terça-feira, 5 de setembro de 2023

ARTIGO - Coração de Leão ou Coração de Pedra? A Dualidade Humana em Questão

 

Partidos Políticos: Hierarquias Medievais no Brasil




 

Prezados leitores,

 

Neste momento crítico da nossa democracia, não podemos mais tolerar afirmações e atitudes como as recentemente proferidas por Romilson Filho, à frente do Partido Progressista (PP) em nossa cidade de Vitória da Conquista. Em uma entrevista ao repórter Ricardo Gordo, Romilson "bateu pé firme", autodenominando-se pré-candidato a prefeito da cidade e ameaçou expulsar um parlamentar do PP por "infidelidade partidária". Casos como este nos fazem repensar e discutir o estado atual dos partidos políticos no Brasil, e em Vitória da Conquista, em particular.

 

Hierarquias Medievais e Falta de Diálogo

 

Os partidos políticos em nossa cidade, e de um modo geral, funcionam com uma hierarquia rígida e centralizada. O poder está fortemente concentrado nas mãos de dirigentes partidários, que por vezes agem de forma autoritária e pouco democrática. Essa estrutura de poder nos remete aos tempos medievais, onde a nobreza detinha controle absoluto sobre os súditos.

É fundamental entender que um dos pilares da democracia é o debate saudável e o diálogo entre diferentes pontos de vista. Decisões não podem ser tomadas unilateralmente, sem dar voz às bases e aos filiados que desejam contribuir com ideias e propostas.


Candidatos e Filiados: Mais do que Moedas de Troca

 

A expulsão sumária de membros que ousam discordar das lideranças partidárias é uma prática que não condiz com os princípios democráticos que deveriam nortear nossos partidos. Além disso, tratar os candidatos como meras moedas de troca, obrigando-os a marchar ao lado de outros sem afinidade ideológica ou chances reais de vitória nas eleições, é uma afronta à verdadeira representatividade política.

 

A Hora de Repensar os Partidos Políticos

 

O caso do PP em Vitória da Conquista serve como um alerta claro de que é hora de repensar o funcionamento dos partidos políticos no Brasil. Precisamos de estruturas mais democráticas, que deem voz às bases e promovam o diálogo e o convencimento. O sistema atual, com hierarquias cegas e expulsões sumárias, enfraquece nossa democracia.

Os partidos devem ser espaços de debate e construção coletiva, não meros instrumentos de poder nas mãos de alguns. A democracia brasileira e a democracia em Vitória da Conquista merecem mais do que isso.


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

ARTIGO - Omissão da Justiça: Um Precedente Prejudicial à Democracia. (Padre Carlos)

 

 

 O Acuamento da Democracia e a Tardia Justiça:

 


A omissão da Justiça brasileira diante dos atos do ex-presidente Jair Bolsonaro é um tema que deve ser discutido com seriedade. A falta de punição por parte das instituições judiciais contribuiu para a escalada da polarização política e da violência no país, e criou um precedente preocupante para o futuro da democracia brasileira.

Bolsonaro fez uma série de declarações e tomou uma série de medidas que flertavam com a ilegalidade, como a incitação à violência, o ataque às instituições democráticas e a promoção do discurso de ódio. No entanto, durante seu mandato, viu poucas ações decisivas por parte da justiça para responsabilizá-lo por suas atitudes controversas.

Somente após as eleições, quando o risco de retorno do autoritarismo foi afastado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou uma análise de casos relacionados aos atos de Bolsonaro. Alegações de abuso de poder político e econômico, além do uso indevido dos meios de comunicação, finalmente foram examinadas. Essa ação tardia levanta dúvidas sobre a disposição da justiça em cumprir seu papel de guardiã da democracia enquanto as ameaças ainda estão em vigor.

A omissão da Justiça tem um impacto negativo sobre a democracia de várias maneiras. Em primeiro lugar, ela envia uma mensagem de impunidade para os políticos que desejam minar a democracia. Quando os políticos sabem que não serão punidos por suas ações, eles ficam mais propensos a tomar medidas que ameaçam a democracia.

