Dom Climério e as CEBs
A chegada
dos padres missionários Italianos e a presença de um Bispo motivado pelas
reformas do Vaticano II e de Medellín, foram a combinação perfeita para que a
Diocese de Vitória da Conquista pudesse gestar a transformação que aquela
Igreja particular iria vivenciar nas três primeiras década pós-Concílio. Desta forma, com uma
profunda sintonia com as posições daquele Concílio, Dom Climério e seu Clero
exercia o ministério episcopal sonhando com aquelas propostas de reformas. Vivendo
de forma austera, foi ao encontro dos pobres, estimulando seus padres e
seminaristas para que se dirigissem ao povo de Deus criando assim várias
comunidades. Exortava a Igreja a ir à periferia da cidade e a zona rural e aos
pastores a terem um estilo de vida austero como sinal do compromisso
evangélico. Os oprimidos ocupavam uma posição central em seu ministério.
Foi através desta Igreja que
os pobres na nossa cidade aprenderam que o papel da liderança não era representar ou falar em nome deles, mas sim, ter a capacidade de organizar,
para que eles tivessem consciência da causa dos problemas que estavam
enfrentando e se organizassem para resolvê-lo. Dentro da Igreja e da CEBEs
podemos constatar ao longo de várias décadas a aplicação de uma prática social,
estruturada a partir de princípios organizativo.
A Igreja
que emergia do Concilio estava em constante movimento, em constante luta e as suas
lideranças nasciam da referência que o próprio povo de Deus criava a partir de
uma relação de confiança; por isto, dentro das CEBEs, ser liderança implicava,
não em um status mas, em uma responsabilidade a mais, porque as Lideranças
tinham a obrigação de alimentar a mística na oração e o papel de organizar o
coletivo para procurar a solução para aqueles problemas.
As CEBEs
da nossa Diocese se tornaram entre as décadas de sessenta até final da década
de noventa em um grande celeiro de lideranças que ajudou na construção do projeto
político que transformou Vitória da Conquista na terceira maior cidade do
Estado da Bahia.
O surgimento das Comunidade de Base, como conhecemos, acontecem
dentro do contexto do processo de desenvolvimento da cafeicultura da
região e diante dos problemas enfrentados pelos trabalhadores, muitas lutas
foram travadas com o apoio da Igreja: A greve dos catadores de café, a Barragem
de Anagé, a fazenda Pau Brasil etc.
Ao ver aquela juventude que participou destas mudanças que
transformaram nossa cidade partindo, sinto que todos nós estamos em dívidas com
estes. Por
isto, hoje vejo a importância de lembrarmos da contribuição
ímpar que aqueles homens e mulheres tiveram nas reformas da Igreja e da sociedade. Assim,
é importante resgatar a memória daqueles que dedicaram suas vidas a construção de uma nova Igreja; leigos,
religiosos e clérigos, para que pudéssemos viver em um mundo melhor. É esta geração que a cada dia vai se despedindo desta vida e
levando consigo um pedaço da nossa Igreja e da nossa história. Não podemos
permiti que suas lutas e vitórias sejam esquecidas. Estes Irmãos, constituem
efetivamente parte da identidade da Igreja de Vitória da Conquista.
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