Um Norte para o Brasil
2022 será um ano decisivo! É claro que todos
os anos são o seu modo, mas a atual conjuntura nacional e mundial faz o novo
ano determinante para a próxima década.
A evolução da covid-19, que deixou de ser uma pandemia transitória como
a gripe espanhola, e suas múltiplas mutações, tem sinalizado que ainda vamos
conviver mais algum tempo com todas as medidas sanitárias; as eleições
presidenciais e a formação de uma frente antifascismo, podendo desembocar em um
grande pacto nacional; fazem de 2022 um ano de decisões, desafiante e o que é
mais delicado, sob o princípio da incerteza.
Por isso, o título que escolhi para esta coluna explora um duplo sentido
dos meus votos para 2022. Precisamos de um projeto que englobe - região, país e
Mundo - de um norte, de um rumo de desenvolvimento que introduza visão,
solidariedade e uma parceria com nossos amigos do MERCOSUL, num contexto de
riscos elevados e fragmentação é fundamental reconstruir o mercado interno e
refazer este grande sonho de integração continental. Por outro lado, o Brasil e
os países Latino Americano precisam de um Norte forte e lideranças, na sua
máxima força empreendedora, institucional e exportadora, para dar a sua
indispensável contribuição na retomada da económica, num novo ciclo industrial
e na coesão social e territorial.
A realização desta agenda será determinante para darmos uma resposta aos
desafios que teremos de enfrentar.
Desigualdade. O que fizermos nestes próximos anos no sentido de apoio aos
setores da população vulneráveis definirá a sustentabilidade da nossa qualidade
de vida e a qualidade da democracia. Qualificar esta nova geração e reformar o
Estado brasileiro para que a maioria da população tenha acesso aos serviços públicos
de qualidade são decisivos, para vencer os desafios que esta crise tem causado.
Esta
agenda não se faz sem mudar comportamentos, fontes e consumos energéticos. A
eficiência, as energias limpas, a retomada da Petrobras como empresa dos
brasileiros, a Eletrobrás como fonte de desenvolvimento e as soluções locais de
eletrificação são fundamentais para darmos o pulo do gato.
Desglobalização. O termo entrou no jargão econômico e político. A
instabilidade mundial nos fornecimentos de commodities, matérias-primas, energias e
tecnologias é uma ameaça e exige a procura de novos mercados e atividades,
privilegiando a proximidade do Brasil com os BRICS, e antigos parceiros do
médio Oriente.
Descentralização. Precisamos de um Estado mais próximo, mais eficiente,
mais barato. O tempo da política está cada vez mais desajustado do tempo das
pessoas e da economia real. Informar e esclarecer, combatendo a demagogia, é
imperativo. O debate da Reforma do Estado está de volta e precisa alcançar o
Ministério da Defesa o Judiciário e o Congresso Nacional. É a reforma-mãe do
Estado para que haja verdadeiramente democracia neste país.