Não concordamos com a
liderança dos Estados Unidos, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Joe Biden vai receber Lula na
Casa Branca esta sexta-feira, naquele que será um encontro simbólico de dois
chefes de Estado que derrotaram populistas de direita nas urnas. Lula vai
aproveitar a viagem aos Estados Unidos para visitar seu amigo Bernie Sanders
Quando o Presidente Joe Biden telefonou
para prestar solidariedade ao presidente Lula um dia depois dos violentos
ataques às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, aproveitou para convidar
o nosso presidente a visitar os Estados Unidos. Lula aceitou o convite e viajou
para Washington exatamente um mês depois de Biden o ter convidado. O encontro
entre os dois presidentes está previsto para o final da tarde de sexta-feira,
na Casa Branca.
O
assunto da agenda está relacionado ao combate
às alterações climáticas, defesa da qualidade ambiental e da floresta amazónica.
Estes pontos são consensuais dos dois chefes de Estado. Acreditamos que
exista um ponto fora da agenda que o governo Lula com certeza discordaria e
este esta relacionado ao apoio e fornecimento de armamento à guerra da Ucrânia.
O Governo brasileiro condena
firmemente a guerra da Ucrânia, mas, apesar disso, jamais colocaria em risco o
capital político que conquistou com Pequim e Moscou neste momento. Biden
não vai conseguir uma declaração de Lula nesse sentido. Não podemos esquecer
que o Presidente Lula recusouo pedido feito pelo chaanceler Olaf Scho no final de janeiro, para o Brasil enviar tanques para a Ucrânia. Por mais que Biden insista no armamento para
Kiev, ele há de entender que a atitude de cada país faz parte das decisões
soberanas que as nações têm de tomar.
Além disso, o Brasil e Rússia são ‘pais fundadores’ dos BRICS — (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.) Estes cinco países representam uma fatia substancial da população e do comércio mundiais, e acima de tudo, partilham uma mesma visão sobre a necessidade de reforçar a influencia política dos seus Estados. A política e os interesses estratégicos de cada um dos cinco membros ditam o funcionamento do clube dos BRICS: E sabendo que precisa se cercar de pessoas de sua confiança, Lula pretende substituir o presidente do Banco dos BRICS, o economista Marcos Troyjo pela ex-presidente Dilma Rousseff até o fim do mês; Troyjo foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta mudança tem muito haver com a unidade e o alinhamento político de uma nova ordem internacional. Esta nova articulação com a China e a Índia, reforça a influência dos respetivos países. É como se os cinco dissessem em alto e bom som: ‘Não concordamos com a liderança dos Estados Unidos, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.’ Queremos uma ordem onde possamos também ter poder de decisão. O Brasil aspira a ter assento no Conselho de Segurança da ONU.” Em suma, partilham interesses e estratégia política.