Os Técnicos e Enfermeiros recebem o reconhecimento
do Papa.
No Hospital Gemelli, em Roma, o
Papa Francisco enfrentou nestes dias em que ficou enternado os desafios
naturais da idade avançada e de sua condição de saúde. No entanto, durante sua
estadia no hospital, ele recebeu uma carta comovente dos técnicos e dos enfermeiros
da ala de neurologia pediátrica, que compartilharam as experiências dolorosas
vivenciadas no cotidiano de seu trabalho. É um testemunho angustiante
presenciar crianças às quais dedicam cuidados partindo para os braços do Pai,
deixando um vazio indescritível tanto nas vidas dos profissionais de saúde como
naquelas dos pais. Eles carregam consigo cicatrizes indeléveis que os levam a
profunda reflexão sobre o sentido da vida.
Em resposta, o Papa Francisco buscou
palavras de consolo e conforto para esses valorosos profissionais. "Vocês
são chamados a acompanhar esses pequenos 'anjos' até o limiar de seu encontro
com o Senhor", escreveu Francisco. "Vocês são a imagem da Igreja como
um 'hospital de campanha', continuando a desempenhar a missão de Jesus Cristo
de estar próximo dos que sofrem", enfatizou o Papa. Ele encorajou os
enfermeiros a cultivarem a cultura da proximidade e da ternura, transmitindo-lhes
coragem para perseverarem em seu nobre trabalho.
É comum, nesses contextos, apelar
para a resignação à vontade de Deus. No entanto, é importante compreender que
Deus não é a fonte nem a origem do sofrimento. Pelo contrário, Ele enviou Seu
Filho à Terra para que todos tenham vida e a tenham em abundância, como nos
ensina a passagem do livro de João: "Eu vim para que tenham vida e a
tenham em abundância" (Jo 10, 10).
Não devemos afirmar a ninguém,
principalmente às crianças, que Deus deseja que sofram. A origem do sofrimento
é outra, e, portanto, devemos suplicar a Deus que nos ajude a combatê-lo. A
responsabilidade está em nossas mãos, como seres humanos, de agir com empatia,
solidariedade e compaixão diante do sofrimento alheio.
Os enfermeiros da ala de neurologia
pediátrica do Hospital Gemelli são exemplo disso. Eles são verdadeiros heróis,
dedicando-se incansavelmente ao cuidado dessas crianças vulneráveis,
enfrentando a dor e a perda diariamente. Eles merecem todo o nosso
reconhecimento e apoio.
A carta enviada pelos profissionais da
área da saúde ao Papa Francisco revela a complexidade emocional que enfrentam
em seu trabalho. Os sentimentos de impotência e tristeza diante do sofrimento
são profundamente marcantes. No entanto, também há beleza e significado em seu
trabalho, pois têm o privilégio de serem os últimos a acompanhar esses pequenos
seres até o limiar de sua jornada terrena.
Nesse sentido, é fundamental que
sejam apoiados e amparados em sua trajetória profissional. A atenção à saúde
mental desses enfermeiros é crucial para que possam enfrentar os desafios
diários e encontrar resiliência diante das adversidades. Os hospitais e
instituições de saúde devem fornecer recursos e suporte adequados para garantir
o bem-estar desses profissionais, oferecendo programas de aconselhamento,
grupos de apoio e treinamentos sobre cuidados emocionais.
Aqui no Brasil estes profissionais vem enfrentando
todo tipo de discriminação para receberem um salário justo. Não basta o Supremo
admitir o salário base destes profissionais, é preciso que a sociedade como um todo reconheça a importância do trabalho dos
enfermeiros e valorize suas contribuições. Muitas vezes, esses profissionais
são subestimados e não recebem o reconhecimento merecido por sua dedicação e
sacrifício. É essencial que sejam celebrados como verdadeiros heróis da linha
de frente, pois estão na linha de frente do cuidado e consolo para aqueles que
sofrem.
O exemplo dado pelo Papa Francisco ao
responder à carta dos enfermeiros é inspirador. Suas palavras de encorajamento
e reconhecimento elevam a importância desses profissionais e ressaltam a missão
de estar daqueles que enfrentam o sofrimento. Ao destacar a necessidade de
cultivar a cultura da proximidade e da ternura, o Papa recorda a todos nós a
importância do acolhimento e da compaixão em momentos de dor.
Enfrentar o sofrimento humano é um
desafio que devemos abraçar como sociedade. Cada um de nós tem o poder de fazer
a diferença na vida daqueles que passam por momentos difíceis. Seja através de
um gesto de solidariedade, uma palavra de conforto ou um apoio prático, podemos
ajudar a aliviar o fardo dos que sofrem.
É preciso lembrar que a jornada
desses profissionais é árdua e emocionalmente exigente. Eles estão diante de
situações que desafiam a própria compreensão da vida e da morte. Portanto, é
necessário que recebam o apoio não apenas da comunidade, mas também das
autoridades de saúde e das instituições religiosas, para que possam continuar
desempenhando sua missão com dedicação e resiliência.
Em tempos de dor e perda, a presença
de enfermeiros compassivos pode trazer conforto e esperança para aqueles que
mais precisam. A carta enviada pelos enfermeiros da ala de neurologia
pediátrica ao Papa Francisco é um lembrete poderoso de que o cuidado e a compaixão
são fundamentais em nossa jornada como seres humanos. Que possamos aprender com
eles e cultivar a cultura da proximidade e da ternura em nossa própria vida,
trazendo alívio e consolo para aqueles que enfrentam momentos difíceis.
Diante do sofrimento, não podemos
resignar-nos à vontade de Deus, mas sim buscar ativamente formas de combater o
sofrimento e oferecer apoio àqueles que o enfrentam. Somente assim poderemos
criar um mundo onde a vida seja valorizada e onde a compaixão seja a força que
nos une em tempos de dificuldade.