quinta-feira, 10 de novembro de 2022

ARTIGO - Lula chora ao falar de combate à fome (Padre Carlos)

 

Lula chora ao falar da volta da fome.

 

 


Lula não conseguiu contar a emoção e chorou, nesta quinta-feira, dia 10, durante discurso a parlamentares aliados no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, onde uma equipa escolhido por ele trabalha na transição para o novo governo.

No momento de emoção, Lula falava de combate à fome - que afeta 33 milhões de brasileiros - quando se comoveu. "Se quando eu terminar este mandato, cada brasileiro estiver tomando café, estiver almoçando e estiver jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida".

Em seguida chorou e a plateia aplaudiu e gritou o seu nome. “Desculpem, mas o fato é que eu jamais esperava que a fome voltasse a este país. Jamais. Quando deixei a presidência imaginava que nos dez anos seguintes o Brasil estaria igual à França, estaria igual à Inglaterra, teria evoluído do ponto de vista das conquistas sociais".

Só quem se compadece com o sofrimento alheio, consegue sofrer junto com ele, e ajuda-lo a aliviar a sua dor. Assim, Lula se comoveu com o sofrimento, causado pela fome e pobreza que assola milhões de pessoas em nosso país, para ele este é um problema persistente. Onde há pobreza, na maioria das vezes, há fome,

Não podemos esquecer que em 2014, já sob o governo de Dilma Rousseff, celebramos a saída do Mapa da Fome da ONU. O Brasil no governo Bolsonaro traz de volta esta triste estatística. Um país entra no Mapa da Fome quando mais de 2,5% da população enfrentam falta crônica de alimentos. No Brasil, a fome crônica atingiu agora 4,1% e, pelo levantamento, a situação no país é mais grave do que a média global.

Ao se emocionar com o sofrimento do seu povo, ele revelou a mais bela definição de humanidade que se poderia esperar de um chefe de Estado.

 


ARTIGO - O seu nome será sempre Gal (Padre Carlos)

 


Gal Costa (1945-2022), um cristal que se quebrou.

 


 

Apesar de a morte ser uma certeza, continua nos surpreendendo quando chega sem aviso, como foi esta partida repentina de Gal. A menina que marcou minha geração com o seu canto cristalino, partiu nesta quarta-feira. Para os baianos, a notícia desta inesperada morte é sempre dolorosa pela forma como nos relacionamos com este quarteto. A gente sempre tratou como: Gil, Betânia, Gal e Caetano. É como se fossem amigos de várias décadas. Perdemos neste dia, um pedaço da nossa História.

Não faz muito tempo, que li uma reportagem onde ela falava dos mais de cinquenta anos de carreira. Falava da menina Gal, que gosta de sorrir, de dançar e de cantar.  Perguntado se ela pensava em escrever suas histórias, ela respondeu: “Escrever as minhas memórias? Sim, mas mais para frente. Ainda tenho muitos planos”.

    Sempre falava com orgulho do seu papel no Tropicalismo e explicava a riqueza permanente da música do Brasil por onde passava fruto da mistura de negros, índios e portugueses. Ninguém conhecia a menina Maria da Graça, mas bastou uma só canção para fixar na memória coletiva a identidade que a projetou no Brasil e no mundo: Meu nome é Gal. Em 1969, Gal Costa, cintilante e de forma direta, declarava: “Meu nome é Gal, tenho 24 anos/Nasci na Barra Avenida, Bahia/Todo dia eu sonho alguém para mim/Acredito em Deus, gosto de baile, cinema/Admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo.” A lista de referências continuava entre as estrelas da MPB. Quando eu escutava no antigo vinil, ‘Meu Nome é Gal’, terceira faixa do álbum número três da baiana, me vinha à mente aquela menina de meados da década de sessenta, quase meio século depois. Ainda gosto de ouvir e lembrar aquele quarteto de baianos.

Na verdade, estamos em choque é triste demais: Gal, já estou com saudade, aproveito este texto para agradecer meio século de canções e gostaria de lembrar que seu legado é uma das obras mais ricas e diversas da música popular brasileira.

 

 




quarta-feira, 9 de novembro de 2022

ARTIGO - TSE Já admitiu que as urnas são seguras antes de relatório das Forças Armadas (Padre Carlos)

 


Na democracia, são os votos que asseguram as armas ou são estas que dão sustentação aqueles?