Em segundo lugar, a omissão da Justiça prejudica a confiança do povo nas instituições democráticas. Quando os cidadãos percebem que a justiça não está funcionando, eles ficam menos propensos a acreditar que a democracia pode proteger seus direitos.

Em terceiro lugar, a omissão da Justiça pode levar à violência. Quando os políticos não são punidos por suas ações, eles podem incentivar seus seguidores a tomar medidas violentas para promover sua agenda.

É importante ressaltar que a Justiça brasileira não é um organismo monolítico. Existem diferentes instâncias e órgãos com diferentes níveis de independência e competência. No caso de Bolsonaro, a omissão da Justiça foi mais evidente no âmbito federal, onde o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se mostraram mais reticentes em tomar medidas contra o ex-presidente.

Isso pode ser explicado por uma série de fatores, como a falta de consenso entre os ministros do STF, a influência da política na Justiça e o medo de represálias de Bolsonaro e seus apoiadores. No entanto, é importante lembrar que a Justiça tem o papel de proteger a democracia e garantir o respeito às leis. Quando ela falha em cumprir esse papel, abre caminho para o autoritarismo e a violência.

Após a derrota de Bolsonaro nas eleições, o TSE iniciou uma análise de casos relacionados aos atos do ex-presidente. No entanto, essa ação tardia não é suficiente para reparar os danos causados pela omissão da Justiça. É preciso que as instituições judiciais brasileiras se reformem e se tornem mais independentes e imparciais.

 


domingo, 3 de setembro de 2023

ARTIGO - A Luta do Movimento Sem FPM não dá. (Padre Carlos)

  


 


 Justiça para Todos




O movimento Sem FPM não dá uma luta pela justiça e pelo bem-estar de todos. A queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) tem afetado diretamente a capacidade dos municípios de oferecer serviços essenciais, como saúde, educação e qualidade de vida.

Já testemunhamos prefeitos sendo solicitados a tomar medidas drásticas, como demissões de servidores e cortes de serviços essenciais. Isso não afeta apenas as estruturas governamentais, mas também as famílias e a economia local.

É alarmante saber que 61% dos municípios baianos dependem do FPM e do ICMS, e até agora, o Governo Federal não ofereceu uma explicação satisfatória para essa queda nos repasses.

A queda nos recursos afeta diretamente a capacidade dos municípios de oferecer serviços essenciais, como saúde, educação e qualidade de vida para seus cidadãos. Como as prefeituras podem fornecer esses serviços se os recursos não chegam às mãos dos nossos gestores?

É imperativo que os programas federais, como transporte, merenda, criança feliz, entre outros, sejam atualizados para contemplar a necessidade de quase 80% de complemento de recursos por parte dos municípios.

É importante destacar que não são apenas os prefeitos que estão cobrando medidas, mas sim uma população que está reivindicando seu direito legítimo. Além disso, é essencial que os parlamentares que representam as cidade e tiveram boa parte da sua votação nestes municípios  se comprometam em colocar emendas diretas que realmente alcancem e beneficiem nossos municípios, para funcionamento e custeio.

Em suma, o Movimento Sem FPM não dá é uma causa que transcende as fronteiras políticas, pois busca justiça e bem-estar para todos os cidadãos. A luta por recursos adequados é uma luta pela qualidade de vida e desenvolvimento local.

O Governo Federal deve ouvir os apelo e tomar medidas concretas para garantir que nossos municípios prosperem. Juntos, como uma comunidade unida, podemos alcançar essa mudança tão necessária.

O que você pode fazer para apoiar o Movimento Sem FPM não dá?

 


ARTIGO - O Legado de Jesus: Do Reino de Deus à Revolução da Compaixão (Padre Carlos)

 


 




O Legado de Jesus




No início do século XX, uma frase ressoou nos círculos teológicos, instigando debates fervorosos: "Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi a Igreja." Esta afirmação, ainda hoje, é motivo de reflexão profunda. A figura de Jesus, nascida há mais de dois mil anos, continua a atrair multidões e é uma referência central para a Humanidade. Mas o que há de tão extraordinário neste Homem que transcende o tempo e as fronteiras culturais?

