segunda-feira, 3 de julho de 2023

ARTIGO - A Infância: Preservando Nossa História e Construindo um Legado. (Padre Carlos)


Uma Janela para o Passado, um Presente para o Futuro

 

 


A infância é uma fase da vida que nos marca profundamente. É nela que vivemos as primeiras experiências, aprendemos os valores, formamos a personalidade e construímos as memórias que nos acompanharão pelo resto dos nossos dias. Por isso, documentar a nossa infância é uma forma de preservar a nossa história, a nossa identidade e o nosso legado. É também uma forma de compartilhar com as novas gerações os momentos lindos que nos fizeram ser quem somos hoje.

Neste artigo, vou contar um pouco da minha infância e de como cresci em um bairro de Salvador que na década de sessenta era um lugar cheio de aventuras e descobertas. A história começa com meu pai, que veio do interior para tentar a sorte na cidade, ao conhecer aquela noviça no Instituto dos Cegos se apaixona. Eles se casaram e não tinham muitos recursos. Mas tinham fé e esperança. Eles contaram com a ajuda das irmãs mercedárias, que eram religiosas que cuidavam de um colégio na Pituba, um bairro que na época era um balneário, onde as famílias ricas passavam as férias, mas logo se transformou em um polo de desenvolvimento e progresso. As irmãs conseguiram  um trabalho e um lugar para morar. Eles ficaram responsáveis por tomar conta de uma casa de veraneio de uma família rica, a família Machado, em troca da moradia nas dependências do caseiro. Foi lá que eles me deram à luz e me apresentaram à minha irmã mais velha, Tereza. Ela foi a minha primeira companheira de brincadeiras e aventuras. Ela foi a minha primeira amiga.

Essa casa onde vivíamos ficava logo em frente à residência do Dr. Gustavo, um médico renomado, e sua esposa Dona Iolanda. Era uma casa linda, que parecia um sonho. Tinha um viveiro com pássaros coloridos, um galinheiro com ovos frescos, uma piscina azul e cristalina e um jardim maravilhoso, cheio de flores e frutas. Foi o Dr. Gustavo que me trouxe ao mundo, com suas mãos habilidosas e seu coração bondoso. Ele fez o parto da minha mãe em nossa própria casa, sem cobrar nada. Assim, nasci na Pituba, de fato e de direito.

Mas não vou me alongar sobre à casa do Dr. Gustavo. Ela era grande demais para um casal sem filhos, que vivia viajando. Por isso, ele resolveu vendê-la para um empresário rico e poderoso, o Sr. Jaupery Meireles, dono da COMABA, a Companhia de Máquinas da Bahia. Foi aí que tudo mudou em nossas vidas.

A chegada dos novos moradores daquela casa foi uma alegria para nós. Era uma família muito acolhedora, os Meireles. Dona Jandira, esposa de Sr. Jaupery, tratava a gente com o mesmo respeito, sem nenhum preconceito ou algo que nos fizesse sentir excluídos do convívio deles. Como tinham oito filhos, acredito que um a mais ou a menos não faria diferença. Alguns deles já eram grandes, mas não se importavam de brincar com a gente. Outros eram pequenos, mas não tinham medo de se aventurar. Os Meireles eram uma família animada e generosa. No entanto, eles não eram os únicos amigos que tínhamos naquela época.

Naquela época, as famílias eram numerosas, com uma média de seis a oito filhos. Quem não se lembra do Senhor Espinheira, Dona Naná, Sr. Filinho e seu Waldomiro? Eles eram pais de verdadeiras multidões, que enchiam as ruas de vida e alegria. Assim, naquela época, uma família era um mosaico de cores e sabores, onde crianças e jovens conviviam e se respeitavam no mesmo ambiente familiar.

Um dos dias mais felizes da minha infância foi um domingo, na segunda metade da década de sessenta. Foi o dia do grande piquenique, que reuniu todos os meninos e meninas da Pituba. Acordamos cedo naquele dia, cheios de expectativa e animação. Cada um levou o seu lanche e o seu almoço, feitos com carinho pelas nossas mães.

