Nosso barco não é a arca de Noé.
Nestes dias, lembrai a um amigo como a
política impactou nas nossas vidas e tiveram uma influencia decisiva na nossa
geração. Acredito que foi nesta hora que me vieram às palavras de Clarice
Lispector: “O bonito me encanta. Mas o sincero, ah! Esse me fascina.” Falo isto
porque na política não basta se encantar, ela é muito mais que encantamento,
mais que interessante ela precisa dá sentido a nossa existência. Podemos
defini-la como a ciência do governo dos povos, a arte de fazer o bem comum ou a
arte de dialogar para construir consensos. Em princípio parece que sim, porém,
na prática aparece diferente.
Foi pensando nisto que fui buscar as interpretações,
como as que se seguem: do filósofo florentino Nicolau Maquiavel, “a política é
a arte de enganar”; do escritor italiano Luciano Bianciardi, “a política… há
muito tempo deixou de ser ciência do bom governo e, em vez disso, tornou-se arte
da conquista e da conservação do poder”; do ensaísta lusitano Agostinho da
Silva, “a política tem sido a arte de obter a paz por meio da injustiça”; do
literato ateniense Arturo Graf, “a política é demais amiúde a arte de trair os
interesses reais e legítimos, e de criar outros imaginários e injustos”; do
poeta brasileiro Menotti del Picchia, “política é a arte de conciliar os
interesses próprios, fingindo conciliar os dos outros”; do dramaturgo francês
Louis Dumur, “política é a arte de nos servirmos dos homens, dando a entender
que os servimos”.
Admito que a política seja o meio de se
conquistar o poder e nele fazer as reformas necessárias que a sociedade tanto
precisa. Uma frente democrática tem que ser mais que uma incompreensível
aliança partidária e os acordos políticos, em que se unem direita e esquerda,
socialistas e liberais, democratas e totalitários, e tantos grêmios antagônicos
que abrem mão das suas doutrinas, para única e exclusivamente derrotar Bolsonaro
e seu projeto fascista. Não podemos deixar os interesses do povo em segundo
plano, prevalecendo os interesses pessoais de grupos e partidos.
As regras têm que valer tanto para o alto,
como para o baixo clero, por isto, o mandato tem que ser temporário,
constituindo o veículo de trabalho pelo bem comum da sociedade. Este não pode
de modo algum torna-se o meio de vida permanente do político. Infelizmente em
nosso país a Política passou a ser também profissão. Mais que isto, os mandatos
viraram verdadeiras empresas com força superior as instancias partidárias, já
que a montagem do novo governo é dividida pelo mapa de votação, por isto estes
mandatos terminam administrando a maquina do governo naquela região, criando certo
baronato. Esta forma de fazer política termina criando um circulo de dependência
que vai de prefeitos, vereadores as lideranças comunitárias. É claro que os
mandatos jamais poderia se esquecer dos familiares e amigos.
Como formar um arco de aliança com partidos
que não têm ideologia, servindo seu programa apenas como uma fotografia numa
moldura pendurada na parede. Pior, os partidos têm donos e a grande maioria
deles é formada para dar sustentação aos desejos dos seus fundadores. São
questões a serem revistas para a correção da deturpação de suas próprias
finalidades. É por tal descompromisso com suas próprias bandeiras e pelo
comportamento de desonestidade com a coisa pública que os políticos são
desacreditados pelos cidadãos. Daí as acepções nesse sentido, como a do
escritor português Eça de Queiroz, que disse: “políticas e fraldas devem ser
trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”; do político inglês Philip
Chesterfield, “os políticos não conhecem nem o ódio, nem o amor. São conduzidos
pelo interesse e não pelo sentimento”; do humorista brasileiro Millor
Fernandes: “isto sim é que é Congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo
investiga, ele mesmo absolve”.
Minha preocupação esta no fato que não
podemos esquecer que os partidos políticos são grupos organizados de pessoas
que comungam de ideais políticos semelhantes para promoverem o interesse
nacional. Apesar de não existir em nosso país uma cultura republicana, capaz de
defender e criar uma ética no trato da res pública, um dever de lealdade,
de probidade, de boa-fé, nosso objetivo ao criar uma frente democrática precisa
ser com o povo e as coisas púbica.