceita mais a política do ser menos contra estes irmãos e para que isto aconteça, é fundamental que estas relações sejam desierarquizadas para que possa descristalizar estas crosta que se formaram ao longo da nossa história e que ainda está muito presente no imaginário desta sociedade e de um cristianismo concervador católico e protestante.

O objetivo do teólogo é chamar a atenção da igreja para que deixe de existir uma falsa concepção de maior e menor ou de digno e não digno. Para vencer estes preconceitos, será necessário ir ao encontro destas culturas de forma desarmada e com a mente aberto no sentido de acolher e conhecer e vivenciar o sagrado que está também no outro, mesmo sabendo que se trata de culturas heterogenias. Só assim, poderemos nos enriquecer com as diferenças e estas, não podem ser vistas como subtração, mas como potencialização das culturas.

Estamos agindo de forma semelhante aos intelectuais e teólogos do século passado, achamos que somos avançados porque somos tolerantes com as outras culturas. Alguns se acham progressistas por ir além e respeitar estas manifestações culturais, mas jamais admitiram mesclar e vivenciar ou compartilhar com o irmão para sentir e entender o sagrado dele. Como disse o Pequeno Príncipe: “As pessoas que se conhecem, levam um pouco das pessoas que ficam”. A cultura do outro, precisa ser vista como fonte de riqueza e não como subtração.

Eu vejo o encontro de Dom Timóteo com Menininha do Gantois como uma referencia para este simbolismo de ir além da tolerância e do respeito para comungar com o irmão e vivenciar com ele a sua fé.

 


sábado, 5 de março de 2022

ARTIGO - A falta que faz um professor nesta casa (Padre Carlos)

 

A falta que faz um professor nesta casa

 

 


      A falta de conhecimento técnico para entender e interpretar as informações muitas vezes se confunde com a ausência de transparência nas contas públicas. Nos últimos tempos, temos presenciado uma perda de qualidade no parlamento, principalmente entre a oposição que vem batido cabeça por falta de uma liderança que possa agregar seus membros e isto, tem levado cada vez mais a redução dos números dos seus quadros. Quando lideranças partidárias levantaram estas questões, será que queriam falar dos desafios e responsabilidades dos parlamentares que muitas vezes se perdem na burocracia ou na complexidade que é um mandato?

 Os revisores oficiais das contas municipais precisam está focados nos empréstimos e gastos públicos para que possam emitir uma opinião técnica, concreta e fundamentada relativamente à informação financeira prestada pelo executivo. Para ser líder e oposição, não basta discordar e deixar de votar em projetos aprovados pelas comissões e encaminhados pela mesa diretora daquela casa. É necessário conhecer como vai ser a utilização criteriosa dos recursos públicos e se há transparência e rigor na sua aplicação. Quem tem vocação para o parlamento sabem que são estes os elementos-base para a boa administração de qualquer gestor e ganham é claro, especial relevância quando se tratam de entidades da esfera pública.

A confiança do eleitor e da sociedade civil nas contas do executivo é um capital de inestimável valor para qualquer homem público e a quebra de confiança na administração pode significar não só a perda do mandato, mas comprometer toda a carreira política de um gestor. Enquanto indicador de "saúde" financeira de uma cidade, as contas públicas são reveladoras de opções estratégicas tomadas para a dinamização económica do município, do apoio dado aos diferentes setores económicos e às empresas, sem esquecer o componente social, que ganhou renovada relevância face aos impactos da pandemia. É comum verificar no nosso parlamento a falta que faz alguns quadros que ficaram de fora desta legislação. A falta que faz aquela velha pasta de couro recheada de informações e fazendo o contraponto de auto nível naquela casa. Um conhecimento impar das contas públicas e diante das informações que este parlamentar conseguia com seus técnicos e colaboradores, fazia o debates, com maior ou menor intensidade ideológica, sobre as prioridades para o uso das verbas públicas. Contudo, para este professor, o foco deveriam ser antes de qualquer coisa, garantir a confiabilidade das informações financeira para ter uma visão por completo e verdadeira se no caso estes recursos foram bem ou mal aplicados.

