A Gripe Espanhola e o Covid-19
Lendo as notícias
sobre a flexibilização das regras de confinamento e de distanciamento social, na nossa cidade,
passei a entender que a história não se repete, são os erros das autoridades que
fazem retornar. As histórias passadas e presentes, apresentam
diversas e importantes semelhanças com o que estamos vivendo nos últimos tempos,
afinal a sociedade apreende tudo – de formas variadas – e guarda na memória. Os
momentos passados são experiências que deveriam ser resgatadas e utilizadas
para que não cometêssemos os mesmos erros.
Assim como hoje,
no século passado surgiu uma pandemia que foi denominada de gripe espanhola. Só
que de espanhola ela não tinha nada, pois o que se sabe é que ela foi oriunda
dos Estados Unidos de onde os soldados levaram para o sul da França aonde
americanos e ingleses estavam acampados durante a Primeira Guerra Mundial.
Agora aparece este coronavírus que origina a pandemia com o nome de
Covid-19, que se diz oriunda da China, porque nela surgiu em primeiro lugar,
conforme noticiam os jornais do mundo inteiro.
Independente da
origem, o fato é que se não houver rígido controle no Brasil e em especial no
nosso município, a peste do Covid-19 poderá causar resultados semelhantes à
peste ou gripe espanhola que aqui chegou nos fins daquela Primeira Guerra
Mundial.
O Ministério Público nesta quinta-feira, através da promotora Guiomar Miranda, recomendou as autoridades da nossa cidade que o comércio fosse fechado novamente em virtude da pandemia de Coronavírus. Devido à grande movimentação que tem sido registrada diariamente no Centro desde que o comércio foi reaberto, podemos constar um aumento de mais de 100% em apenas oito dias. Existem ainda 3823 casos suspeitos da doença. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no município subiu para 56%. Mesmo com o avanço do vírus em nosso município, o prefeito já mandou avisar o Ministério Público, que não vai acatar a recomendação.
O Ministério Público nesta quinta-feira, através da promotora Guiomar Miranda, recomendou as autoridades da nossa cidade que o comércio fosse fechado novamente em virtude da pandemia de Coronavírus. Devido à grande movimentação que tem sido registrada diariamente no Centro desde que o comércio foi reaberto, podemos constar um aumento de mais de 100% em apenas oito dias. Existem ainda 3823 casos suspeitos da doença. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no município subiu para 56%. Mesmo com o avanço do vírus em nosso município, o prefeito já mandou avisar o Ministério Público, que não vai acatar a recomendação.
Nosso prefeito se comporta como as autoridades daquela época, ao liberar o comercio e as atividades econômicas e sociais. Ocorreu que logo após a primeira onda, como acontece no nosso município, quando os estabelecimentos foram liberados em pleno período junino, as pessoas saíram enlouquecidas às ruas, as compras e veio, como esta, a segunda onda que matou três vezes mais que a primeira. Não deixe que as pessoas digam o que você deve fazer, cuidem-se, protejam-se e lembre-se que ainda não existe cura para esse vírus que ataca vários órgãos vitais e mata! E quem o pega se vê no isolamento sozinho e longe das pessoas que ama sem saber se irá amanhecer vivo.
Para resgatar
nossa memória, o escritor Ruy Castro no livro “O Carnaval da Guerra e da Gripe”
descreve as cenas resultantes daquela pandemia que são terríveis e
horripilantes. Transcrevo algumas partes de sua narrativa: “A morte em massa
começou a gerar consequências que ninguém podia controlar. Sem leitos
suficientes nos hospitais da cidade, os doentes eram amontoados no chão das
enfermarias e nos corredores. Muitos morriam antes de ser atendidos. Os
hospitais foram fechados às visitas e, nos enterros, só se permitia a presença
dos mais próximos. Mas logo deixaria de haver espaço para condolências. Em
pouco tempo, os velhos rituais — velório, cortejo e sepultamento — ficaram
impraticáveis. As casas funerárias passaram a não dar conta. Viam-se carros
transportando caixões com tábuas mal pregadas, indicando que tinham sido feitos
às pressas. Então, começou a faltar madeira para os caixões e gente para
fabricá-los. As pessoas morriam e seus corpos ficavam nas portas das casas,
esperando pelos caminhões e carroças que deveriam levá-los. Os motoristas e
carroceiros os recolhiam na calçada e os atiravam nas caçambas como se fossem
sacos de areia.
“As aglomerações
foram desestimuladas tarde de mais. (…) Os doentes eram tantos que muitas
atividades básicas sofreram por não haver quem as desempenhasse. ” Assim
como o coronavírus, a gripe espanhola também não distinguia classes
sociais. Levou gente entre os pobres, os remediados e até de famílias
importantes do nosso país.
O que a história da gripe espanhola nos ensina é
que temos que ter prudência em lidar com pandemias e se ficarmos preocupados
mais com a economia do que a saúde do povo, as consequências serão nefastas ao
cidadão por se tratar de vidas.