Para compreender a influência da severidade de Jesus, é necessário mergulhar na essência de sua mensagem. Até mesmo aqueles que se declararam agnósticos ou até confirmaram sua singularidade. O filósofo Ernst Bloch relatou que Jesus agiu como um ser "puro e simplesmente bom", algo inédito em sua época. Umberto Eco, também agnóstico, ponderou que se um extraterrestre visitasse a Terra e encontrasse a mensagem de Cristo, com seu amor universal, perdão aos inimigos e sacrifício pela salvação dos outros, consideraria a humanidade redimida por acreditar nessa Verdade.

Eduardo Lourenço, o saudoso filósofo português, afirmou categoricamente: "Não há nada superior a Jesus." Até o mesmo Friedrich Nietzsche, no "O Anticristo", soube que, no fundo, só houve um verdadeiro cristão - aquele que morreu na cruz. Segundo ele, "Só uma vida como aquela que morreu na cruz é cristã."

A morte de Jesus como subversivo e ativista político não obscurece sua mensagem central: a igualdade e dignidade de todos os seres humanos como invioláveis. O cristianismo universalizou esse conceito de cidadania para além das fronteiras, eliminando barreiras de nacionalidade, gênero, raça, idade, status social e religião. Jesus, rebelde e livre, não prestou culto a César nem ao dinheiro. Em vez disso, chamou Deus de Pai, demonstrando ternura, e escandalizou o mundo antigo ao enfatizar que Deus deseja misericórdia, não sacrifícios, e que Ele é adorado em espírito e verdade.

A Boa Nova de Jesus é o Reino de Deus, uma visão de um mundo onde todos são irmãos e companheiros. Esta mensagem é revolucionária em sua simplicidade e profundidade, corações mudando e mentes ao longo dos séculos.

Mas a revolução de Jesus não se limitou ao âmbito espiritual. Ele promoveu uma nova concepção de Deus, afastando-se da ideia de um Deus-Poder que justificasse o domínio das elites. O Deus de Jesus é uma força infinita de criação e promoção, não de dominação. Ele se revelou na humildade, na fragilidade de uma criança que chora e ri. Este Deus está próximo de todos, independentemente da idade, gênero ou condição social. É um Deus amigo, amável e misericordioso para toda a humanidade.

A história das revoluções que têm Jesus como base ainda está por ser escrita completamente. Sua maior revolução foi a transformação da concepção de Deus e a promoção de um Reino de amor, compaixão e igualdade. Jesus continua a desafiar o mundo com sua mensagem de esperança e redenção, inspirando aqueles que buscam um caminho de compaixão e justiça.

Portanto, a frase “Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi para a Igreja” não deve ser vista como uma contradição, mas como uma evolução natural da mensagem de Jesus. A Igreja, apesar de seus desafios, também desempenhou um papel significativo na disseminação do amor e da compaixão pregados por Cristo. O legado de Jesus perdura, convidando-nos a refletir sobre o verdadeiro significado de seu ensinamento e a buscar a transformação interior e social que ele preconizou.

Em tempos de incerteza e divisão, a mensagem de Jesus continua a ser uma luz guia, lembrando-nos do poder transformador do amor e da compaixão. É um legado que transcende o tempo e as fronteiras, oferecendo-nos a oportunidade de construir um mundo mais justo e compassivo, onde sejam reconhecidos todos como filhos de um Deus que é amor.

 


sábado, 2 de setembro de 2023

ARTIGO - O Declínio dos Grupos e Tendências na Esquerda. (Padre Carlos)


A Ascensão dos Mandatos e o Fim da Ideologia

 


    Nos meus anos de dedicação à teologia e à política, pude testemunhar uma transformação profunda na dinâmica dos partidos de esquerda. Hoje, gostaria de abordar um tema crucial que tem afetado significativamente a política de esquerda: o desaparecimento de grupos e tendências dentro desses partidos. Isso parece estar intrinsecamente ligado ao surgimento dos mandatos políticos e à sua influência crescente sobre a estrutura partidária.