 


ARTIGO - Moema e o oito de março (Padre Carlos)

 


Moema e o oito de março

 

 



O que tem haver o oito de março e a chapa majoritária do PT na Bahia? Gostaria de informar as Senhoras e aos Senhores, que tem tudo haver! Esta data é hoje um marco comemorativo das conquistas sociais, políticas e económicas que as mulheres conquistaram no passado.

Apesar das desigualdades ainda existentes, há que reconhecer também que foi considerável o progresso dos direitos das mulheres nas últimas décadas, existindo hoje uma vasta legislação que proclamam o dever de garantir o tratamento igual perante a lei a todas as pessoas, independentemente do género, ou posição social que ocupa. Por isto, é fundamental a ação e o combate a todas as formas de discriminação, principalmente a política por se tratar de pessoas que deveriam proporcionar o acesso das mulheres neste espaço.

No Brasil e em especial na Bahia, a consciência de não discriminação em função do género tem nos últimos anos somado conquistas expressivas orientadas pelos princípios constitucionais da igualdade e da não discriminação e da sua promoção como uma das tarefas fundamentais do Estado. Mesmo assim, a baixa representatividade feminina na política brasileira é visível, elas são apenas 15% dos integrantes na Câmara Federal. E o Brasil perde para quase todos os países da América Latina em percentuais de participação política de mulheres. Veja só, até neste momento difícil da política baiana em que o candidato da situação abriu mão da cabeça da chapa e não negocia com outras forças dentro do partido para ser substituído principalmente por ser uma mulher que reivindica esta vaga. Em uma eleição majoritária, a unidade é o candidato, então é muito mais comum que candidatos já conhecidos, que tenham capital político ou recursos suficientes, tenham mais chances do que uma mulher, mesmo que ela não seja recém-ingressa, como é o caso de Moema.

A verdade é que, apesar de todos os progressos conseguidos no plano do direito, nenhum partido atingiu a igualdade plena de género, continuando a existir muitas áreas onde ainda é necessário intervir e uma delas é na política e na chapa majoritária.  A representação política é a evidência mais clara da discriminação com as mulheres a ocuparem, cargos majoritários.

Portanto, apesar dos progressos conquistados no plano do direito e da generalizada consciência sobre a igualdade de género, não devemos achar que o quadro não seja preocupante e que casos como as escolhas da chapa majoritária pelo PT baiano só representa a realidade que continua, ainda, a penalizar as mulheres.

É necessário dar tradução prática aos direitos conquistados e defendê-los no espaço público. É fundamental concretizar o espírito da lei na realidade social porque, enquanto esta concretização não acontecer, as alterações e reformas legais terão um efeito limitado.

Moema Governadora!


quinta-feira, 3 de março de 2022

ARTIGO - Leonelli, o profeta que clama no deserto. (Padre Carlos)

 


Leonelli, o profeta que clama no deserto.

 



Uma das heranças que o PCB terminou, incorporando inconscientemente, na esquerda brasileira,  foi à tese da “unidade ideológica” ou como costumávamos falar: centralismo democrático. Esta forma de fazer política determinava que as minorias não pudessem se constituir em frações organizadas, nem precisar ser ouvidas pelas lideranças em decisões que pudessem mudar os rumos do partido. A insatisfação com a cúpula petista na Bahia e no país tem muito haver com este comportamento. Digo isto porque a decisão do “PT” e a investida das suas lideradas, como Lula e Rui Costa que resultou no desmonte da chapa que traria Jaques Wagner como candidato ao governo em um “passe de mágica” me fez lembrar esta máxima que infelizmente ressuscitaram e incorporaram nos governos em relação à chapa majoritária a sucessão na Bahia. Quando esta decisão se tornou publico percebi como esta forma de fazer política ainda vive no inconsciente e comportamento dos grupos hegemônico do Partido quando o assunto é a eleição e a chapa majoritária.

