domingo, 3 de setembro de 2023

ARTIGO - A Luta do Movimento Sem FPM não dá. (Padre Carlos)

  


 


 Justiça para Todos




O movimento Sem FPM não dá uma luta pela justiça e pelo bem-estar de todos. A queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) tem afetado diretamente a capacidade dos municípios de oferecer serviços essenciais, como saúde, educação e qualidade de vida.

Já testemunhamos prefeitos sendo solicitados a tomar medidas drásticas, como demissões de servidores e cortes de serviços essenciais. Isso não afeta apenas as estruturas governamentais, mas também as famílias e a economia local.

É alarmante saber que 61% dos municípios baianos dependem do FPM e do ICMS, e até agora, o Governo Federal não ofereceu uma explicação satisfatória para essa queda nos repasses.

A queda nos recursos afeta diretamente a capacidade dos municípios de oferecer serviços essenciais, como saúde, educação e qualidade de vida para seus cidadãos. Como as prefeituras podem fornecer esses serviços se os recursos não chegam às mãos dos nossos gestores?

É imperativo que os programas federais, como transporte, merenda, criança feliz, entre outros, sejam atualizados para contemplar a necessidade de quase 80% de complemento de recursos por parte dos municípios.

É importante destacar que não são apenas os prefeitos que estão cobrando medidas, mas sim uma população que está reivindicando seu direito legítimo. Além disso, é essencial que os parlamentares que representam as cidade e tiveram boa parte da sua votação nestes municípios  se comprometam em colocar emendas diretas que realmente alcancem e beneficiem nossos municípios, para funcionamento e custeio.

Em suma, o Movimento Sem FPM não dá é uma causa que transcende as fronteiras políticas, pois busca justiça e bem-estar para todos os cidadãos. A luta por recursos adequados é uma luta pela qualidade de vida e desenvolvimento local.

O Governo Federal deve ouvir os apelo e tomar medidas concretas para garantir que nossos municípios prosperem. Juntos, como uma comunidade unida, podemos alcançar essa mudança tão necessária.

O que você pode fazer para apoiar o Movimento Sem FPM não dá?

 


ARTIGO - O Legado de Jesus: Do Reino de Deus à Revolução da Compaixão (Padre Carlos)

 


 




O Legado de Jesus




No início do século XX, uma frase ressoou nos círculos teológicos, instigando debates fervorosos: "Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi a Igreja." Esta afirmação, ainda hoje, é motivo de reflexão profunda. A figura de Jesus, nascida há mais de dois mil anos, continua a atrair multidões e é uma referência central para a Humanidade. Mas o que há de tão extraordinário neste Homem que transcende o tempo e as fronteiras culturais?

Para compreender a influência da severidade de Jesus, é necessário mergulhar na essência de sua mensagem. Até mesmo aqueles que se declararam agnósticos ou até confirmaram sua singularidade. O filósofo Ernst Bloch relatou que Jesus agiu como um ser "puro e simplesmente bom", algo inédito em sua época. Umberto Eco, também agnóstico, ponderou que se um extraterrestre visitasse a Terra e encontrasse a mensagem de Cristo, com seu amor universal, perdão aos inimigos e sacrifício pela salvação dos outros, consideraria a humanidade redimida por acreditar nessa Verdade.

Eduardo Lourenço, o saudoso filósofo português, afirmou categoricamente: "Não há nada superior a Jesus." Até o mesmo Friedrich Nietzsche, no "O Anticristo", soube que, no fundo, só houve um verdadeiro cristão - aquele que morreu na cruz. Segundo ele, "Só uma vida como aquela que morreu na cruz é cristã."

A morte de Jesus como subversivo e ativista político não obscurece sua mensagem central: a igualdade e dignidade de todos os seres humanos como invioláveis. O cristianismo universalizou esse conceito de cidadania para além das fronteiras, eliminando barreiras de nacionalidade, gênero, raça, idade, status social e religião. Jesus, rebelde e livre, não prestou culto a César nem ao dinheiro. Em vez disso, chamou Deus de Pai, demonstrando ternura, e escandalizou o mundo antigo ao enfatizar que Deus deseja misericórdia, não sacrifícios, e que Ele é adorado em espírito e verdade.

