segunda-feira, 31 de outubro de 2022

ARTIGO - O que estava em jogo nesta eleição? (Padre Carlos)

 



Bolsonaro e Trump: As táticas semelhantes (e diferentes) na reta final das eleições



O Brasil viveu neste domingo aquela que pode ter sido a eleição presidencial mais importante da sua história. Neste 30 de outubro, os eleitores decidiram quem seria o presidente do país com a maior população da América do Sul e que é a quarta maior democracia do mundo. Os eleitores derrotaram também o novo movimento global da extrema-direita populista que tem no atual presidente, Jair Bolsonaro, o seu líder nacional e no antigo presidente dos EUA, Donald Trump, o seu expoente mais conhecido em todo o mundo.

O fenómeno político que Bolsonaro e Trump encarnam tem uma característica fundamental: utilizar o processo democrático e depois enfraquecê-lo de modo a torná-lo irreconhecível e incapaz de conter os excessos autoritários dos seus presidentes. Tanto Trump como Bolsonaro foram eleitos pelo voto popular. Os dois governaram de forma semelhante: mobilizaram uma base radicalizada, elogiaram o uso de armas de fogo, divulgaram notícias falsas e desinformação política, criaram teorias da conspiração e trataram os seus opositores políticos como inimigos e não como adversários legítimos. Ambos atacaram a imprensa livre e levantaram acusações falsas e infundadas contra os seus sistemas eleitorais e órgãos de controlo judicial como o Supremo Tribunal Eleitoral.

Trump falhou na sua tentativa de golpe, que culminou na invasão do Capitólio dos EUA no dia 6 de janeiro de 2021. Embora Bolsonaro tentasse durante toda a semana tumultuar o processo eleitoral sem sucesso, não foi ousado ou irresponsável  como o seu  mentor político. Apesar de não ter dado certo, tudo começa quando ele determina que às Forças Armadas, como instituição, realize uma "contagem paralela de votos", embora esta função nunca tenha sido delegada aos militares na história das eleições brasileiras.

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