 

 



Será entregue nesta quarta-feira (9) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o relatório das Forças Armadas sobre as eleições 2022. Este documento não tem base legal para justificar as declarações do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que  afirmou em nota que  iria aguardar o relatório para dizer que se reconheceria ou não o resultado das urnas.  Seja qual for o resultado desta “investigação”, o TSE já declarou a vitória ao candidato do Partido dos Trabalhadores. Estes fatos só servem para comprovar  que estamos distantes de sermos uma democracia consolidada e  devem inquietar-nos. Questionemos, p. ex., a presença das Forças Armadas como órgão fiscalizador ao ponto de definir a legalidade do processo, tem base legal? Estamos realmente em uma democracia sólida, são os votos que asseguram as armas ou são estas que dão sustentação aqueles?

Por isto me lembrei de um fato histórico que ocorreu na Grécia antiga. Segundo o historiador, Pirro, general grego, disse ao ganhar a Batalha de Ásculo que outra vitória desta e ele estaria perdido. Referia-se ao alto número de homens que perdera e a não ter mais onde recrutar soldados. A batalha que Lula e a Frente Democrática, travaram contra o fascismo e a vitória apertada, lembra que a democracia brasileira venceu a disputa contra o fascismo, mas o bolsonarismo esta mais vivo do que nunca.  Observando a realidade, constato o quanto esta Frente se alargou ao ponto de tucanos e petistas darem as mãos para termos hoje uma democracia.

Mesmo com todos os defeitos e imperfeições, gostaria de deixar claro que a mais deficiente das democracias é sempre melhor do que a mais eficiente das ditaduras. No entanto, atento para a fragilidade de nossa democracia.  Temos, neste momento, ameaças de um revés autoritário e isto se dá devido à falta de consolidação do estado democrático de direito. Mas, isso é tudo? Nossa democracia tem seríssimas deficiências que esta eleição e a pós-eleição fez aflorar.

Temos eleições a cada dois anos, mas elas são aguardadas e tratadas como se fosse um presente uma concessão que a direita e as forças conservadoras oferecem ao povo.

Durante muitos anos ouvimos dizer que a democracia brasileira estava consolidada. Afirmava-se que as eleições era uma festa da democracia. Na verdade, o que a sociedade brasileira tem que entender que a eleição nada mais é que o processo pelo qual escolhemos os nossos representantes. Simples assim. Por que, depois de tanta luta , as instituições certificaram ,validaram e confirmaram a plena validade e legitimidade das eleições brasileira, qualquer interferência das Forças Armadas neste processo seria um golpe para democracia e a vontade das urnas.

 


terça-feira, 8 de novembro de 2022

ARTIGO - Nordeste volta a ser alvo de xenofobia (Padre Carlos)

 


Os bons não podem perder




Durante muitos anos fizeram com que acreditássemos que aqui no Brasil se vivia um “paraíso mestiço” e que éramos um “povo cordial”, por isto a democracia racial pode ser implantada nesta terra. Apesar de existir um senso comum de que o nosso país é cordial a verdade é que não é. O preconceito racial contra os negros e o xenofobismo com os nordestinos foram estampados nas redes sociais após as eleições.  As vítimas são sempre as minorias ou os mais vulneráveis, como as mulheres, negros, nordestinos e a comunidade LGBT. Como diz o poeta: “É que Narciso acha feio o que não é espelho”.

Um dos fatos que chamaram nossa atenção foi a indignação por tarte dos eleitores de utradireita contra o povo nordestino. As ofensas contra os brasileiros que naasceram nesta região do país, passaram a tomar conta da mídia de uma forma tão relevante e criminosa que, hoje os xenofóbicos não fazem a menor questão de esconder seus crimes.

Estes preconceitos sucedem-se e, na época da hiper comunicação, as denúncias são feitas, chocam a gente, geram indignação e depois… acabou, passamos para o próximo episódio infeliz que, pode ser um feminicídio, racismo ou xenofobismo. A luta contra a violência não tem fronteira e muitas vezes não encontra apoio da sociedade que com seu silêncio e omissão assiste a mais uma morte de uma mulher pelas mãos do seu marido, ex-companheiro, namorado. A crise económica, e a pandemia, exacerbaram comportamentos egoístas e centrados na necessidade de proteger o Eu, o que é meu, as minhas posses, as minhas ideias.

São tempos perigosos em que o exercício do populismo e do fascismo vingou e demoramos de reconhecer e combater. São tempos em que o tecido moral das comunidades é exposto com maior transparência de atitudes e, por isso, torna-se evidente o que é racismo, homofobia, discriminação, sexíssimo, abuso. Nos últimos dias tivemos vários episódios desta natureza, que incendiaram as redes sociais e as mídias em geral. Quantos foram cometidos sem que chegassem ao conhecimento das autoridades?

