quarta-feira, 28 de junho de 2023

ARTIGO - A necessidade de uma Igreja em constante renovação. (Padre Carlos)

 


Por uma Igreja em contínua transformação

 


A Igreja Católica enfrenta, desde o início das primeiras comunidades, diversos desafios e mudanças. Em cada época, ela teve a necessidade de se adaptar às novas realidades sociais, culturais e políticas, sem perder a sua identidade e missão. No entanto, nestes tempos difíceis em que vivemos, é preciso refletir sobre como a Igreja pode se renovar e dialogar com o mundo contemporâneo, respondendo aos seus anseios e problemas.

Um dos desafios que a Igreja enfrenta hoje é a resistência de alguns setores que se opõem ao Papa Francisco e à sua proposta de uma Igreja mais aberta e inclusiva. Segundo o livro “VaticanGate”, de Vicens Lozano, há uma conspiração contra o Papa, financiada por grupos conservadores da Espanha, Itália e Estados Unidos. Esses grupos querem a renúncia do Papa e o retorno a uma “Europa cristã” anterior ao Concílio Vaticano II, que promoveu uma grande reforma na Igreja na década de 1960.

Gostaria de lembrar ao leitor, que a Igreja não existe para si mesma, mas para anunciar a presença de Cristo no mundo e testemunhar que Ele é nosso contemporâneo em todas as dimensões da vida. A Igreja deve ser um espaço de acolhimento, diálogo e transformação, capaz de se adaptar aos desafios do presente, sem perder de vista os valores fundamentais do Evangelho.

O Concílio Vaticano II foi o acontecimento mais importante para a história da  Igreja no Séc. XX, pois buscou uma renovação e abertura para o mundo moderno. Ao promover uma maior participação dos leigos, incentivar o diálogo inter-religioso e reconhecer a importância da inculturação, o Concílio reafirmou a necessidade de uma Igreja em constante renovação.

Não podemos negar que  a resistência a mudanças e a defesa de uma Igreja tradicional podem ser compreendidas como um receio diante das transformações sociais e culturais que ocorrem no mundo. No entanto, é essencial que a Igreja esteja aberta ao diálogo com a sociedade, buscando compreender suas demandas e contribuir para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

O Papa Francisco tem se destacado por sua postura de abertura e seu apelo por uma Igreja mais inclusiva, solidária e voltada para os mais necessitados. Sua preocupação com as questões sociais, como a pobreza, a desigualdade e as crises humanitárias, tem sido um sinal de esperança em um mundo marcado por divisões e conflitos.

Diante desse contexto, é fundamental que os fiéis e a própria hierarquia eclesiástica apoiem e promovam uma Igreja em constante transformação. Isso implica em estar atento aos desafios da contemporaneidade, dialogar com as diferentes realidades culturais e religiosas, e buscar respostas pastorais que sejam relevantes e significativas para as pessoas de hoje.

Quero deixar claro, que uma Igreja em contínua transformação não precisa abandonar as tradições e valores fundamentais, mas sim reinterpretá-los à luz dos tempos e das necessidades do mundo em que vivemos. Isso implica em uma atitude de escuta, acolhimento e abertura às mudanças necessárias para uma melhor evangelização e serviço aos outros.

A Igreja deve ser um espaço de encontro e diálogo, onde todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas. Isso inclui a participação ativa dos leigos, homens e mulheres, em todas as esferas da vida eclesial, desde as comunidades locais até os processos de tomada de decisão em nível mais amplo. É preciso reconhecer e valorizar os dons e talentos de cada pessoa, permitindo que todos contribuam com sua experiência e perspectiva para o crescimento e renovação da Igreja.

Além disso, é fundamental que a Igreja esteja atenta aos desafios éticos e sociais do nosso tempo. Questões como a justiça social, a proteção do meio ambiente, a defesa dos direitos humanos e a promoção da paz devem estar no centro da ação evangelizadora. A Igreja tem o potencial de desempenhar um papel significativo na transformação do mundo, se souber ser fiel ao seu carisma e à sua vocação.