Jope, o filho mais velho do Sr. Jaupery Meireles, nos levou de carro até um certo trecho. Depois, seguimos a pé, atravessando o rio que ficava no fundo da fazendinha do Bahia. Passamos entre as escavadeiras e os tratores que construíam o conjunto do STIEP, um símbolo do progresso da cidade. Chegamos a uma nascente onde a água era limpa e refrescante. Lá, nos divertimos muito, tomando banho, almoçando e brincando.

Na volta, viemos pela Avenida Otávio Mangabeira e vimos às máquinas trabalhando onde seria o Jardim dos Namorados, um lugar romântico e bonito. Foi um dia inesquecível, que guardo na memória com carinho e saudade.

Naquela família, o amor não conhecia fronteiras nem barreiras. O filho mais velho do Sr. Jaupery Meireles se apaixonou por uma bela descendente de árabes, que tinha os olhos cor de mel e os cabelos negros como a noite. A filha mais velha, Jacira, se encantou por um judeu, que havia sobrevivido aos horrores da guerra entre seu povo e o dela. Os Meireles acolheram os dois namorados com carinho e respeito, sem se importar com as diferenças culturais ou religiosas.

No entanto, nem todos eram tão tolerantes assim. A família de Raquel, uma dentista que morreu tragicamente em um acidente, e a família de Joel, que era judia ortodoxa, não se davam bem. Eles evitavam qualquer contato ou aproximação e olhavam com desconfiança e desprezo para o casal misto. Era uma situação delicada e tensa, que refletia o conflito complexo e sangrento que acontecia no Oriente Médio entre árabes e judeus.

Apesar das tensões que permeavam aquela situação, a família Meireles permaneceu firme em seus princípios de amor e respeito. Eles acreditavam na importância de unir as pessoas, de valorizar as diferenças e de promover a harmonia entre os indivíduos. Essa postura deixou uma marca profunda em minha vida e me ensinou valiosas lições sobre convivência e compreensão.

A família Meireles não apenas abriu as portas de sua casa para nós, mas também nos acolheu em seus corações. Em suas casas, encontrei não apenas abrigo, mas também amor, compreensão e apoio incondicionais. Estiveram presentes nos momentos de alegria e nos desafios da minha infância, oferecendo seu ombro amigo e palavras de encorajamento.

Ao conviver com os Meireles, aprendi o verdadeiro significado da união e da solidariedade. Mesmo diante das diferenças culturais e financeiras que existiam entre nós, eles mostraram que o respeito e a compreensão podem superar qualquer obstáculo. Em seu convívio, aprendi a valorizar e celebrar a diversidade, entendendo que ela enriquece nossa existência.

Cada membro da família Meireles deixou uma marca indelével em meu coração. Do Sr. Jaupery, com sua sabedoria e bondade, Dona Jandira, com sua doçura e ternura, Jacira, Jusara, Jurinha e Juranda, que foram como irmãos mais velhos. Juta era contemporâneo, mas os mais próximos foram Gordinho e Bicudo, meus melhores amigos, pelos quais sou imensamente grato por cada momento compartilhado.

Hoje, olho para trás e percebo que a família Meireles não foi apenas uma referência na minha infância, mas uma bênção. Foram eles que me ensinaram a importância de construir laços verdadeiros, de estender a mão ao próximo e de amar sem fronteiras. Sou eternamente grato por tê-los tido como minha família.

Preservar a memória da infância e das pessoas que marcaram nossa vida é fundamental para manter viva a nossa história, identidade e legado. Ao documentarmos essas experiências, estamos não apenas resgatando nossas próprias memórias, mas também compartilhando com as novas gerações os momentos lindos que nos fizeram ser quem somos hoje.

Assim, convido a todos a refletirem sobre a importância de preservar e compartilhar suas memórias de infância. Seja por meio de álbuns de fotos, diários, histórias contadas em família ou outras formas de registro, cada um de nós tem uma contribuição valiosa para fazer. Ao fazê-lo, estaremos contribuindo para a construção de um mundo mais humano, empático e consciente da importância de nossa história e identidade.

