O mundo é um grande olho que vemos e que nos vê.
Existe um proverbio antigo na política: Por
um voto se perde, por um voto se ganha. Assim, Jair Bolsonaro perdeu para Lula,
por uma margem muito apertada, por isto não deveria ter demorado tanto para
reconhecer a sua derrota. Esta foi uma eleição muito
parecida com a de 1950, vencida por Getúlio Vargas com 48,7% dos votos (não
havia segundo turno, na época). Vargas, que governara o país por 15 anos (1930
a 45), tinha a convicção de que voltaria nos braços do povo e apostava numa visão
dos seus anos de ouro, como a criação da CLT e de importantes conquistas, como
a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Petrobras.
Esse
silêncio de Bolsonaro, como vimos, terminou alimentando a esperança daqueles que não aceitam
a derrota. Em muitos estados brasileiros, estes dois dias foram de violência,
houve estradas bloqueadas e apelos aos militares para que levem a cabo um
golpe. Mas na verdade, apesar destas manifestações contra a democracia e o
estado de direito, o que vimos em seu pronunciamento na tarde de ontem, foi um
homem cada vez mais só. Mais isolado. É verdade que praticamente metade dos
eleitores brasileiros, e isso é assustador, se reveem nas políticas e nos métodos
de Jair Bolsonaro.
Conhecendo os métodos da direita que governa o país, o
Mundo não demorou em parabenizar Lula, pelo retorno da democracia. Esse mesmo
Mundo, que vê em Lula um interlocutor capaz de voltar a dar voz ao Brasil, que
se encontra isolada, devido às ações de Jair Bolsonaro e os seus mais fiéis
seguidores. Por isto, enquanto
Bolsonaro demorou mais de um mês para reconhecer a vitória de Joe Biden nos
Estados Unidos. Biden demorou apenas uma hora para reconhecer a vitória de
Lula. Macron, inimigo manifesto de Bolsonaro, manifestou-se um pouco antes. Na verdade foram vários os líderes dos países que
felicitaram Lula pela sua eleição: Desde a Austrália e a Nova Zelândia, até à
Índia, à África do Sul e ao Reino Unido.
De acordo com a presidência russa, também o
Presidente Vladimir Putin enviou as suas "sinceras felicitações".
"Os resultados das eleições confirmaram a sua grande autoridade política.
Espero que, fazendo esforços conjuntos, asseguremos um maior desenvolvimento da
cooperação construtiva russo-brasileira em todas as áreas".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, não ficaram de fora desta onda de parabenizações. "Parabéns, Lula da Silva, pela sua eleição como Presidente do Brasil. Estou ansiosa por trabalhar consigo para enfrentar os desafios globais prementes, desde a segurança alimentar ao comércio e às alterações climáticas", escreveu Von der Leyen na rede social Twitter.
Para a maioria dos lideres mundial, o
resultado das eleições presidenciais no Brasil é uma vitória da democracia e
representa uma esperança nova para o mundo, uma vez que Lula, no primeiro
discurso que fez depois de conhecidos os resultados, demonstrou que vai haver uma
grande mudança nas políticas ambientais e na preservação da Amazônia. O presidente eleito falou que o Brasil "está pronto
para retomar o protagonismo na luta contra a crise climática" e que o
próximo governo vai "lutar pelo desmatamento zero na Amazônia".
Esta virada de Lula na política externa começa a surtir resultado.
Após seu discurso na paulista, a Noruega informou que retomará a ajuda
financeira contra o desmatamento da Amazônia no Brasil, congelada durante a
presidência de Jair Bolsonaro.