As
Instituições e a nossa Democracia
É difícil manter a coerência de raciocínio e
de palavra, quando se vive, hoje, numa sociedade que vende a “alma ao diabo” e
renega tudo aquilo em que sempre acreditou, por “um prato de comida”, ou seja,
desde que o poder político instalado lhe dê qualquer benefício, fala e acredita
logo naquilo que lhe dizem que é preciso ouvir... Foi pensando nisto que os
gurus do bolsonarismo pensaram quando criaram o abono até dezembro de seiscentos
reais.
Diante disso, gostaria de comentar com os
senhores esta questão da dita “democracia”, instalada em 1985, no Brasil.
Existem três instituições
que não são democráticas por natureza, as Forças Armadas, a Igreja e os partido,
seja de direita ou de esquerda, neles existe uma estrutura superior que impõe a
todos os seus membros uma subordinação total, em todos os aspetos
comportamentais e até mentais, estando todos os seus membros 100%
condicionados. Em democracia todos são iguais e por isso se situam num plano
horizontal de igualdade.
O absurdo da nossa atual
democracia, imperfeita, é que foi conduzida depois de uma transição acordada
por um parlamento e uma oposição liberal, que tinha como objetivo o poder. Desta
forma, quando descobrimos que nossas instituições, não são tão democratas como pensávamos,
descobrimos por que não sabem viver numa democracia e por isso se refugiam nos
quartéis onde são reis e senhores e ninguém entra...
Por outro lado é curioso
ver que na redemocratização a grande maioria das classes, média alta e alta,
era toda fascista e convivia bem com a dita “ditadura” e estava toda instalada.
Com o fim do regime e a posse de Sarney, passaram as mesmas pessoas a serem
todas democratas, tendo alguns até afrontando generais e seu antigo partido. Em
termos sociológicos não é possível tal mudança em 24 horas. Isto consubstancia
uma fraude e uma mentira, que traduz bem o cinismo e a hipocrisia de alguns destes
atores políticos. De realçar um aspeto curioso e conhecido: é que a maioria dos
membros dos Partidos denominados centrão são filhos ou netos daqueles “estadistas”,
e, portanto também não são democratas.
Podemos ainda, no plano
sociológico, realçar que quando uma criança nasce e cresce com ambos os
progenitores, é natural que a criança o seja também ou tenha simpatia pela ultradireita,
e acontece que há hoje vários dirigentes políticos que sofreram essa
influência, o que explica de forma natural o bolsonarismo. Esta é a grande
mentira da nossa pseudodemocracia, visto que a verdadeira ainda aguarda pela
sua fundação.
Será uma questão de tempo,
mas só quando a sociedade civil acordar para a realidade, e deixar de escolher
candidatos que vota contra o povo é que será possível implantar uma democracia,
por vontade e ação do povo.