sexta-feira, 14 de outubro de 2022

ARTIGO - Aos meus amigos (Padre Carlos)

 


Amizade é criar laços, passar a ter necessidade do outro.




Hoje estava pensando como é importante ter amigos, principalmente nestes tempos em que o egoísmo impera e faz com que nos fechemos nas nossas certezas! Quando chegamos a uma determinada idade, passamos a entender que a vida separa as pessoas, assim como as doenças, crises e a política. O que demoramos a admitir é que temos nossa parcela de culpa quando isto acontece. Como diz o poeta: Se fizermos uma lista dos amigos quantos eu conseguir manter? Quantos deixaram de fazer parte da minha vida?

Temos que admitir que não fazemos nenhum esforço, para voltar a vê-los e encontrá-los. Parece que custa pegar o celular e ligar para saber como estão e têm passado. Infelizmente vivemos na sociedade do paradoxo: tanta facilidade com as novas tecnologias para entrar em contato com as pessoas e terminamos nos afastando sendo indiferente. Parece àqueles amigos do Facebook que a gente nem sabe quem são, mas não são. Não há nada como estar frente-a-frente com um amigo ou amiga ver o seu olhar, as suas expressões, abraçá-lo e sentir o seu cheiro.

Como disse o Pequeno Príncipe: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Por isto, alguns amigos e amigas que conseguir cativar ao longo da minha vida, custa-me deixar de vê-los e deixar de estar com eles. Se não sentisse sua falta não seriam verdadeiramente amigos, passaram a ser, como um amigo do seminário gostava de dizer: "os conhecidos esquecidos". Não podemos esquecer que, decepções e ingratidão são algo que ninguém escapa ao longo de uma vida com algumas amizades. A amizade é algo que tem ver com lealdade, cumplicidade e um passado comum, que houve.

Sinto uma profunda tristeza quando algo me impede de ver alguns amigos. Tomar uma gelada, uma cachacinha e falar de tantas coisas. Sinto falta disso e com o decorrer dos anos não é tão fácil fazer novos e verdadeiros amigos.

Muitas vezes não sabemos por que acaba uma amizade, sem explicação plausível e de uma forma abrupta. Então se for uma verdadeira amizade causa maior incompreensão e perplexidade.

A relação deixou de existir, parece estranho, principalmente quando encontro esse amigo ou amiga na rua e finge não me ver e o pior, até evitam cumprimentar-me. Minha esposa reclama comigo porque termino sempre ficando abatido e não consigo diferenciar os antigos amigos do padre ou do político quando exercia um cargo de confiança dos amigos de Carlos. Infelizmente, é quase impossível que essa antiga amizade saia da nossa mente. As coisas mudam e eu sei, mas não se pode apagar o passado.

A verdadeira amizade não é receber, é dar. Não é magoar, é incentivar. Não é descrer, é crer. Não é criticar, é apoiar. Não é ofender, é compreender. Não é humilhar, é defender. Não é julgar, é aceitar. Não é esquecer, é perdoar. Mas também é respeitar um passado com momentos marcantes na nossa vida e nunca deixar de falar.

As amizades desaparecidas causam perplexidade e nostalgia quando damos conta que já não estão nas nossas vidas, mas que já fizeram parte dela. Contudo, quem deixou de ser amigo nunca foi amigo. A verdadeira amizade não se quebra, em quaisquer circunstâncias da vida, deve ser sempre a mesma.


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...