Portanto, que possamos todos valorizar e documentar nossas infâncias, celebrando os momentos lindos que nos fizeram ser quem somos hoje. Que possamos transmitir esse legado às futuras gerações, compartilhando nossas memórias, nossos valores e nossas experiências, para que a infância seja sempre uma fase marcante e significativa na vida de cada indivíduo.

  

ARTIGO - Os Desafios Enfrentados pelo Papa na Busca por Reformas.(Padre Carlos)

O Papado de Francisco




          O Papa Francisco tem se destacado por sua liderança ousada e profética, que busca uma Igreja mais espiritual, humana e aberta ao diálogo com o mundo. Suas iniciativas e discursos têm enfatizado valores fundamentais, como o amor misericordioso, o perdão, a justiça social, a solidariedade com os pobres, a responsabilidade ambiental, a paz e o diálogo entre pessoas de diferentes culturas, nações, raças e religiões. Como  teólogo,  posso afirmar que o Papa está rompendo com uma obsessão neurótica que reduzia o cristianismo a questões de moralidade sexual, criminalização do aborto e demonização de determinados grupos, e ressalta a importância de priorizar valores mais abrangentes e humanistas.

          No entanto, nem todos na Igreja Católica concordam com o Papa e suas propostas de reforma. Há uma resistência significativa de alguns líderes e membros da alta hierarquia, que manifestam oposição ao Papa e suas visões. Essa resistência pode ter diversas motivações, como a defesa de tradições estabelecidas, o medo de perda de poder ou a dificuldade em aceitar mudanças em questões dogmáticas.

          Diante dessa situação de resistência, é essencial que a Igreja Católica encontre formas de promover o diálogo e a compreensão mútua. É preciso que as divergências sejam enfrentadas com respeito e abertura ao debate, buscando uma unidade que respeite a diversidade de opiniões.

          O Papa Francisco tem demonstrado coragem, disposição e esperança em buscar uma Igreja mais inclusiva, compassiva e aberta ao mundo. Suas propostas e ações têm gerado controvérsia, mas também despertado esperança em muitos fiéis, que veem nele uma voz de renovação e mudança.

          A resistência a Francisco é um reflexo dos desafios enfrentados pela Igreja Católica em um mundo em constante transformação. No entanto, é através do diálogo, do respeito mútuo e da busca por uma fé autêntica e compassiva que a Igreja poderá superar essas divisões e se tornar um instrumento efetivo de amor, justiça e paz para todos os seus fiéis e para o mundo.

          Em última análise, a história julgará o legado do Papa Francisco e seu impacto na Igreja Católica. O tempo dirá se suas propostas de reforma e sua visão progressista prevalecerão sobre a resistência encontrada dentro da instituição. Independentemente disso, é inegável que ele desencadeou debates e reflexões importantes sobre o papel da Igreja no mundo contemporâneo, e seu pontificado deixará marcas profundas na história do cristianismo.

domingo, 2 de julho de 2023

ARTIGO - Google e Meta coloca em risco a democracia brasileira. (Padre Carlos)

 


A Google e a Facebook  pressão para derrubar o PL das Fake News"



          A influência das grandes empresas de tecnologia no cenário político não é uma novidade, mas recentemente o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), admitiu abertamente que o Google e a Meta, controladora do Facebook, Whatsapp e Instagram, lideraram uma operação de pressão e lobby para derrubar o Projeto de Lei 2630, conhecido como PL das Fake News. Essa revelação levanta questões importantes sobre o poder dessas gigantes da tecnologia e o impacto que elas podem ter na democracia e na legislação.

          Segundo Arthur Lira, a proposta do PL das Fake News não avançou na Casa devido a uma "mobilização que ultrapassou os limites do contraditório democrático" capitaneada pelas big tecas. Isso significa que houve uma campanha intensa por parte do Google e da Meta para convencer os parlamentares a votarem contra o projeto, usando sua influência e recursos para pressionar os deputados.