A Igreja é chamada a ser uma comunidade de discípulos e discípulas de Jesus, que seguem o seu exemplo de amor, serviço e compaixão. Para isso, é preciso estar em constante renovação, buscando sempre a fidelidade ao Evangelho e a sintonia com os sinais dos tempos. Somente assim, a Igreja poderá ser uma luz para o mundo e um fermento para a sociedade.

 


terça-feira, 27 de junho de 2023

ARTIGO - Anos Dourados: O Surgimento de uma nova esquerda. (Padre Carlos)

 


Efervescência do Movimento Estudantil

 


No calor dos anos 80, quando o Brasil ainda lutava para  se libertar da ditadura militar, nascia um partido político que parecia mais um sindicato ou com o movimento estudantil. Este partido começava a ganhar força e conquistar corações e mentes. Era o Partido dos Trabalhadores (PT). Naquela época o partido parecia mais  um guarda-chuva onde era  acolhido diversas organizações de esquerda em busca de um ideal comum. Essa época também ficou marcada pelos chamados "anos dourados", do movimento estudantil e como a maioria dos militante vinha das universidades é interessante relembrar um momento histórico ocorrido em 1981, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), que mostrou o protagonismo e a efervescência do movimento estudantil daquela época.

Dois eventos foram particularmente emblemáticos: o Encontro Nacional dos Estudantes de Pedagogia e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ambos atraíram jovens de diversas partes do país, que buscavam intercâmbio de ideias, debates acalorados e, acima de tudo, uma voz ativa na construção de uma nova realidade política.

No Encontro Nacional dos Estudantes de Pedagogia, a UFBA se tornou o palco de uma verdadeira confluência de ideias e experiências. Os padre Jesuitas abriram suas portas para a embaixada do Pará e hospedou estudantes em paróquias e casas de conhecidos, fortalecendo os laços de solidariedade e fraternidade entre os participantes. Nesse contexto, o movimento estudantil despontava como uma promissora organização, uma vez que acolhia diferentes grupos e tendências de esquerda, sendo um verdadeiro ponto de convergência para aqueles que ansiavam por mudanças profundas na sociedade.

Já a SBPC trouxe consigo o clamor pelo fim da ditadura, representando um grito de resistência e liberdade. O clima de mobilização e esperança era tangível, impulsionado por um movimento estudantil vigoroso, ávido por mudanças sociais e políticas. As festas nas residências estudantis ou em estabelecimentos locais se tornaram momentos de descontração e união, onde se dançava ao som de Elba Ramalho, Alceu Valença e Luiz Gonzaga. O Nordeste estava em alta, e o sotaque nordestino encantava a todos, tornando-se uma marca de sucesso e identificação.

Nesse contexto, dois partidos exerciam papéis relevantes: o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido Comunista Brasileiro (o antigo "Partidão"). O PCdoB contava com uma grande  influência e uma máquina organizativa "Viração" se estruturava dentro da tendência popular no antigo MDB. Enquanto isso, o "Partidão" apresentava uma estrutura mais profissionalizada e organizada, tendo consolidado sua presença no cenário político nacional. Já o PT, em seus primeiros anos, funcionava como uma força aglutinadora dessas diversas organizações de esquerda. Os grupos eram identificados por seus jornais ou pela sua origem. Assim, tínhamos o pessoal  do PCBR, que era indentificar como o  pessoal do Povão, o pessoal de Macarrão, os independentes, o pessoal do 113 e o pessoal do racha e etc. Cada grupo trazia consigo suas próprias perspectivas e propostas, mas todos compartilhavam o anseio por justiça social e transformação.

Essa efervescência política e cultural dos anos dourados refletia a energia de uma juventude engajada, sedenta por participação e por moldar o futuro do país. O ambiente universitário proporcionava um espaço propício para debates acalorados, troca de experiências e formação de consciência política. Era uma época em que os estudantes se sentiam empoderados, cientes de que poderiam influenciar e transformar a realidade ao seu redor.

Nesse contexto, a UFBA assumiu um papel central, abrindo suas portas e corações para receber estudantes de todo o Brasil. As paróquias e as casas de conhecidos se tornaram abrigos para os jovens viajantes, criando laços de amizade e solidariedade que ultrapassavam as fronteiras geográficas. A troca de experiências e ideias fortalecia a união entre os participantes, consolidando um espírito de coletividade e um senso de pertencimento a um movimento maior.

