Vocês não são donos do poder!
Como professor de filosofia, gostaria de
afirmar que a grande vítima destas manifestações promovidas pelos simpatizantes
do governo e as propagandas bem articuladas por quem não devia
fazê-la, tem sido a República e a frágil democracia brasileira. Não podemos
negar, que a quebra da harmonia entre os Poderes está criando consequências a
instabilidade das instituições, pois o reflexo da “briga” entre os Poderes
Executivo e Judiciário, longe de ser aplaudida, merece reprovação, pois, do
jeito como vão as coisas caminhando não é difícil prever um desfecho traumático.
O povo não aguenta mais este comportamento tosco por parte do executivo.
O que precisamos neste momento de dor e
desespero com uma morte por minuto causada pelo covid-19, é de paz, de harmonia
entre os Poderes do Estado, para que se possa viver com segurança e tranquilidade
neste País, só assim conseguiremos vencer esta crise.
Quando presenciamos torcidas organizadas
em outra arena que não esportiva, entendemos o estrago que estas elites fizeram
na confiança dos políticos e dos movimentos sociais, para tirar um partido do
poder e uma liderança do coração dos brasileiros. Política não tem vácuo. Tem gente que acha isso, outros acham aquilo. A única
certeza tão certa quanto o vácuo no espaço é a falta de vácuo na política. Assim, com uma esquerda criminalizada
pela grande mídia e uma crise institucional, outros personagens surgem para
ocupar estes espaços com manifestações cujas palavras de ordem extrapolam as
questões da pandemia para ressaltarem outros interesses políticos. Este quadro
revela um componente novo, os problemas principais não são só de ordem sanitária
pública com a pandemia, mas também de ordem política.
Já está por demais claro que o comportamento das autoridades
não é de preocupação com o povo brasileiro em sua cotidiana luta pela
sobrevivência. As autoridades estão preocupadas em se imporem ante as outras
como as autoridades máximas, principais, detentoras da verdade política pela
qual se justificam como tais, bem como do poder de prevalência sobre os demais.
Desprezando o princípio de Montesquieu que norteia
as repúblicas democráticas, pelo qual o poder tripartite deve coexistir em
harmonia, cada qual busca sobrepujar o outro fugindo aos limites da outorga
constitucional originária do povo que os criou e os mantém. Os poderes
executivos, legislativo e judiciário, ante o Poder originário são um único e
mesmo poder, com as suas atribuições e funções próprias e não intercambiáveis.
Os erros, as incoerências, as
imperfeições, as incompreensões, as vaidades e tudo o mais que destoam dessa
harmonia política, não se encontram nesses poderes, mas sim, naqueles que os
representam. São as autoridades as únicas responsáveis pelos malefícios
causados ao povo brasileiro por suas ambições e ingerências, pelos quais o
titular do Poder, que é o Povo, está pagando alto preço.
O contrato social
que se sustenta em Rousseau cai por terra ferido ante o desrespeito e a
incoerência dessas autoridades, que confundem suas representações e começam
agir em seus próprios interesses, em detrimento dos interesses de quem lhes
outorgou o poder de representá-lo, isto é, o Povo.
É preciso que as autoridades
entendam de vez que são vassalos do Povo. Os senhores não são donos do Poder,
portanto, sejam exemplos dignificantes, cumpram seus mandatos com
responsabilidade e realizem suas funções dentro daquilo que o Povo exige,
dentro dos limites que a Constituição impõe, todos preservando a harmonia entre
os poderes e a justiça social.
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