Parece-me que no Brasil, infelizmente, a falta de civismo, a falta de informação e os preconceitos andam cada vez mais à solta. Talvez a questão não seja a identidade cultural de cada povo; os brasileiros têm características admiráveis, talvez seja mesmo a matéria da qual o ser humano é feito e, na contabilidade entre os bons e os maus, talvez os bons – aqueles que se interessam, aprendem, não aceita os preconceitos, aceitam o Outro e o diálogo – estejam perdendo. E assim perdemos todos.

 

 


segunda-feira, 7 de novembro de 2022

ARTIGO - Tem pessoas que parecem eternas. (Padre Carlos)

 


Jerónimo de Sousa deixa a direção do PCP após  18 anos de luta

 



                Quando a imprensa portuguesa anunciou, neste sábado, que Jerónimo de Sousa iria deixara secretaria geral do Partido Comunista Português depois de 18 anos a sua frente, não acreditei e lembrei que tem pessoas que parecem eternas. Você também já teve essa impressão? Assim foi com O Velho no Partidão, João Amazonas, Álvaro Cunhal, Oscar Niemeyer  e tantos outros. Eram figuras que pareciam assim, e a certeza que eles estavam lá na sua atividade, criava uma certeza que também éramos imortais.

         Depois de avaliar seu estado de saúde e ouvir o clamor da família, Jerónimo de Sousa, resolve deixar a direção do PCP e ajudar os companheiros como membro do Comitê Central. As exigências e responsabilidades correspondentes ao cargo foram o verdadeiro motivo para colocar em pauta a questão a respeito da sua substituição.

         Quero destacar aqui a grande dedicação e empenho em que assumiu estas elevadas responsabilidades, por um longo período. Por isto, este velho comunista vai continuar sendo para todos nós, exemplo de compromisso com   projeto do PCP e do ideal comunista dos países de língua portuguesa. O amor que dedicou ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País, da paz, da amizade e solidariedade entre os povos, bem como a disposição de prosseguir a sua ação militante, tem comovido os companheiros por este mundo a fora.

         No seu lugar, assume o companheiro Paulo Raimundo, que é de uma geração mais jovem, com uma história de vida marcada por uma experiência diversificada, com grande capacidade de articulação e inserção no coletivo. Estas qualidades demostra o preparo e a capacidade que está associada à dimensão pública e a identificação com os trabalhadores, as massas populares, com o Partido, suas organizações e militantes.


domingo, 6 de novembro de 2022

ARTIGO - A advogada, professora, militante comunista e líder emancipacionista e POETISA, Loreta Valadares. (Padre Carlos)

 


18 anos sem Loreta Valadares

 


Quem não viveu os horrores da tortura e a dor do exilio, não tem ideia como esta ferida perpassou no imaginário de Loreta Valadares. Sua militância no Movimento Estudantil e na Ação Popular (AP) levou esta jovem a um compromisso maior com a luta por um mundo mais justo e contra a ditadura militar. As sequelas da prisão e da tortura comprometeram profundamente sua saúde, mas não a impediram de prosseguir na aguerrida militância comunista que tinha por base as profundas convicções dos ideais que a sua geração abraçou. Ainda jovem enfrentou com coragem as circunstâncias diversas, ultrapassando situações dolorosas como na clandestinidade, na prisão com o seu companheiro e no exilio para não ser morta.

         Desta forma, não poderíamos entender como surgiu a militante sem entender o humanismo e a face poética desta mulher, Se os seus amigos e companheiros não tivesse sido testemunha ocular de toda aquela barbárie não entenderia a importância da vida e da existência do ser para ela. Com isto, gostaríamos de lembrar aos leitores, que os elementos da natureza humana, como: a militância por um mundo melhor e a liberdade, são as peças centrais, para entendermos o sentido humanista que ela sempre defendeu.
        Assim, chamamos à atenção para o fato da ligação entre a militante e poetisa, quando ela militava estava criando uma poesia e quando escrevia uma poesia estava militando. A força do poema de Loreta Valadares quando é declamado, faz chegar ao público à expressão sensível da beleza ou da dor da sua geração, ganhando um significado nos mínimos detalhes buscando assim rimar com alegria e tristeza que gostaríamos de expressar.

Assim era Loreta, sempre na defesa da causa feminina e na militância do PCdoB, partido que ela ajudou a criar. Nos anos de 1980, foi professora de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia e professora da escola do PCdoB, chegando a escrever importantes textos sobre os fundamentos do Partido.