O PT, como um guarda-chuva das organizações de esquerda, desempenhava um papel fundamental naquela época. Era um espaço de convergência, onde diferentes ideologias e grupos se encontravam para construir uma agenda política comum. O partido se destacava por sua capacidade de unir as demandas e aspirações das diversas correntes de pensamento, consolidando-se como uma alternativa real de transformação social.

Além da política, a cultura também desempenhava um papel importante nesse momento histórico. A música, em especial a música nordestina, servia como trilha sonora para os encontros e festas, expressando a diversidade e a riqueza cultural do país. Os ritmos de Elba Ramalho, Alceu Valença e Luiz Gonzaga embalavam as noites de celebração, tornando-se símbolos de uma identidade que se fortalecia e se afirmava.

Os anos dourados do movimento estudantil representaram um momento de efervescência, de luta e de esperança. Foi uma época em que os jovens se uniram em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, deixando de lado diferenças e divergências em nome de um ideal maior. Embora o tempo tenha passado e muitas transformações tenham ocorrido desde então, é importante lembrar desse período como um marco na história política e social do Brasil, que demonstrou a força e a capacidade de mobilização de uma juventude determinada a mudar o mundo.

Hoje, olhando para trás, podemos refletir sobre o legado deixado por aqueles jovens. O movimento estudantil daquela época plantou sementes de conscientização e ativismo que deram muitos frutos e  continuam a florescer até os dias de hoje.


ARTIGO - A disputa política entre PT e PCdoB em Vitória da Conquista.

 


Quem manda afinal?



 

Introdução: A declaração do presidente municipal do PT, Isaac Bonfim, sobre a não aceitação de vereadores do PCdoB que não fizeram oposição à prefeita Sheila Lemos (UB), tem gerado intensa polêmica na cidade de Vitória da Conquista. As palavras de Bonfim levaram o deputado estadual Fabrício Falcão, principal liderança do PCdoB na região, a rebater com veemência a afirmação do presidente do PT, reforçando a independência política da legenda comunista. A tensão entre os partidos da mesma federação política está cada vez mais evidente e levanta questionamentos sobre quem realmente detém o poder de decisão na região.

A independência política do PCdoB: Em entrevista ao UP Notícias, o deputado Fabrício Falcão deixou claro que o PT não possui o controle sobre as decisões do PCdoB. Ele ressaltou que a federação política é um instrumento criado pelas mudanças nas leis eleitorais, que funciona como partido para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas mantém sua autonomia em relação ao PT. Falcão enfatizou que cada partido tem seu próprio CNPJ e vida programática independente, sendo os presidentes responsáveis pela liderança de suas respectivas legendas. O deputado afirmou categoricamente: "O PT não manda no PCdoB e vice-versa. Nenhum idiota de fora pode falar pelo PCdoB e não falará!".

A defesa do PCdoB: Élvio Magalhães, um dos dirigentes do PCdoB, também se manifestou contra a declaração de Isaac Bonfim. Magalhães destacou que os vereadores Luciano da Limeira, Doutor Andreson e Ricardo Babão, representantes do PCdoB na Câmara de Vitória da Conquista, serão candidatos à reeleição pelo partido. Ele ressaltou a confiança que o PCdoB deposita nesses vereadores, destacando sua contribuição para a expressiva votação obtida pelo deputado Fabrício Falcão, assim como para a vitória do governador Jerônimo e do presidente Lula em 2022. Essa postura reforça a independência do PCdoB em relação às decisões do PT.

A indicação de Waldenor Pereira: Em relação à possível indicação do deputado federal Waldenor Pereira para encabeçar a chapa majoritária na disputa pela Prefeitura de Vitória da Conquista, Fabrício Falcão demonstrou que as discussões caminham alinhadas nesse sentido. O deputado ressaltou a tranquilidade e a competência de Waldenor Pereira, afirmando que ele é um nome decidido dentro do PT e que possui condições para tal posição. Essa declaração sinaliza um possível consenso entre os partidos, mesmo diante das tensões recentes.

