É das injustiças
que tiramos força para lutar
Quando
Raimundo reafirmou esta semana que o Partido Comunista Português foi, é e continuará sendo o partido dos trabalhadores e acima de tudo, de
protesto que não está parado no tempo, entendi naquele momento que sua fala transcendia
as fronteiras portuguesas. O mais novo secretário-geral comunista não falava somente para
os militantes portugueses, ele falava para os comunistas espalhados pelo mundo,
principalmente de língua portuguesa.
Para ele a vocação do partido como voz dos
trabalhadores, do povo e dos jovens, na luta e no protesto é o que define a
nossa existência como partido e nos diferencia das outras agremiações. Temos
que revolucionar os nossos sonhos e utopias, só assim poderemos assegurar que
o partido não pare no tempo. “Fazer das injustiças força para lutar! – mais
salários e pensões, saúde e habitação”. Aos “adversários”, que continuam querendo dar
“lições de moral” ao partido sobre o que deve ou não falar e questionar, o novo
secretário-geral do PCP frisou que continuará, como sempre, falando com
trabalhadores, com o povo e a juventude.
“E quem mais falaria, se não o próprio partido dos
trabalhadores?”, interrogou, acrescentando que continuará falando com o povo,
porque o partido é “parte deste povo capaz de realizações extraordinárias, como
a Revolução de Abril”, e da juventude, pelo seu direito à educação, à cultura,
ao desporto, ao lazer, ao trabalho com direitos, à habitação, ao direito a
constituir família. O PCP, acrescentou, continua “ao seu lado na luta
contra a precariedade e os baixos salários”.
“Dizem que agora a luta voltou, como se alguma vez
tivesse parado. Em que mundo andaram e vivem estes escribas? A luta parou? Que
o digam os trabalhadores nas empresas e locais de trabalho”, disse, assegurando
que “a luta não tirou férias”.
“Dizem que voltámos a ser um partido de protesto.
Sim, é verdade, de nós não esperem outra coisa que não seja um firme e
determinado combate à política de direita, à política de empobrecimento e de
assalto à nossa soberania”, acrescentou, afirmando que o PCP trava um combate
de “construção da alternativa e de soluções para o país”.
Paulo Raimundo assegurou que “o ambiente que se
vive no partido é bom, de confiança, de grande vontade e de grande entrega”, e
pediu que se olhasse para o PCP por aquilo que é e não por aquilo que dizem que
é como “o elemento de esperança e de futuro que é”, como “instrumento de luta e
de construção do direito a uma vida digna”.
“Que dizer destas opções num momento em
que os grupos económicos anunciam quatro mil milhões de euros de lucros nos
primeiros nove meses do ano. Que crise tão estranha é esta? Isto não é crise, é
injustiça. Tudo isto, e muito mais, foi rejeitado agora mesmo no Orçamento do
Estado. Ficaram pior os trabalhadores e as populações, ficaram satisfeitos os
grandes grupos económicos”, declarou.
O secretário-geral do PCP deixou ainda uma palavra
às “lutas mais que justas” que se travam, em setores como a agricultura, a
saúde, a ferrovia ou o ambiente.