    Antes de abordarmos essa questão, é importante destacar que os grupos e tendências partidárias costumavam ser os pilares da diversidade ideológica dentro dos partidos de esquerda. Eles eram os espaços onde os membros podiam debater e desenvolver ideias, muitas vezes discordantes, mas que enriqueciam o panorama político. No entanto, algo mudou no cenário político brasileiro.

    A ascensão dos mandatos políticos trouxe consigo um novo foco: a eleição e reeleição desses mandatos. Isso mudou a dinâmica interna dos partidos de esquerda de maneira profunda. Agora, a meta principal parece ser manter ou conquistar cargas eletivas, relegando para um segundo plano as discussões ideológicas e programáticas.

    Essa mudança de paradigma tem sérias consequências para a política de esquerda. Em primeiro lugar, a busca incessante por mandatos políticos cria uma competição interna feroz que muitas vezes leva a divisões e conflitos. Em vez de unir forças para promover mudanças sociais significativas, os partidos de esquerda muitas vezes se fragmentam em facções que buscam interesses próprios.

    Além disso, a concentração de poder em torno dos mandatos políticos cria uma estrutura hierárquica que muitas vezes sufoca a participação da base. Os membros dos partidos veem em uma posição de subordinação em relação aos políticos eleitos, que determinam grande parte do controle sobre os recursos e a agenda partidária.

    Outro problema grave é a perda da essência ideológica. Com a eleição como objetivo central, os partidos muitas vezes abandonaram suas raízes ideológicas em nome da conveniência eleitoral. Isso leva à diluição das propostas de esquerda e à adoção de políticas que buscam um eleitorado mais amplo, mas que podem comprometer os princípios originais.

    Portanto, o desaparecimento dos grupos e tendências dentro dos partidos de esquerda não é apenas uma mudança interna, mas uma transformação que afeta diretamente a qualidade da democracia e a capacidade da esquerda de promover mudanças efetivas na sociedade. É crucial que reflitamos sobre essa questão e busquemos maneiras de resgatar a diversidade ideológica, a participação da base e o compromisso genuíno com uma agenda progressista.

    Num momento em que a sociedade enfrenta desafios complexos, a esquerda não pode se dar ao luxo de perder sua identidade e tornar o jogo eleitoral como único objetivo. Precisamos encontrar um equilíbrio entre a busca pelo poder político e a manutenção dos princípios que sempre nos guiaram. Só assim poderemos contribuir verdadeiramente para a transformação da sociedade.

 

 


ARTIGO - Quem Cala Consente: Bolsonaro, Michelle e Aliados Optam Pelo Silêncio.

 


É legítimo questionar: por que o silêncio?

 

 


 

Nestes tempos tumultuados da política brasileira, um ditado popular ressurge com força total: "quem cala consente". E é exatamente essa premissa que paira sobre o caso das jóias envolvendo o ex-Presidente Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle Bolsonaro e seus aliados políticos. O silêncio ensurdecedor que permeia essa situação não apenas levanta dúvidas, mas também lança uma sombra de suspeita sobre o cenário político nacional.

O caso teve início em agosto de 2023, quando uma denúncia anônima abalou os alicerces do país. Alegou-se que Bolsonaro e Michelle estariam envolvidos em uma tentativa de venda de jóias recebidas de governos estrangeiros durante suas viagens oficiais ao exterior.

O que torna esse caso ainda mais intrigante é o manto de silêncio que o envolve. Bolsonaro, Michelle e seus aliados políticos optaram por não se manifestar publicamente, deixando seus advogados como porta-vozes. Os defensores dos envolvidos questionam a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para conduzir o caso e afirmam que seus clientes só se manifestarão perante a Procuradoria-Geral da República (PGR). Tal estratégia deixa perguntas no ar. É legítimo questionar: por que o silêncio?