Conclusão: A disputa política entre PT e PCdoB em Vitória da Conquista tem gerado intensas polêmicas e levanta questões sobre a verdadeira autonomia dos partidos dentro da federação política. A afirmação do presidente municipal do PT, Isaac Bonfim mostra uma postura de controle sobre as indicações dos vereadores do PCdoB, o que foi prontamente rebatido pelo deputado Fabrício Falcão, deixando claro que o PT não possui o poder de decisão sobre o PCdoB. Afirmou-se que cada partido tem sua própria liderança e autonomia para decidir seus candidatos e estratégias políticas.

A independência política do PCdoB foi enfatizada por Falcão, destacando que nenhum "idiota de fora" pode falar pelo partido, deixando claro que a voz do PCdoB é determinada por seus presidentes e pela sua direção. Essa postura assertiva reforça a ideia de que o PCdoB não está disposto a aceitar interferências externas em suas decisões internas.

Em relação à possível indicação de Waldenor Pereira para a chapa majoritária na disputa pela Prefeitura de Vitória da Conquista, Fabrício Falcão demonstrou que as discussões estão caminhando em direção a um consenso. Elogiou Waldenor como um nome tranquilo e um grande parlamentar, o que indica uma possível aproximação entre os partidos mesmo diante das tensões recentes.

A disputa política entre PT e PCdoB em Vitória da Conquista reflete uma dinâmica complexa dentro da federação política em que estão inseridos. Apesar de fazerem parte da mesma coalizão, os dois partidos reafirmaram sua independência e autonomia em relação às decisões um do outro. Essa tensão revela as divergências internas e a busca por consolidar suas próprias identidades políticas.

A divergência entre o PT e o PCdoB também traz à tona uma questão mais ampla: a importância de preservar a autonomia e a diversidade dentro das coalizões políticas. Embora a união de diferentes partidos em uma federação seja uma estratégia para fortalecer a representatividade política, é crucial que cada legenda mantenha sua identidade e voz própria, sem interferências externas.

Nesse sentido, é importante que o PT e o PCdoB em Vitória da Conquista encontrem um terreno comum, estabelecendo canais de comunicação eficientes e espaços de diálogo que permitam a construção de consensos. É preciso que ambas as legendas estejam abertas ao diálogo e à negociação, colocando os interesses da cidade e de seus eleitores em primeiro lugar.

Portanto, é hora de PT e PCdoB em Vitória da Conquista buscarem uma conciliação, pautada pelo diálogo, pela busca de entendimento e pelo respeito mútuo. Somente assim será possível construir uma relação saudável e produtiva dentro da federação política, em que cada partido possa exercer sua autonomia e contribuir para o desenvolvimento da cidade. A população de Vitória da Conquista espera que seus representantes políticos trabalhem juntos em prol do bem comum, superando divergências e promovendo a construção de uma sociedade mais justa e democrática.


ARTIGO - A Pedra que Guarda Memórias Profundas. (Padre Carlos)




Nice Silveira e Zélia Serra, duas figuras notáveis.



         Estava imerso na leitura de um livro de Nice Silveira, renomada pioneira da psiquiatria brasileira, quando uma enxurrada de pensamentos sobre Zélia Serra, grande psiquiatra de Brasília e minha amiga, invadiu minha mente. Ambas nutriram-se da mesma fonte de conhecimento: a Escola de Medicina da Bahia, a instituição mais antiga do país. Enquanto folheava as páginas, o livro evocou em minha memória os preciosos conselhos e ensinamentos que Zélia me transmitiu ao longo de nossa amizade.

     Rememorando um episódio marcante, recordo-me de um dia em que Zélia e eu nos encontrávamos diante do imponente Cristo Operário, escultura magnífica concebida por Mario Cravo. Essa obra de arte simboliza a fé e o trabalho do povo baiano. Naquele instante, sem aviso prévio, Zélia se agachou e apanhou uma pedra do chão. Fitou-me profundamente nos olhos e, com voz enigmática, disse: "Guarda esta pedra para mim, um dia eu vou querê-la de volta". Naquele momento, meu entendimento sobre sua mensagem era nebuloso, mas obedeci, colocando-a no bolso e posteriormente em minha gaveta, onde permaneceu por anos a fio.

