quarta-feira, 2 de março de 2022

ARTIGO - O jejum pela paz na Ucrânia (Padre Carlos)

 



O jejum pela paz na Ucrânia

 


 

A quaresma é um tempo de graça e conversão, um verdadeiro retiro espiritual que a Igreja nos convida a vivenciar nestes quarenta dias de oração intensa, jejum e penitência.  Desta forma, além da convocação de todos ao jejum e à oração pela paz, o Papa tem buscado junto à diplomacia vaticana, espalhada por todo o Mundo, uma política da promoção pela paz. Ele próprio tomou uma iniciativa, quebrando todo protocolo diplomático na esperança de salvar não só almas, mas vidas neste período conturbada que estamos vivendo: na sexta-feira passada, deslocou-se até a Embaixada da Rússia na Santa Sé para "manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia", segundo o suíte de notícia Vatican News.

 Assim, o Santo Padre pede aos fieis que o jejum e a abstinência, atitudes que caracterizam a vivência quaresmal dos católicos este ano, sejam orientados para responder também à "insensatez da violência" com "as armas de Deus". Ao convocar esse dia de oração e jejum, o Papa pediu "a todas as partes envolvidas [na Ucrânia] que se abstenham de qualquer ação que possa causar ainda mais sofrimento às populações, desestabilizando a convivência entre as nações e desacreditando o direito internacional".

Na mensagem deste ano para a Quaresma, o Papa reafirma as três atitudes penitenciais tradicionais: a oração, o jejum e a esmola. Mas introduz novas formas da sua vivência, nomeadamente em relação ao jejum e à abstinência.

O Papa denuncia "o risco da dependência dos meios de comunicação sociais digitais", as redes sociais, que podem contribuir para um empobrecimento das "relações humanas". Para o Papa, a "Quaresma é um tempo propício para contrariar essas ciladas, cultivando ao contrário uma comunicação humana mais integral, feita de "encontros reais", face a face".

O abster-se nas sextas-feiras da Quaresma da utilização das redes sociais, será uma nova forma de vivenciar a abstinência quaresmal. Ainda mais agradável a Deus, se não ficar apenas por uma privação - tal como deverá acontecer com todas as outras formas de abstinência. Para cumprir o seu sentido penitencial, terá de implicar um maior investimento nas relações presenciais e uma maior atenção aos que vivem mais isolados e solitários, aos mais pobres e desfavorecidos.


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