          A reportagem do Estadão revelou que as empresas fizeram parte desse movimento de pressão abertamente, colocando-as na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal (PF). Um site hospedado no exterior foi criado para acompanhar o placar de intenção de voto dos deputados, incentivando os usuários a enviarem mensagens para os parlamentares. Além disso, diretores das big techs estiveram presentes na Câmara dos Deputados diversas vezes desde que o PL entrou em pauta. Como resultado dessa pressão, 33 deputados mudaram seus votos em relação ao projeto.

          O PL das Fake News, que teve sua votação colocada em regime de urgência em abril, atualmente está parado. A proposta legislativa busca estabelecer medidas para combater a disseminação de notícias falsas, incluindo a obrigação das plataformas remunerarem o conteúdo jornalístico e a imposição de multas e sanções rigorosas no caso de propagação de desinformação.

          O fato de grandes empresas de tecnologia terem influência significativa sobre o processo legislativo é preocupante e coloca em xeque a democracia e a autonomia dos representantes eleitos. Embora seja compreensível que essas empresas defendam seus interesses comerciais e a liberdade de expressão, é preciso considerar os potenciais danos causados pela disseminação de notícias falsas e a desinformação na sociedade.

          A regulação adequada das big techs é uma necessidade urgente. É essencial que o poder dessas empresas seja controlado para evitar abusos e garantir um ambiente democrático saudável. Isso não significa sufocar a inovação ou limitar a liberdade de expressão, mas sim estabelecer regras claras que protejam os direitos dos cidadãos e responsabilizem as empresas por suas ações.

          O papel dos parlamentares é fundamental nesse processo. Eles devem resistir às pressões das grandes empresas de tecnologia e agir em prol do interesse público. A votação do PL das Fake News é um exemplo claro de como a influência corporativa pode atrapalhar o avanço de medidas importantes para a sociedade.



ARTIGO – Para o Papa,: há sogras e sogras. (Padre Carlos)

 

 


Tenham cuidado com a língua!




     O Sumo Pontífice pediu que as tratem melhor, mas deixou-lhes também um aviso: devem “ter cuidado com a língua”.

     O Papa Francisco surpreendeu o mundo ao dedicar uma parte da sua audiência geral desta quarta-feira às sogras. O líder da Igreja Católica elogiou o papel das mães dos cônjuges na família e pediu que sejam respeitadas e valorizadas. Mas também alertou para os perigos da língua afiada que, por vezes, pode causar conflitos e mal-entendidos.

     Francisco reconheceu que as sogras são muitas vezes alvo de piadas e gracejos, mas defendeu que elas são uma “riqueza” para a sociedade. “As sogras são importantes porque são a memória da família, são aquelas que transmitem a fé, os valores, as tradições”, afirmou. E acrescentou: “Sem as sogras não haveria netos”.

     O Papa lembrou ainda que as sogras têm uma missão especial na educação dos filhos e dos netos, especialmente nos tempos de crise que vivemos. “As sogras são aquelas que nos ensinam a ser fortes, a não desistir, a confiar em Deus”, disse.

     Mas nem tudo são rosas no relacionamento entre as sogras e os genros ou noras. O Papa admitiu que há casos em que as sogras se intrometem demais na vida dos casais, dando palpites indesejados ou fazendo comparações injustas. E, para evitar essas situações, Francisco deixou um conselho: “As sogras devem ter cuidado com a língua. A língua é um dom de Deus, mas também pode ser uma arma do diabo. A língua pode construir ou destruir, pode unir ou separar, pode abençoar ou amaldiçoar”.

     O Papa concluiu a sua reflexão pedindo aos fiéis que rezem pelas suas sogras e que lhes agradeçam pelo bem que fazem. E também pediu às sogras que rezem pelos seus genros e noras e que lhes façam sentir o seu amor.

     Eu não sei se o Papa Francisco tem ou teve alguma experiência pessoal com sogras, mas parece-me que ele foi muito sábio nas suas palavras. As sogras são, de facto, uma parte importante da família e merecem o nosso respeito e carinho. Mas também devem saber respeitar os limites e não se meterem onde não são chamadas.

