quinta-feira, 1 de setembro de 2022

ARTIGO - As Instituições e a nossa Democracia (Padre Carlos)



As Instituições e a nossa Democracia

 




É difícil manter a coerência de raciocínio e de palavra, quando se vive, hoje, numa sociedade que vende a “alma ao diabo” e renega tudo aquilo em que sempre acreditou, por “um prato de comida”, ou seja, desde que o poder político instalado lhe dê qualquer benefício, fala e acredita logo naquilo que lhe dizem que é preciso ouvir... Foi pensando nisto que os gurus do bolsonarismo pensaram quando criaram o abono até dezembro de seiscentos reais.

Diante disso, gostaria de comentar com os senhores esta questão da dita “democracia”, instalada em 1985, no Brasil.

Existem três instituições que não são democráticas por natureza, as Forças Armadas, a Igreja e os partido, seja de direita ou de esquerda, neles existe uma estrutura superior que impõe a todos os seus membros uma subordinação total, em todos os aspetos comportamentais e até mentais, estando todos os seus membros 100% condicionados. Em democracia todos são iguais e por isso se situam num plano horizontal de igualdade.

O absurdo da nossa atual democracia, imperfeita, é que foi conduzida depois de uma transição acordada por um parlamento e uma oposição liberal, que tinha como objetivo o poder. Desta forma, quando descobrimos que nossas instituições, não são tão democratas como pensávamos, descobrimos por que não sabem viver numa democracia e por isso se refugiam nos quartéis onde são reis e senhores e ninguém entra...

Por outro lado é curioso ver que na redemocratização a grande maioria das classes, média alta e alta, era toda fascista e convivia bem com a dita “ditadura” e estava toda instalada. Com o fim do regime e a posse de Sarney, passaram as mesmas pessoas a serem todas democratas, tendo alguns até afrontando generais e seu antigo partido. Em termos sociológicos não é possível tal mudança em 24 horas. Isto consubstancia uma fraude e uma mentira, que traduz bem o cinismo e a hipocrisia de alguns destes atores políticos. De realçar um aspeto curioso e conhecido: é que a maioria dos membros dos Partidos denominados centrão são filhos ou netos daqueles “estadistas”, e, portanto também não são democratas.

Podemos ainda, no plano sociológico, realçar que quando uma criança nasce e cresce com ambos os progenitores, é natural que a criança o seja também ou tenha simpatia pela ultradireita, e acontece que há hoje vários dirigentes políticos que sofreram essa influência, o que explica de forma natural o bolsonarismo. Esta é a grande mentira da nossa pseudodemocracia, visto que a verdadeira ainda aguarda pela sua fundação.

Será uma questão de tempo, mas só quando a sociedade civil acordar para a realidade, e deixar de escolher candidatos que vota contra o povo é que será possível implantar uma democracia, por vontade e ação do povo.

  

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...