            Muito se falou e escreveu sobre a advogada, professora, militante comunista e líder emancipacionista Loreta Valadares, mas hoje gostaria de ressaltar a poetisa que trazia a esperança e traduzia os sonhos às emoções, dores e nostalgias de um povo e sem duvida da nossa geração. Só através dos olhos e dos textos deste anjo, podemos entender e traduzir todos estes sentimentos, só mesmo através das poesias de Loreta Valadares, se pode chegar ao mais profundo das alegrias e dores destes militantes. Por isto, “quando as novas veredas do socialismo forem percorridas, lembrem-se de que fui até o impossível freio. (Só me faltou o tempo”). Loreta Valadares.


sábado, 5 de novembro de 2022

ARTIGO - Derrotamos Bolsonaro, mas não vai ser fácil derrotar o Bolsonarismo. (Padre Carlos)

 


O bolsonarismo segue mais vivo do que nunca!

 


A ilusão de que derrotando Jair Bolsonaro nas urnas estaríamos livres da influencia destas forças fascista, se provou uma ingenuidade e um amadorismo muito grande da classe política brasileira. Derrotamos Bolsonaro, mas não vai ser fácil derrotar o Bolsonarismo. Esta corrente política provou nestas eleições que a criatura é maior que o criador e pode viver sem o seu messias.

Não podemos negar que foi uma demonstração de força a eleição do núcleo duro bolsonaristas para o Senado Federal: Damares, Moro, Mourão, Salles, Frias, Pontes e etc. A extrema-direita se firmou como uma força política na sociedade brasileira, porque a sociedade assim o quer. Precisamos entender isso e temos que viver com isso. Nossa ingenuidade faz aniversário ao supormos que extirparíamos o bolsonarismo nazificado, de nosso corpo social e político, fazendo uma “festa da democracia” a cada quatro anos. Precisamos entender que a luta agora é pela consciência das pessoas e por isto, não podemos restringir esta batalha política aos processos eleitorais.

Quando chamo atenção para este fato, quero dizer que a derrota de Bolsonaro nas urnas não representa a derrota do Bolsonarismo. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, repetindo aqui um bordão que ficou célebre na boca do então ministro Walter Barelli, no governo Itamar Franco. O que eu quero dizer, é que a batalha não acaba com o resultado das eleições e para demostrar de forma clara a gravidade deste assunto, resgataremos as imagens da saudação nazista em Santa Catarina, elas são os exemplos de que precisaremos estar firmes e mobilizados para derrotar o bolsonarismo na sociedade brasileira.

Os erros grosseiros das pesquisas eleitorais que apontavam a chance de Lula vencer a eleição presidencial no primeiro turno e o tal seis milhões de voto que o petista tinha de frente na reta final fizeram os cientistas e os dirigentes políticos acharem que a fatura já estaria paga. Sei que estes institutos erraram, mas não posso aqui ser condescendente com o eleitor e achar que os equívocos eleitorais tenham sido apenas dos institutos de pesquisas.

Poderíamos usar o velho jargão do direito para justificar o resultado das pesquisas como causa excludente de responsabilidade civil, para ser mais claro, a culpa foi exclusiva da vitima. Assim, quero dizer que os resultados desta eleição são de total responsabilidade do povo brasileiro. Afinal, não foram às pesquisas que erraram, quem errou foi o eleitor que votou no candidato que negou a vacina e o balão de oxigênio ao seu parente que definhava pela COVID.

Após oito dias do pleito, podemos dizer que apesar de Jair Bolsonaro (PL) sair derrotado em sua tentativa de reeleição, foi vitorioso. Digo isto, porque recebeu mais de 58 milhões de votos, conseguiu eleger 15 governadores aliados a seu programa e mais de uma centena de parlamentares eleitos pelo PL para Câmara e Senado, mostrando assim, que o bolsonarismo deverá seguir vivo nos próximos anos como uma das principais forças políticas do país.

O que esperar daqui para frente? Como será a atuação da bancada bolsonaristas no Congresso sob o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)? E quantos deputados e senadores são realmente de utradireita? A direita terá capacidade de se manter coesa uma vez fora do Executivo? Conseguirá manter eventuais mobilizações nas ruas?

Já Bolsonaro, podemos dizer que permanecerá como principal líder do campo da direita, com aliados como Sergio Moro, Tarcísio de Freitas e Romeu Zema já sendo percebidos como possíveis sucessores do atual presidente e potenciais candidatos em 2026?

         Como disse ele: "Nosso sonho segue mais vivo do que nunca"!

 

 

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...