     Anos mais tarde, recebi a notícia do falecimento de Zélia. Uma onda de saudade e reflexão me invadiu, trazendo à tona a lembrança da pedra e do olhar enigmático daquela ilustre psiquiatra. Foi então que finalmente compreendi a profundidade de suas palavras. A pedra era mais do que um simples objeto, era um símbolo vivo de de nossa amizade e de todo o aprendizado mútuo que compartilhamos ao longo dos anos.

       Aquela pequena pedra guardava em si o poder de despertar memórias e evocar sentimentos. Ela carregava consigo um significado muito mais profundo do que poderia ser apreendido à primeira vista. Zélia, com seu gesto singelo, estava me ensinando sobre a importância da memória e do afeto, e como coisas aparentemente insignificantes podem abrigar histórias que tocam o âmago da alma.

      Hoje, conservo a pedra como uma relíquia preciosa, uma lembrança tangível de Zélia e de tudo o que ela representou em minha vida. Ela se tornou um símbolo das experiências compartilhadas, das conversas profundas sobre a psiquiatria e sobre a complexidade da existência humana. Cada vez que seguro a pedra em minhas mãos, sou transportado de volta aos momentos vividos ao lado de Zélia, à sua sabedoria e à sua presença reconfortante.





ARTIGO - Tempo e vida: entre a angústia e a esperança . (Padre Carlos)

 


O tempo e a vida





       O que surge desaparece. O que nasce morre. Até o tempo que é infinito, também passa. O tempo de ontem se foi, o tempo de hoje está indo, o tempo de amanhã irá. Assim, nós é que não nos acostumamos com a transitoriedade da vida, com a fragilidade das coisas. Queremos estar sempre presentes, queremos ser eternos.

             Como diz o poeta:

“És um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido Tempo, tempo, tempo, tempo”.

       Como filósofo me perco na meta-física, onde termino me encontrando com os teólogos, que se guiam por seus deuses. Deus meu! Deus tempo!

          Essas palavras expressam um sentimento comum a muitas pessoas: a angústia diante da passagem do tempo e da finitude da existência. Vivemos em uma sociedade que valoriza a juventude, a beleza e o sucesso, e que nos impõe um ritmo acelerado de produção e consumo. Nesse contexto, envelhecer e morrer são vistos como fracassos ou castigos.

      Mas será que essa é a única forma de encarar o tempo e a vida? Será que não podemos aprender a aceitar e aproveitar cada momento como uma oportunidade de crescimento e realização? Será que não podemos reconhecer o valor e a sabedoria dos mais velhos, que acumularam experiências e conhecimentos ao longo dos anos? Será que não podemos respeitar o ciclo natural das coisas, que envolve nascimento, transformação e morte?

        Penso que sim. Penso que podemos mudar nossa relação com o tempo e a vida, se nos libertarmos das ilusões e das pressões da sociedade atual. Penso que podemos viver de forma mais plena e feliz, se nos conscientizarmos de que somos parte de um todo maior, que transcende nossa individualidade. Penso que podemos encontrar sentido e propósito em nossa existência, se nos conectarmos com nossa essência divina, que é eterna.

            Não quero negar a dor e o sofrimento que acompanham a perda e a morte. Mas quero afirmar que há também beleza e esperança na renovação e na continuidade da vida. Quero convidar você a refletir sobre o tempo e a vida, não como inimigos ou obstáculos, mas como mestres e aliados. Quero sugerir que você aproveite cada instante como um presente precioso, sem se prender ao passado ou se angustiar com o futuro.

          Como diz outro poeta:

“Carpe diem Colhe o dia Colhe o instante Sorve a vida”.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Artigo de opinião: A CPMI do 8 de janeiro e o direito ao silêncio. (Padre Carlos)


O silêncio ensurdecedor!




          A CPMI do 8 de janeiro, que investiga os atos golpistas que tentaram impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, tem enfrentado uma série de obstáculos para ouvir os envolvidos no episódio. Na segunda-feira (26), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel do Exército Jean Lawand Junior são obrigados a depor na Comissão, mas podem ficar em silêncio sobre o que possa incriminá-los.

