quarta-feira, 28 de junho de 2023

ARTIGO - A necessidade de uma Igreja em constante renovação. (Padre Carlos)

 


Por uma Igreja em contínua transformação

 


A Igreja Católica enfrenta, desde o início das primeiras comunidades, diversos desafios e mudanças. Em cada época, ela teve a necessidade de se adaptar às novas realidades sociais, culturais e políticas, sem perder a sua identidade e missão. No entanto, nestes tempos difíceis em que vivemos, é preciso refletir sobre como a Igreja pode se renovar e dialogar com o mundo contemporâneo, respondendo aos seus anseios e problemas.

Um dos desafios que a Igreja enfrenta hoje é a resistência de alguns setores que se opõem ao Papa Francisco e à sua proposta de uma Igreja mais aberta e inclusiva. Segundo o livro “VaticanGate”, de Vicens Lozano, há uma conspiração contra o Papa, financiada por grupos conservadores da Espanha, Itália e Estados Unidos. Esses grupos querem a renúncia do Papa e o retorno a uma “Europa cristã” anterior ao Concílio Vaticano II, que promoveu uma grande reforma na Igreja na década de 1960.

Gostaria de lembrar ao leitor, que a Igreja não existe para si mesma, mas para anunciar a presença de Cristo no mundo e testemunhar que Ele é nosso contemporâneo em todas as dimensões da vida. A Igreja deve ser um espaço de acolhimento, diálogo e transformação, capaz de se adaptar aos desafios do presente, sem perder de vista os valores fundamentais do Evangelho.

O Concílio Vaticano II foi o acontecimento mais importante para a história da  Igreja no Séc. XX, pois buscou uma renovação e abertura para o mundo moderno. Ao promover uma maior participação dos leigos, incentivar o diálogo inter-religioso e reconhecer a importância da inculturação, o Concílio reafirmou a necessidade de uma Igreja em constante renovação.

Não podemos negar que  a resistência a mudanças e a defesa de uma Igreja tradicional podem ser compreendidas como um receio diante das transformações sociais e culturais que ocorrem no mundo. No entanto, é essencial que a Igreja esteja aberta ao diálogo com a sociedade, buscando compreender suas demandas e contribuir para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

O Papa Francisco tem se destacado por sua postura de abertura e seu apelo por uma Igreja mais inclusiva, solidária e voltada para os mais necessitados. Sua preocupação com as questões sociais, como a pobreza, a desigualdade e as crises humanitárias, tem sido um sinal de esperança em um mundo marcado por divisões e conflitos.

Diante desse contexto, é fundamental que os fiéis e a própria hierarquia eclesiástica apoiem e promovam uma Igreja em constante transformação. Isso implica em estar atento aos desafios da contemporaneidade, dialogar com as diferentes realidades culturais e religiosas, e buscar respostas pastorais que sejam relevantes e significativas para as pessoas de hoje.

Quero deixar claro, que uma Igreja em contínua transformação não precisa abandonar as tradições e valores fundamentais, mas sim reinterpretá-los à luz dos tempos e das necessidades do mundo em que vivemos. Isso implica em uma atitude de escuta, acolhimento e abertura às mudanças necessárias para uma melhor evangelização e serviço aos outros.

A Igreja deve ser um espaço de encontro e diálogo, onde todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas. Isso inclui a participação ativa dos leigos, homens e mulheres, em todas as esferas da vida eclesial, desde as comunidades locais até os processos de tomada de decisão em nível mais amplo. É preciso reconhecer e valorizar os dons e talentos de cada pessoa, permitindo que todos contribuam com sua experiência e perspectiva para o crescimento e renovação da Igreja.

Além disso, é fundamental que a Igreja esteja atenta aos desafios éticos e sociais do nosso tempo. Questões como a justiça social, a proteção do meio ambiente, a defesa dos direitos humanos e a promoção da paz devem estar no centro da ação evangelizadora. A Igreja tem o potencial de desempenhar um papel significativo na transformação do mundo, se souber ser fiel ao seu carisma e à sua vocação.

A Igreja é chamada a ser uma comunidade de discípulos e discípulas de Jesus, que seguem o seu exemplo de amor, serviço e compaixão. Para isso, é preciso estar em constante renovação, buscando sempre a fidelidade ao Evangelho e a sintonia com os sinais dos tempos. Somente assim, a Igreja poderá ser uma luz para o mundo e um fermento para a sociedade.

 


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