A beleza e harmonia de costurar
retalhos
Estes dia, recebi de um amigo da época do
seminário, uma citação da cineasta Jocelyn Moorhouse, que tinha muito haver com
a forma como vejo a vida e tento conta-la em meus textos. "Os velhos amantes conhecem a
arte de costurar os retalhos e percebem a beleza e harmonia dos vários
pedaços." Assim, ao receber esta citação,
busquei através da experiência imaginativa pensar a formação estética no campo
das imagens que uma cocha de retalho tem na cultura popular e o lugar da metáfora
como fruição do imaginário.
Uma das coisas mais prazerosas que existe para mim é
escrever, quando arranho minha pena no papel é como se estivesse com uma agulha
bordando sonhos, história e o mais importante, o poder de desatar os nós de
nossas vidas. Esta forma de transformar a pena em agulha cria na linguagem
literária uma necessidade de buscar a metáfora correta, na forma certa para compreensão
do leitor.
Como dizia Mario Quintana: “Minha vida é uma colcha de retalhos. Todos da mesma cor. ” Mesmo entendendo o que o poeta queria
dizer, peço perdão para discordar, mas as coxas que formaram esta cocha, através das histórias tecidas em retalhos na minha vida tiveram várias
cores e me fizeram crer que em cada costura elas se encontram e se tornam
presente na minha vida.
Minha história é composta por retalhos de vidas nestes sessenta
e dois anos. E quando
falo vidas me refiro as suas fases, temos que entender que as lembranças e
saudades de pessoas e épocas se entrelaçam em nossas mentes formando um retalho
de tempo. Todas elas deixaram em nós um pedacinho da nossa história que vamos ao longo do
tempo costurando e assim fazemos a cocha de retalhos da nossa vida e enquanto
vivermos sempre terá um pedacinho a mais para costurar.
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