          Mauro Cid foi ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e está preso preventivamente na investigação sobre fraudes em informações de vacinação da covid-19. Jean Lawand Junior é o militar que pediu a Mauro Cid que convencesse Bolsonaro a colocar em prática um golpe de Estado. Ambos foram convocados como testemunhas pela CPMI, mas recorreram ao STF para faltar aos depoimentos ou terem garantidos os direitos de não assinar o termo de compromisso com a verdade, de não responder perguntas que possam incriminá-los e de serem acompanhados por seus advogados.

          A decisão da ministra Cármen Lúcia é acertada e respeita os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e da presunção de inocência. O comparecimento à CPMI não é uma mera liberalidade do convocado, mas uma obrigação imposta a todo cidadão que deve colaborar com as atividades legítimas e necessárias da Comissão Parlamentar de Inquérito, que presta serviço público ao esclarecer questões de interesse nacional. Por outro lado, o convocado não pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo, nem sofrer constrangimentos físicos, morais ou psicológicos por exercer esse direito.

          O direito ao silêncio não implica em confissão ou reconhecimento de culpa, mas em uma garantia fundamental que visa proteger a dignidade da pessoa humana e evitar abusos de autoridade. A CPMI do 8 de janeiro tem um papel importante para apurar os fatos que colocaram em risco a democracia brasileira, mas deve fazê-lo dentro dos limites legais e éticos. O depoimento dos militares pode contribuir para o esclarecimento dos fatos, mas não pode ser usado como instrumento de coação ou humilhação.

          A sociedade brasileira espera que a CPMI do 8 de janeiro cumpra seu dever com responsabilidade e transparência, sem violar os direitos dos convocados ou dos investigados. A busca pela verdade não pode se sobrepor aos valores da justiça e da cidadania.


ARTIGO - Isso é coisa pra Polícia Federal investigar", diz Herminio sobre preço da gasolina na Suíça Baiana. (Padre Carlos)

 


Os  preços elevados da gasolina.

 


 

A cidade de Vitória da Conquista, situada no sudoeste baiano, é conhecida por sua beleza natural, riqueza cultural e potencial econômico. No entanto, um problema que tem afetado os moradores locais é o alto preço da gasolina, que atualmente é vendida por R$5,99 o litro na zona urbana da cidade. Esse valor é significativamente mais elevado do que o praticado em municípios vizinhos, o que tem gerado indignação e preocupação na população.

Diante dessa situação, o presidente da Câmara de Vereadores de Vitória da ConquistaHermínio Oliveira, foi questionado sobre a atuação do legislativo para solucionar o problema. Em resposta, o vereador destacou que a Câmara não tem o poder de estabelecer ou modificar os preços dos combustíveis, mas ressaltou o trabalho realizado pela Comissão do Consumidor.

No entanto, o que chama a atenção é a possibilidade de existência de forças ocultas que atuam no mercado, impedindo a atuação de órgãos como o Ministério Público, o Procon e o Ministério Público Federal na cidade. Nesse contexto, Hermínio Oliveira afirmou que a investigação dessa situação cabe até a Polícia Federal, evidenciando a necessidade de uma investigação profunda para desvendar os meandros dessa situação.

Não é a primeira vez que Vitória da Conquista enfrenta essa realidade de preços elevados da gasolina, mas é urgente que se busque uma solução para esse problema. A demanda do presidente da Câmara por uma investigação da Polícia Federal é justa e respaldada pela situação vivenciada pelos conquistenses. É fundamental que as autoridades competentes atuem de forma enérgica e imparcial, desvendando quaisquer práticas ilícitas que possam estar por trás dessa situação desfavorável para os consumidores.

A manipulação de mercado é uma prática anticoncorrencial que prejudica o desenvolvimento econômico local, afugentando investimentos e gerando um sentimento de desconfiança na comunidade. Por isso, é chegada a hora de uma ação incisiva por parte das autoridades competentes. A Polícia Federal deve assumir a responsabilidade de investigar essa questão, desvendando possíveis conluios e práticas anticoncorrenciais que estejam contribuindo para os preços abusivos da gasolina em Vitória da Conquista.

A população de Vitória da Conquista tem o direito de pagar preços justos pelos combustíveis e de contar com uma economia saudável e competitiva. A investigação da Polícia Federal pode ser o primeiro passo para a solução desse problema, garantindo a proteção dos direitos dos consumidores e a promoção do desenvolvimento econômico local.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...