     Eu tive a sorte de ter duas sogra, a avó e a mãe de minha esposa. Elas só trouxeram pra mim Felicidade. Mas sei que há muitos casos em que as sogras são motivo de infelicidade e de discórdia. Por isso, espero que o apelo do Papa seja ouvido e seguido por todos. Há sogras e sogras, mas todas podem ser melhores se souberem usar bem a língua.

 

ARTIGO - Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem: Desamparados diante da Disparidade de Poder. (Padre Carlos)

 



A Disproporcionalidade de Negociações entre Profissionais da Saúde e seus patrões.



     No recente debate sobre os direitos trabalhistas dos profissionais da saúde, uma questão crucial vem à tona: a disproporcionalidade de negociações entre a categoria e os empresários. Em particular, a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou a atenção, deixando muitos enfermeiros e técnicos desamparados diante de seus carrascos. Essa disparidade evidencia a falta de poder de barganha dos trabalhadores da área da saúde e a necessidade urgente de uma mudança de paradigma.

     Enfermeiros e técnicos de enfermagem desempenham um papel vital em nossa sociedade, cuidando dos doentes, aliviando o sofrimento e garantindo que os serviços de saúde sejam prestados de forma adequada. No entanto, esses profissionais frequentemente se veem em condições precárias de trabalho, com salários insuficientes para sustentar uma vida digna. Um exemplo alarmante disso é o fato de muitos técnicos de enfermagem estarem recebendo, após os descontos, menos do que um salário mínimo.

     Nesse contexto, é fundamental que as entidades responsáveis pela defesa dos direitos dos trabalhadores, como o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), atuem de forma incisiva na denúncia desses abusos. Os enfermeiros por terem curso superior e estarem em cargos de coordenação não podem ser utilizados como "capitães do mato" em relação aos demais profissionais de saúde. É preciso unir forças em prol de uma causa comum: a valorização e o reconhecimento da importância desses profissionais.

     Infelizmente, a decisão do STF, que determina que patrões e empregados entrem em negociação coletiva como critério para pagamento do piso salarial, abre espaço para a aplicação de valores inferiores ao estabelecido. Embora a intenção por trás dessa proposta seja evitar demissões em massa ou o comprometimento dos serviços de saúde, ela coloca em risco a estabilidade financeira e a qualidade de vida dos profissionais da área.

   É fundamental ressaltar que os enfermeiros e técnicos de enfermagem merecem um tratamento justo e equitativo, assim como qualquer outro profissional. Eles estão na linha de frente, enfrentando condições adversas e dedicando-se incansavelmente à saúde e ao bem-estar dos pacientes. Negociar condições salariais adequadas e justas não deve ser uma opção, mas sim um direito básico assegurado por uma legislação trabalhista sólida.

   É imperativo que as autoridades competentes revejam essa decisão e se empenhem em garantir que os profissionais da saúde sejam devidamente valorizados. É preciso proporcionar-lhes um ambiente de trabalho digno, com salários condizentes com sua importância para a sociedade. A valorização desses profissionais não é apenas uma questão de justiça social, mas também de garantia da qualidade dos serviços de saúde prestados à população.

   Chegou o momento de superar a disproporcionalidade nas negociações entre os profissionais da saúde e os empresários. É fundamental que haja um equilíbrio de poder, para que os trabalhadores tenham condições adequadas de trabalho e remuneração justa.

      Para alcançar essa equidade, é necessário fortalecer as organizações sindicais e as entidades representativas dos profissionais da saúde. Essas instituições desempenham um papel crucial na defesa dos direitos trabalhistas e na negociação coletiva em nome dos trabalhadores. É essencial que os enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais da área se unam em sindicatos e associações, fortalecendo sua voz e poder de negociação.

     Em última análise, a disproporcionalidade nas negociações entre os profissionais da saúde e os empresários é um reflexo de desequilíbrios mais amplos em nossa sociedade. É um chamado para que repensemos nossas prioridades e coloquemos a dignidade e o bem-estar das pessoas no centro de nossas decisões.

