A Teologia Política de Metz
Faz quatro anos que perdemos
um dos grandes teólogos dos últimos tempo, Johann Baptist Metz. Durante alguns dias
fiquei meditando se deveria fazer este artigo, já que a maioria dos meus
leitores não tiveram contato com o seu pensamento filosófico e teológico. Diante desta dúvida, fiquei matutando nesta questão e enquanto pensava na situação desumana que os yanomamis estão vivendo, bem como as mortes de crianças e idosos em decorrência da desnutrição grave causada pela fome, a
pergunta de Metz para humanidade não saia da minha cabeça: "Como se pode
falar de Deus depois de Auschwitz?" Falar de Metz, para quem
não foi um teólogo ou um católico, não será fácil, mas vamos tentar assim mesmo.
Quem não viveu os
horrores da guerra, não tem ideia como esta ferida perpassou no imaginário do
povo europeu. Desta forma, não poderia surgir uma Teologia Política como foi
concebida por Metz, se o seu público não tivesse sido testemunha ocular de toda
aquela barbárie para entender a importância da vida e da existência do ser. Com
isto, gostaríamos de lembrar aos leitores, que os elementos da natureza teológica
do nosso pensador, não poderia ser outro como: os que sofrem, os famintos, os injustiçados, os excluídos, os explorados
de todas as maneiras, as crianças e as mulheres violentadas e todas as vítimas
deste mundo. Só quem caminha com os oprimidos, aqueles e aquelas que foram
vítimas, sem resposta dentro da História, poderá ouvir o seu clamor. Temos uma
dívida para com as vítimas da História; quem poderá pagá-la a não ser Deus?
As peças centrais,
para entendermos o sentido humanista desta teologia não poderia ser outra.
Durante muitos anos, foi professor de Teologia Fundamental e aluno de Karl Rahner. Buscando resposta para as perguntas que povoava
sua mente e buscando transcender a teologia da sua época, desfiliou-se da
teologia transcendental de Rahner, em troca de uma teologia fundamentada na
prática. Metz está no centro da escola da teologia política que
influenciou fortemente Gustavo Gutiérrez Merino o
teólogo peruano e sacerdote dominicano, considerado por muitos como o fundador
da Teologia da Libertação, bem como o brasileiro, Leonardo Boff.
Ele foi um dos teólogos alemães mais influentes no pós Concílio Vaticano II. Seus
pensamentos giraram ao redor da atenção fundamental ao sofrimento dos excluídos.
As chaves de sua teologia é memória, solidariedade e narrativa.
Foi um dos fundadores
da Revista Concilium. Metz morreu no
dia 2 de dezembro de 2019 aos 91 anos.
A
Teologia da Libertação deve muito a este pensador alemão. Pode ter certeza que
você fez a diferença aqui nesta terra.
Saudade do mestre!
Padre Carlos
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