A Boa Nova de Jesus é o Reino de Deus, uma visão de um mundo onde todos são irmãos e companheiros. Esta mensagem é revolucionária em sua simplicidade e profundidade, corações mudando e mentes ao longo dos séculos.

Mas a revolução de Jesus não se limitou ao âmbito espiritual. Ele promoveu uma nova concepção de Deus, afastando-se da ideia de um Deus-Poder que justificasse o domínio das elites. O Deus de Jesus é uma força infinita de criação e promoção, não de dominação. Ele se revelou na humildade, na fragilidade de uma criança que chora e ri. Este Deus está próximo de todos, independentemente da idade, gênero ou condição social. É um Deus amigo, amável e misericordioso para toda a humanidade.

A história das revoluções que têm Jesus como base ainda está por ser escrita completamente. Sua maior revolução foi a transformação da concepção de Deus e a promoção de um Reino de amor, compaixão e igualdade. Jesus continua a desafiar o mundo com sua mensagem de esperança e redenção, inspirando aqueles que buscam um caminho de compaixão e justiça.

Portanto, a frase “Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi para a Igreja” não deve ser vista como uma contradição, mas como uma evolução natural da mensagem de Jesus. A Igreja, apesar de seus desafios, também desempenhou um papel significativo na disseminação do amor e da compaixão pregados por Cristo. O legado de Jesus perdura, convidando-nos a refletir sobre o verdadeiro significado de seu ensinamento e a buscar a transformação interior e social que ele preconizou.

Em tempos de incerteza e divisão, a mensagem de Jesus continua a ser uma luz guia, lembrando-nos do poder transformador do amor e da compaixão. É um legado que transcende o tempo e as fronteiras, oferecendo-nos a oportunidade de construir um mundo mais justo e compassivo, onde sejam reconhecidos todos como filhos de um Deus que é amor.

 


sábado, 2 de setembro de 2023

ARTIGO - O Declínio dos Grupos e Tendências na Esquerda. (Padre Carlos)


A Ascensão dos Mandatos e o Fim da Ideologia

 


    Nos meus anos de dedicação à teologia e à política, pude testemunhar uma transformação profunda na dinâmica dos partidos de esquerda. Hoje, gostaria de abordar um tema crucial que tem afetado significativamente a política de esquerda: o desaparecimento de grupos e tendências dentro desses partidos. Isso parece estar intrinsecamente ligado ao surgimento dos mandatos políticos e à sua influência crescente sobre a estrutura partidária.

    Antes de abordarmos essa questão, é importante destacar que os grupos e tendências partidárias costumavam ser os pilares da diversidade ideológica dentro dos partidos de esquerda. Eles eram os espaços onde os membros podiam debater e desenvolver ideias, muitas vezes discordantes, mas que enriqueciam o panorama político. No entanto, algo mudou no cenário político brasileiro.

    A ascensão dos mandatos políticos trouxe consigo um novo foco: a eleição e reeleição desses mandatos. Isso mudou a dinâmica interna dos partidos de esquerda de maneira profunda. Agora, a meta principal parece ser manter ou conquistar cargas eletivas, relegando para um segundo plano as discussões ideológicas e programáticas.

    Essa mudança de paradigma tem sérias consequências para a política de esquerda. Em primeiro lugar, a busca incessante por mandatos políticos cria uma competição interna feroz que muitas vezes leva a divisões e conflitos. Em vez de unir forças para promover mudanças sociais significativas, os partidos de esquerda muitas vezes se fragmentam em facções que buscam interesses próprios.

    Além disso, a concentração de poder em torno dos mandatos políticos cria uma estrutura hierárquica que muitas vezes sufoca a participação da base. Os membros dos partidos veem em uma posição de subordinação em relação aos políticos eleitos, que determinam grande parte do controle sobre os recursos e a agenda partidária.

