Bolsonaro e Trump: As táticas semelhantes (e diferentes) na reta final das eleições
O Brasil viveu neste domingo aquela que pode ter sido a eleição
presidencial mais importante da sua história. Neste 30 de outubro, os eleitores
decidiram quem seria o presidente do país com a maior população da América do
Sul e que é a quarta maior democracia do mundo. Os eleitores derrotaram também o
novo movimento global da extrema-direita populista que tem no atual presidente,
Jair Bolsonaro, o seu líder nacional e no antigo presidente dos EUA, Donald
Trump, o seu expoente mais conhecido em todo o mundo.
O fenómeno político que Bolsonaro e Trump encarnam tem uma
característica fundamental: utilizar o processo democrático e depois
enfraquecê-lo de modo a torná-lo irreconhecível e incapaz de conter os excessos
autoritários dos seus presidentes. Tanto Trump como Bolsonaro foram eleitos
pelo voto popular. Os dois governaram de forma semelhante: mobilizaram uma base
radicalizada, elogiaram o uso de armas de fogo, divulgaram notícias falsas e
desinformação política, criaram teorias da conspiração e trataram os seus
opositores políticos como inimigos e não como adversários legítimos. Ambos
atacaram a imprensa livre e levantaram acusações falsas e infundadas contra os
seus sistemas eleitorais e órgãos de controlo judicial como o Supremo Tribunal Eleitoral.
Trump falhou
na sua tentativa de golpe, que culminou na invasão do Capitólio dos EUA no dia
6 de janeiro de 2021. Embora Bolsonaro tentasse durante toda a semana tumultuar
o processo eleitoral sem sucesso, não foi ousado ou irresponsável como o seu
mentor político. Apesar de não ter dado certo, tudo começa quando ele
determina que às Forças Armadas, como instituição, realize uma "contagem
paralela de votos", embora esta função nunca tenha sido delegada aos
militares na história das eleições brasileiras.
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