Quando o velho militante levanta estas questões, ele chama a atenção dos partidos de esquerda da base aliada que nessa chapa era justamente a candidatura de Jaques Wagner ao Governo do Estado que representava este seguimento. E a aliança com a direita liberal passava com a reeleição senador Oto Alencar. O PP continuaria como vice. Era um consenso aceito por todos os partidos que mesmo não participando da chapa majoritária (PSB, PCdoB, Avante e outros) sentiam-se nela representados. Nestes dias, vimos uma esquerda acovardada e com medo de colocar suas posições diante do governador e do ex-presidente Lula.

Quais as razões desse cavalo-de-pau para os partidos de esquerda? Será que o governador e Lula levaram em conta as outras forças progressistas da Bahia? Atribui-se a responsabilidade a Lula querendo trazer o PSD para sua aliança eleitoral já no primeiro turno e ao desejo de Rui Costa de aproveitar os altos índices de aprovação do governo para candidatar-se ao Senado. E quanto às outras forças?

Leonelli tem toda razão quando questiona: “O que é que veio antes ou depois: a candidatura de Rui ao senado, a manobra de Lula junto ao PSD, usando a Bahia como moeda troca, ou a chateação de Wagner? Sinceramente não importa a ordem desses fatores. Permanece a indagação: a cúpula do PT tem o direito de tomar uma decisão dessa envergadura sem consultar nem as lideranças dos partidos aliados, nem a sociedade, nem os parlamentares e nem as bases do próprio PT?”

         Por essa ótica, não haveria divergências no seio dos partidos da base, tudo deveria ser resolvido através da aplicação do controverso sistema de centralismo democrático, um eufemismo encontrado pelos comunistas e resgatado pelos petistas para aliar, em um mesmo discurso, a escolha da chapa e a imposição de ideias, ou seja, se não fosse possível encontrar o consenso através da escolha apontada, ele instalar-se-ia através da imposição. O que interessava era ter o consenso. Caso a divergência persistisse, os discordantes deveriam ser sumariamente expulsos da organização. Essa concepção foi determinante para a falta de democracia interna que sempre acompanhou o PCB. Tornou-se prática comum no partido, em praticamente toda sua existência, e mais fortemente entre as décadas de 1940 e 1960, a expulsão de membros que divergiam das posições teóricas e políticas do Comitê Central.

         Será que estamos voltando às práticas do século passado?  


quarta-feira, 2 de março de 2022

ARTIGO - O jejum pela paz na Ucrânia (Padre Carlos)

 



O jejum pela paz na Ucrânia

 


 

A quaresma é um tempo de graça e conversão, um verdadeiro retiro espiritual que a Igreja nos convida a vivenciar nestes quarenta dias de oração intensa, jejum e penitência.  Desta forma, além da convocação de todos ao jejum e à oração pela paz, o Papa tem buscado junto à diplomacia vaticana, espalhada por todo o Mundo, uma política da promoção pela paz. Ele próprio tomou uma iniciativa, quebrando todo protocolo diplomático na esperança de salvar não só almas, mas vidas neste período conturbada que estamos vivendo: na sexta-feira passada, deslocou-se até a Embaixada da Rússia na Santa Sé para "manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia", segundo o suíte de notícia Vatican News.

 Assim, o Santo Padre pede aos fieis que o jejum e a abstinência, atitudes que caracterizam a vivência quaresmal dos católicos este ano, sejam orientados para responder também à "insensatez da violência" com "as armas de Deus". Ao convocar esse dia de oração e jejum, o Papa pediu "a todas as partes envolvidas [na Ucrânia] que se abstenham de qualquer ação que possa causar ainda mais sofrimento às populações, desestabilizando a convivência entre as nações e desacreditando o direito internacional".

Na mensagem deste ano para a Quaresma, o Papa reafirma as três atitudes penitenciais tradicionais: a oração, o jejum e a esmola. Mas introduz novas formas da sua vivência, nomeadamente em relação ao jejum e à abstinência.

O Papa denuncia "o risco da dependência dos meios de comunicação sociais digitais", as redes sociais, que podem contribuir para um empobrecimento das "relações humanas". Para o Papa, a "Quaresma é um tempo propício para contrariar essas ciladas, cultivando ao contrário uma comunicação humana mais integral, feita de "encontros reais", face a face".