    Outro problema grave é a perda da essência ideológica. Com a eleição como objetivo central, os partidos muitas vezes abandonaram suas raízes ideológicas em nome da conveniência eleitoral. Isso leva à diluição das propostas de esquerda e à adoção de políticas que buscam um eleitorado mais amplo, mas que podem comprometer os princípios originais.

    Portanto, o desaparecimento dos grupos e tendências dentro dos partidos de esquerda não é apenas uma mudança interna, mas uma transformação que afeta diretamente a qualidade da democracia e a capacidade da esquerda de promover mudanças efetivas na sociedade. É crucial que reflitamos sobre essa questão e busquemos maneiras de resgatar a diversidade ideológica, a participação da base e o compromisso genuíno com uma agenda progressista.

    Num momento em que a sociedade enfrenta desafios complexos, a esquerda não pode se dar ao luxo de perder sua identidade e tornar o jogo eleitoral como único objetivo. Precisamos encontrar um equilíbrio entre a busca pelo poder político e a manutenção dos princípios que sempre nos guiaram. Só assim poderemos contribuir verdadeiramente para a transformação da sociedade.

 

 


ARTIGO - Quem Cala Consente: Bolsonaro, Michelle e Aliados Optam Pelo Silêncio.

 


É legítimo questionar: por que o silêncio?

 

 


 

Nestes tempos tumultuados da política brasileira, um ditado popular ressurge com força total: "quem cala consente". E é exatamente essa premissa que paira sobre o caso das jóias envolvendo o ex-Presidente Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle Bolsonaro e seus aliados políticos. O silêncio ensurdecedor que permeia essa situação não apenas levanta dúvidas, mas também lança uma sombra de suspeita sobre o cenário político nacional.

O caso teve início em agosto de 2023, quando uma denúncia anônima abalou os alicerces do país. Alegou-se que Bolsonaro e Michelle estariam envolvidos em uma tentativa de venda de jóias recebidas de governos estrangeiros durante suas viagens oficiais ao exterior.

O que torna esse caso ainda mais intrigante é o manto de silêncio que o envolve. Bolsonaro, Michelle e seus aliados políticos optaram por não se manifestar publicamente, deixando seus advogados como porta-vozes. Os defensores dos envolvidos questionam a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para conduzir o caso e afirmam que seus clientes só se manifestarão perante a Procuradoria-Geral da República (PGR). Tal estratégia deixa perguntas no ar. É legítimo questionar: por que o silêncio?

A resposta a essa pergunta não é simples. Alguns argumentam que o silêncio é uma forma de proteger-se legalmente, evitando declarações precipitadas que possam prejudicar seus casos. No entanto, em uma democracia, a transparência e a prestação de contas são essenciais para a manutenção da confiança do público nas instituições e nos líderes políticos. O silêncio prolongado pode ser interpretado como um sintoma de falta de cooperação ou até mesmo de tentativa de obstrução da justiça.

A Polícia Federal realizou buscas e apreensões na residência do casal e na agência bancária em questão, porém não encontrou as jóias em questão. A defesa de Bolsonaro e Michelle nega veementemente que eles tenham recebido ou tentado vender as jóias, alegando que se trata de uma "armação política" com o propósito de prejudicar a imagem do ex-Presidente.

Nesse contexto, a velha máxima "quem cala consente" volta a ecoar com vigor. O público merece esclarecimentos, informações detalhadas e uma prestação de contas completa. Não é suficiente alegar conspiração sem apresentar provas sólidas. Afinal, em um Estado de Direito, a justiça deve ser transparente e imparcial.

Esse episódio ressalta a importância de uma imprensa livre e ativa na fiscalização do poder público. A sociedade tem o direito de saber a verdade por trás desse caso e de julgar por si mesma. O silêncio prolongado de Bolsonaro, Michelle e aliados políticos só aumenta a urgência de respostas.

Em um momento em que a democracia brasileira enfrenta desafios, a transparência e a responsabilidade são mais essenciais do que nunca. O silêncio não é uma opção satisfatória quando se trata de questões que afetam a confiança do público nas instituições democráticas. Nossa sociedade exige respostas, e é fundamental que elas sejam dadas de maneira clara e convincente. Afinal, como diz o ditado, "quem cala consente", e é hora de dissipar qualquer sombra de dúvida que paira sobre esse caso.