     Os profissionais da saúde merecem condições de trabalho justas, remuneração adequada e reconhecimento por seu esforço e dedicação. É hora de agirmos coletivamente para corrigir essa disproporcionalidade e garantir que os enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais da área sejam tratados com o respeito e a dignidade que merecem. A saúde de nossa sociedade depende disso.

 

sábado, 1 de julho de 2023

ARTIGO - A Abordagem Neoliberal do Jornal O Globo Sobre a Petrobras. (Padre Carlos)

 

O Desprezo Pela Soberania Nacional

 


A matéria recente publicada pelo jornal O Globo, intitulada "Petrobras reduz preço da gasolina e perde R$ 21 bi em valor de mercado na Bolsa", revela mais uma vez a postura tendenciosa e parcial da mídia tradicional ao tratar de assuntos relacionados à Petrobras. Ao ignorar o papel estratégico da estatal como patrimônio do povo brasileiro, o jornal demonstra uma visão equivocada e, por vezes, contraditória sobre a empresa e sua relação com o mercado financeiro. Este artigo de opinião busca evidenciar essa postura e desmistificar a visão privatista adotada pelo Jornal O Globo.

A falta de perspectiva social e estratégica: A reportagem em questão foca, de maneira isolada, na reação negativa do mercado financeiro à redução do preço da gasolina promovida pela Petrobras. No entanto, omite deliberadamente os benefícios que tal medida traz para os consumidores, a inflação e, principalmente, para a soberania energética do Brasil. Ao negligenciar esses aspectos, o jornal deixa de cumprir seu papel de informar adequadamente a população e acaba por contribuir para a disseminação de uma visão distorcida da realidade.

Omissão da queda do dólar e contradição de posicionamento: Outra falha gritante da matéria é a omissão da queda significativa do dólar nos últimos meses, fator que possibilitou a redução do preço da gasolina. Enquanto a moeda norte-americana apresentou uma desvalorização de 12,4%, passando de R$ 5,66 para R$ 4,96, o jornal O Globo parece ignorar esse fato relevante ao criticar a diminuição no valor dos combustíveis. É curioso observar que, em períodos em que o dólar estava em alta, o mesmo jornal defendia os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis, justificando-os como necessários para evitar prejuízos à Petrobras. Essa incoerência revela uma postura oportunista e contraproducente.

A Petrobras como patrimônio do povo brasileiro: Um aspecto fundamental ignorado pela matéria é o fato de a Petrobras ser uma empresa pública, controlada pelo Estado brasileiro e com a União Federal como acionista majoritária. Tal configuração faz com que a estatal não possa ser analisada apenas sob a ótica do lucro e do mercado, mas também sob a perspectiva do interesse público e do desenvolvimento nacional. A Petrobras desempenha um papel crucial na exploração das riquezas do pré-sal, que pertencem ao povo brasileiro, e na garantia do abastecimento de combustíveis em todo o país. Além disso, a empresa é um dos principais investidores em pesquisa e inovação, gerando empregos qualificados e impulsionando o desenvolvimento tecnológico no Brasil.

 A matéria do jornal O Globo revela-se, assim, como tendenciosa, parcial e distante da realidade. Ao desconsiderar o papel estratégico da Petrobras para o Brasil e ao não reconhecer que a queda do dólar possibilitou a redução do preço da gasolina, o jornal demonstra um viés neoliberal e privatista que desvaloriza o interesse nacional em prol dos interesses do mercado financeiro.

É lamentável constatar que um veículo de comunicação tão influente como O Globo adote essa postura, pois isso contribui para a disseminação de uma narrativa distorcida sobre a Petrobras e desinforma a população. Ao negligenciar os benefícios para os consumidores, para a inflação e para a soberania energética do país, o jornal compromete sua função de informar e forma uma visão deturpada sobre a estatal.

Cabe aos leitores e à sociedade como um todo estar atentos a essas distorções e buscar fontes de informação mais abrangentes e confiáveis. A diversidade de opiniões e o acesso a diferentes perspectivas são fundamentais para uma sociedade democrática e bem informada.