A resposta a essa pergunta não é simples. Alguns argumentam que o silêncio é uma forma de proteger-se legalmente, evitando declarações precipitadas que possam prejudicar seus casos. No entanto, em uma democracia, a transparência e a prestação de contas são essenciais para a manutenção da confiança do público nas instituições e nos líderes políticos. O silêncio prolongado pode ser interpretado como um sintoma de falta de cooperação ou até mesmo de tentativa de obstrução da justiça.

A Polícia Federal realizou buscas e apreensões na residência do casal e na agência bancária em questão, porém não encontrou as jóias em questão. A defesa de Bolsonaro e Michelle nega veementemente que eles tenham recebido ou tentado vender as jóias, alegando que se trata de uma "armação política" com o propósito de prejudicar a imagem do ex-Presidente.

Nesse contexto, a velha máxima "quem cala consente" volta a ecoar com vigor. O público merece esclarecimentos, informações detalhadas e uma prestação de contas completa. Não é suficiente alegar conspiração sem apresentar provas sólidas. Afinal, em um Estado de Direito, a justiça deve ser transparente e imparcial.

Esse episódio ressalta a importância de uma imprensa livre e ativa na fiscalização do poder público. A sociedade tem o direito de saber a verdade por trás desse caso e de julgar por si mesma. O silêncio prolongado de Bolsonaro, Michelle e aliados políticos só aumenta a urgência de respostas.

Em um momento em que a democracia brasileira enfrenta desafios, a transparência e a responsabilidade são mais essenciais do que nunca. O silêncio não é uma opção satisfatória quando se trata de questões que afetam a confiança do público nas instituições democráticas. Nossa sociedade exige respostas, e é fundamental que elas sejam dadas de maneira clara e convincente. Afinal, como diz o ditado, "quem cala consente", e é hora de dissipar qualquer sombra de dúvida que paira sobre esse caso.

 


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

ARTIGO - Cristiano Zanin e a Controvérsia da Maconha: Uma Análise. (Padre Carlos)


 

O Papel de Zanin

 


 

Neste artigo, discutiremos o papel do recém-indicado ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, e sua recente votação no caso da descriminalização do porte de maconha. Esta votação gerou reações diversas na sociedade brasileira, especialmente entre os setores da esquerda.

Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e empossado há apenas três semanas, surpreendeu muitos ao abrir a divergência do relator, ministro Alexandre de Moraes, que defende a não punição criminal do usuário de maconha. Esta posição de Zanin foi elogiada por setores próximos ao bolsonarismo, que a viram como conservadora.

Por outro lado, houve críticas daqueles que esperavam uma postura mais progressista do indicado de Lula. Além disso, Zanin também irritou setores ligados às pautas identitárias ao votar contra a decisão que reconheceu que ofensas homofóbicas são equivalentes ao crime de injúria racial.

No entanto, é importante analisar com calma o voto de Zanin. Ele divergiu da descriminalização da maconha, mas concordou com a fixação de um critério objetivo que diferencia o traficante do usuário. Isso pode ser visto como uma posição mais assertiva do que a de outros ministros, que preferiram deixar essa decisão nas mãos do Legislativo, o que poderia atrasar a efetivação da medida.

Uma interpretação possível é que Zanin adotou essa estratégia para evitar uma narrativa negativa que o associaria à liberação das drogas. Ao divergir, ele escolheu uma repercussão menos prejudicial, evitando um desgaste considerável em seu início na Corte.

Em última análise, o papel de Zanin, assim como de qualquer ministro do Supremo, vai além de agradar a um grupo específico. A sociedade brasileira espera que ele zele pela Constituição com coerência, responsabilidade e ponderação, sem favorecer interesses partidários ou pautas governamentais. Afinal, os mandatos presidenciais são temporários, mas a permanência no Supremo é duradoura, e a responsabilidade de proteger a Constituição perdura muito além dos governos.

Portanto, a análise das ações de Zanin deve se basear em sua busca pela justiça e pelo cumprimento da lei, independentemente das pressões políticas momentâneas. Este é o verdadeiro papel de um ministro do Supremo Tribunal Federal.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...