 


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

ARTIGO - Cristiano Zanin e a Controvérsia da Maconha: Uma Análise. (Padre Carlos)


 

O Papel de Zanin

 


 

Neste artigo, discutiremos o papel do recém-indicado ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, e sua recente votação no caso da descriminalização do porte de maconha. Esta votação gerou reações diversas na sociedade brasileira, especialmente entre os setores da esquerda.

Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e empossado há apenas três semanas, surpreendeu muitos ao abrir a divergência do relator, ministro Alexandre de Moraes, que defende a não punição criminal do usuário de maconha. Esta posição de Zanin foi elogiada por setores próximos ao bolsonarismo, que a viram como conservadora.

Por outro lado, houve críticas daqueles que esperavam uma postura mais progressista do indicado de Lula. Além disso, Zanin também irritou setores ligados às pautas identitárias ao votar contra a decisão que reconheceu que ofensas homofóbicas são equivalentes ao crime de injúria racial.

No entanto, é importante analisar com calma o voto de Zanin. Ele divergiu da descriminalização da maconha, mas concordou com a fixação de um critério objetivo que diferencia o traficante do usuário. Isso pode ser visto como uma posição mais assertiva do que a de outros ministros, que preferiram deixar essa decisão nas mãos do Legislativo, o que poderia atrasar a efetivação da medida.

Uma interpretação possível é que Zanin adotou essa estratégia para evitar uma narrativa negativa que o associaria à liberação das drogas. Ao divergir, ele escolheu uma repercussão menos prejudicial, evitando um desgaste considerável em seu início na Corte.

Em última análise, o papel de Zanin, assim como de qualquer ministro do Supremo, vai além de agradar a um grupo específico. A sociedade brasileira espera que ele zele pela Constituição com coerência, responsabilidade e ponderação, sem favorecer interesses partidários ou pautas governamentais. Afinal, os mandatos presidenciais são temporários, mas a permanência no Supremo é duradoura, e a responsabilidade de proteger a Constituição perdura muito além dos governos.

Portanto, a análise das ações de Zanin deve se basear em sua busca pela justiça e pelo cumprimento da lei, independentemente das pressões políticas momentâneas. Este é o verdadeiro papel de um ministro do Supremo Tribunal Federal.


terça-feira, 29 de agosto de 2023

ARTIGO - Silêncio Ensurdecedor: A Esquerda e os Direitos Humanos Diante das Tragédias na Bahia. Padre Carlos)

 

 

 

 


O Grito das Vítimas Esquecidas na Bahia

 


     Em um cenário que nos deveria trazer segurança e tranquilidade, a Bahia se destaca de forma desoladora no cenário nacional. Os números chocantes de 6.659 mortes violentas intencionais registradas em 2022, conforme apontado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lançam uma sombra escura sobre nosso estado. Este é um tema que exige reflexão, ação e, acima de tudo, responsabilidade.

     O governador da Bahia, por sua vez, emitiu um comunicado que levanta diversas questões. A sua resposta, centrada nas operações da Polícia Militar que resultaram em 30 mortes, parece desviar o foco da preocupante estatística anual. “O nosso compromisso é na apuração de casos de eventual excesso por parte de qualquer servidor”, disse o governador. Mas o que fazemos em relação ao número crescente de mortes violentas em nossa terra?

     É decepcionante ver como a esquerda e os defensores dos direitos humanos permanecem em silêncio diante da realidade brutal que os mais desfavorecidos estão enfrentando. São os negros e os pobres que, em sua maioria, compõem as tristes estatísticas das vítimas. Não podemos dar ao luxo de ignorar essa dura verdade. Precisamos de uma ação eficaz para conter essa onda de violência que assola nossa população.

     A Bahia, tão rica em cultura e diversidade, não merece ser lembrada apenas por esses números externos. Precisamos nos unir como sociedade e pressionar nossas autoridades para tomar medidas efetivas. Não podemos permitir que a impunidade e a violência continuem a prosperar em nosso estado.