Em conclusão, a postura adotada pelo jornal O Globo em sua matéria sobre a Petrobras é um exemplo de como a mídia tradicional pode negligenciar o interesse nacional em detrimento de interesses financeiros. É essencial que os veículos de comunicação exerçam seu papel de forma ética, imparcial e responsável, fornecendo informações precisas e contextualizadas para o público. Somente assim poderemos construir uma sociedade informada e consciente de seus direitos e deveres.


ARTIGO - Home Care: a importância de garantir direitos trabalhistas .(Padre Carlos)

 

A qualidade de vida dos profissionais da saúde

 


          A expansão do serviço de Home Care no Brasil tem sido uma resposta à necessidade de uma assistência em saúde mais próxima e adequada às demandas individuais dos pacientes. No entanto, o crescimento dessa modalidade de atendimento também trouxe consigo desafios e problemas que precisam ser enfrentados e solucionados.

          Uma das principais questões envolvendo o Home Care no Brasil diz respeito à forma como os profissionais de enfermagem são remunerados e contratados. Muitos técnicos de enfermagem que atuam nesse setor enfrentam uma carga horária excessiva, muitas vezes ultrapassando os limites estabelecidos pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREM). Além disso, esses profissionais costumam receber por plantão, o que pode levar a uma remuneração insuficiente para suprir suas necessidades básicas.

          Para contornar essas questões, algumas empresas criaram um sistema de cooperativas que mantêm os profissionais de enfermagem sem vínculo empregatício direto com a empresa. Embora essa prática possa parecer uma solução aparente para a flexibilização da contratação, na prática, acaba prejudicando os técnicos de enfermagem. Os descontos aplicados nos valores dos plantões reduzem significativamente a bonificação recebida, muitas vezes levando-a a ser inferior a um salário mínimo.

          É fundamental que o piso salarial para técnicos de enfermagem seja estabelecido e respeitado pelas empresas que oferecem serviços de Home Care. Esse piso não apenas garantiria uma remuneração justa e condizente com as responsabilidades desses profissionais, mas também serviria como uma forma de desmascarar a prática das cooperativas, que muitas vezes têm o objetivo de reduzir custos às custas dos direitos trabalhistas dos enfermeiros.

          A valorização e o respeito aos técnicos de enfermagem são essenciais para a qualidade do atendimento prestado no Home Care. Esses profissionais são fundamentais para o bem-estar dos pacientes, oferecendo cuidados especializados e humanizados no ambiente familiar. No entanto, a precarização das condições de trabalho e a remuneração inadequada afetam diretamente a motivação e o desempenho desses profissionais, comprometendo, por consequência, a qualidade do serviço prestado.

          É importante que as autoridades competentes, como o COREM e o Ministério da Saúde, estejam atentas a essas práticas e ajam em prol dos direitos dos técnicos de enfermagem que atuam no Home Care. A fiscalização rigorosa das empresas que oferecem esse tipo de serviço, bem como a aplicação de sanções adequadas em caso de descumprimento das leis trabalhistas, são medidas necessárias para coibir abusos e garantir que os profissionais sejam tratados de forma justa.

          O Home Care tem o potencial de ser uma modalidade de assistência em saúde altamente benéfica tanto para os pacientes quanto para os profissionais envolvidos. No entanto, é necessário que sejam tomadas medidas para garantir que essa prática seja realizada de forma ética e justa. A valorização dos técnicos de enfermagem, por meio do estabelecimento de um piso salarial adequado e do combate às práticas abusivas das cooperativas, é essencial para o de técnicos de enfermagem e o desenvolvimento sustentável do Home Care no Brasil.

          Em suma, o Home Care é uma modalidade de assistência em saúde que tem o potencial de transformar o cenário da saúde no Brasil, proporcionando um atendimento mais humanizado, personalizado e acessível. No entanto, é necessário garantir que os profissionais de enfermagem sejam valorizados e remunerados adequadamente, combatendo práticas abusivas e promovendo a capacitação e qualificação desses profissionais. Somente assim poderemos construir um sistema de Home Care sólido e eficiente, capaz de atender às demandas da população de forma ética e sustentável.

 

 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...