quarta-feira, 31 de agosto de 2022

ARTIGO - Menino quem foi teu Mestre? (Padre Carlos)

 

“Não sou capoeirista mas aceitei o desafio”.




 

A capoeira, a roda, o berimbau, os corpos, o ritual. Detalhes de uma tradição que se perpetua no tempo e através das gerações, faz com que a luta e a cultura de uma raça sobreviva. Nestes dias estava lembrando a façanha de Dom Zanoni com um grupo de Capoeira no Terreiro de Jesus, quando me dei conta que a história de um povo é marcada, por exemplo, coragem e sacrifício. Não sei o porquê da imagem de Dom José Maria Pires, ou melhor, Dom Zombi povoou minha cabeça naquele momento.

Passei a entender que O testemunho de Dom Zombi, forneceu uma luz que levou uma levada de novos padres a asumirem um compromisso que, por sua vez, orientava uma nova conduta de viver de uma nova geração de leigos e sacerdotes.  

Assim, quando Dom Zanoni abraçou a Pastoral Afro-Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) , ele está abraçando na verdade, o legado de Dom José Maria Pires. Este foi um dos grande bispos proféticos da nossa Igreja. Era negro e sempre defendeu a causa dos afrodescendentes. Esteve nas origens das Comunidades Eclesiais de Base e grande defensor da Teologia da Libertação. Afetuosamente o povo o chamava de Dom Pelé e mais tarde de Dom Zumbi. 

Dom José Maria Pires deixou um testemunho evangélico de compromisso com o povo paraibano, com os mais pobres, com os excluídos da sociedade. Incentivou o protagonismo dos leigos, formando lideranças e delegando responsabilidades. Seu testemunho de simplicidade e opção pelo Pacto das Catacumbas marcaram seu estilo de vida e sua coerência em ser bispo do povo e para o povo. Por tudo isso, Dom José pertenceu a Jesus Cristo e se comportou como um fiel seguidor do Filho de Deus.

Quando refletimos sobre a caminha de Dom Zanoni a frente da  Arquidiocese de Feira de Santana, podemos sentir todo aprendizado que recebeu ao longo da vida, e como esses aprendizados contribuíram para a formação do pastor hoje e da forma como tem agido. Esses aprendizados constituem o que chamo de legado recebido. Muitas vezes, nem entendemos bem por que somos ou agimos da maneira que agimos, o que pode ter como base nossos vieses inconscientes.

Obrigado Deus por nos ter dado Dom Zanoni! Obrigado Dom José pelo irmão, pelo pai, pelo pastor, pelo amigo, pelo orientador, pelo conselheiro que o senhor foi para este povo da Arquidiocese da Paraíba e toda uma geração de pastores. Deus o tenha no Reino do Céu!

 


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