     É hora de cobrar responsabilidades, investigar o fundo das causas desse aumento alarmante de homicídios e implementar políticas públicas que realmente protejam a vida dos nossos cidadãos. O silêncio e a inércia não são opções quando se trata de salvar vidas e preservar a dignidade de nosso povo.

     A Bahia é terra de resistência e luta. É hora de canalizar essa energia para enfrentar esse desafio crucial. Nossa missão é clara: lutar por um estado mais seguro, justo e igualitário, onde todos os cidadãos, independentemente de sua cor ou condição social, possam viver sem medo e com esperança em um futuro melhor.

 

 

 


ARTIGO - Mauro Cid decide romper o silêncio: “agora, é a hora de proteger a família” (Padre Carlos)




A hora da verdade





     O Brasil acompanha com perplexidade e indignação as revelações sobre o suposto esquema de desvio e venda ilegal de joias recebidas pela Presidência da República durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a Polícia Federal, que investiga o caso, os itens de alto valor foram omitidos do acervo público e negociados nos Estados Unidos para enriquecer o ex-presidente e seus aliados.

     Um dos principais envolvidos no caso é o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e um dos seus homens de confiança. Cid está preso desde maio, acusado de fraudar os cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares para que pudessem entrar nos Estados Unidos.

     Após meses de silêncio, Cid decidiu confessar à Polícia Federal que vendeu as joias a mando de Bolsonaro e que entregou o dinheiro para o ex-presidente. A informação foi divulgada pela revista Veja e confirmada pelo advogado de Cid, Cezar Bitencourt. Segundo ele, Cid pretende prestar depoimento na próxima quinta-feira (29) e colaborar com as investigações.

     A decisão de Cid foi motivada pelo sentimento de abandono e traição por parte de Bolsonaro, que negou qualquer envolvimento no caso e tentou se desvincular do ex-ajudante. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Bolsonaro disse que Cid tinha “autonomia” para vender as joias e que ele não mandou ninguém fazer nada. Bolsonaro também afirmou que as joias eram “personalíssimas” e pertenciam ao presidente até 2021.

     Essas declarações contradizem a legislação vigente, que determina que os presentes recebidos por autoridades em razão do cargo devem ser incorporados ao patrimônio da União, salvo quando se tratar de objetos de uso pessoal ou consumo. No entanto, a lei estabelece critérios para definir o que é uso pessoal ou consumo, como valor estimado inferior a R$ 100,00 ou natureza perecível ou consumível.

     As joias recebidas por Bolsonaro não se enquadram nesses critérios. Entre elas, há um relógio da marca Rolex avaliado em US$ 60 mil, dado pela comitiva do Bahrein em visita ao Brasil em 2019. Segundo a Polícia Federal, esse relógio foi vendido por Cid em uma loja em Miami em janeiro deste ano. O dinheiro da venda foi depositado em uma conta bancária nos Estados Unidos controlada por Bolsonaro.

     Além do relógio, há outros itens suspeitos de terem sido desviados do acervo público, como colares, brincos, pulseiras e anéis dados por delegações da China, da Índia, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. A Polícia Federal apura se essas joias também foram vendidas por Cid ou por outros integrantes do entorno de Bolsonaro.

     O caso das joias é mais um escândalo que mancha a imagem de Bolsonaro, que já enfrenta outras denúncias graves, como a suspeita de participação em um esquema de rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando era deputado estadual; a acusação de interferência política na Polícia Federal para proteger seus filhos; e as irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19.

     Bolsonaro também está inelegível por oito anos após ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação na campanha eleitoral de 2018.  Diante desse cenário, a confissão de Cid pode ser decisiva para esclarecer os fatos e responsabilizar os culpados pelo caso das joias. Cid disse aos interlocutores que é “agora, é a hora de proteger a família” 1. Mas, ao romper o silêncio, ele também pode estar contribuindo para proteger a democracia e a República, que foram ameaçadas e desrespeitadas por Bolsonaro e seus aliados durante o seu mandato.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...