O abster-se nas sextas-feiras da Quaresma da utilização das redes sociais, será uma nova forma de vivenciar a abstinência quaresmal. Ainda mais agradável a Deus, se não ficar apenas por uma privação - tal como deverá acontecer com todas as outras formas de abstinência. Para cumprir o seu sentido penitencial, terá de implicar um maior investimento nas relações presenciais e uma maior atenção aos que vivem mais isolados e solitários, aos mais pobres e desfavorecidos.


terça-feira, 1 de março de 2022

ARTIGO - Wagner abriu mão e agora? (Padre Carlos)

 


Wagner abriu mão e agora?

 



 

A desistência de Wagner de fazer parte da cabeça de chapa e não aceitar que outras lideranças do PT ocupe este lugar me fez avaliar o que tem levado à esquerda e este grupo a acharem que podem tudo. Como explicar a nossa degeneração política ao ponto de abrir mão do governo do estado? Eu acrescento que a decisões do senador só levará a persistência da pobreza e da desigualdade em nosso estado, além é claro, da desagregação social, da violência generalizada, do desencanto dos jovens com a política e a tolerância com a corrupção.

Será que como partido nestes 16 anos nos sintonizamos com o espírito do tempo? Acredito que fazer parte de um governo sem políticas de esquerda nos fez perder o vigor transformador. Enquanto a realidade se transformava, continuávamos com as ideias do passado.

Não entendemos que erramos como governo e como partido por não ter uma política de esquerda na educação e na saúde. Erramos também por não entender que hoje a divisão entre presente e futuro é tão importante quanto à divisão entre capitalistas e trabalhadores; apesar dos trabalhadores que o partido defende se dividiram entre modernos, com bons padrões de consumo, e os tradicionais pobres e excluídos, que sempre ficam sem poder de barganha e sem representação política.

Como aceitar que os sindicatos representam o setor moderno sem abrir mão dos nossos direitos? Nascemos no meio do movimento sindical e o corporativismo estava no nosso sangue, por isto, quando nos tornamos governo, preferimos defender direitos dos servidores estatais à qualidade dos serviços públicos; ignoramos que estatal não é sinônimo de público, sob falso conceito de igualdade, abandonamos o reconhecimento ao mérito de alguns profissionais.

O que é pior para o estado, as corporações, de capitalistas ou de trabalhadores? Tudo isto deveria ser levado em conta para que este governo pudesse buscar coesão social e rumo histórico em vez de abrir mão do seu papel hegemônico. Como poderemos cumprir com as nossas promessas que fizemos nestes 16 anos de governo que estávamos preparando um mundo melhor para as futuras gerações? Caímos no oportunismo eleitoral ao prometer que todos atravessariam o Mar Morto e não fizemos as transformações necessárias.

Fizemos um excelente governo digno de um social democrata, exigimos austeridade nos gastos e eficiência na gestão. Aceitamos como direção partidária a irresponsabilidade populista sem ver os riscos que estas medidas iria nos levar. 

Não entendemos que a justiça social vai além da aplicação correta e responsável dos resultados da economia eficiente; que o combate da fome e da miséria é o grande capital do século XXI. Nossos dirigentes da esquerda ficaram acomodados em ideias antigas, filiações partidárias demarcando seu terreno num fascínio por líderes regionais e nacionais, como se estes fossem o messias. Na verdade as esquerdas brasileiras substituíram suas ideias por slogans e o que foi pior, substituíram os filósofos pelos marqueteiros.

Hoje acredito que caímos em narrativas falsas e passamos a acreditar nas nossas próprias mentiras. Tornamo-nos prisioneiros de siglas partidárias com um programa de governo que era fechado no primeiro dia do mandato, trocamos militância pelas disputas dentro do governo. Sem rumo, caímos no eleitoralismo populista e na mediocridade, que mora ao seu lado. Se abrirmos mão da hegemonia e perdermos este governo, a direção dos partidos de esquerda e seus deputados terão a obrigação de fazer uma autocritica e pedir desculpas à história e ao povo.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...