18
anos sem Loreta Valadares
Quem não viveu os horrores da tortura e a
dor do exilio, não tem ideia como esta ferida perpassou no imaginário de Loreta
Valadares. Sua militância no Movimento Estudantil e na Ação Popular (AP) levou
esta jovem a um compromisso maior com a luta por um mundo mais justo e contra a
ditadura militar. As sequelas da prisão e da tortura comprometeram
profundamente sua saúde, mas não a impediram de prosseguir na aguerrida
militância comunista que tinha por base as profundas convicções dos ideais que
a sua geração abraçou. Ainda jovem enfrentou com coragem as circunstâncias
diversas, ultrapassando situações dolorosas como na clandestinidade, na prisão
com o seu companheiro e no exilio para não ser morta.
Desta
forma, não poderíamos entender como surgiu a militante sem entender o humanismo
e a face poética desta mulher, Se os seus amigos e companheiros não tivesse
sido testemunha ocular de toda aquela barbárie não entenderia a importância da
vida e da existência do ser para ela. Com isto, gostaríamos de lembrar aos
leitores, que os elementos da natureza humana, como: a militância por um mundo
melhor e a liberdade, são as peças centrais, para entendermos o sentido
humanista que ela sempre defendeu.
Assim, chamamos à atenção para
o fato da ligação entre a militante e poetisa, quando ela militava estava
criando uma poesia e quando escrevia uma poesia estava militando. A força do
poema de Loreta Valadares quando é declamado, faz chegar ao público à expressão
sensível da beleza ou da dor da sua geração, ganhando um significado nos
mínimos detalhes buscando assim rimar com alegria e tristeza que gostaríamos de
expressar.
Assim era Loreta, sempre na defesa da causa
feminina e na militância do PCdoB, partido que ela ajudou a criar. Nos anos de
1980, foi professora de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal da Bahia e professora da escola do PCdoB, chegando
a escrever importantes textos sobre os fundamentos do Partido.
Muito
se falou e escreveu sobre a advogada, professora, militante comunista e
líder emancipacionista Loreta Valadares, mas hoje gostaria de ressaltar a
poetisa que trazia a esperança e traduzia os sonhos às emoções, dores e
nostalgias de um povo e sem duvida da nossa geração. Só através dos olhos e dos
textos deste anjo, podemos entender e traduzir todos estes sentimentos, só
mesmo através das poesias de Loreta Valadares, se pode chegar ao mais profundo
das alegrias e dores destes militantes. Por isto, “quando as novas veredas do socialismo forem percorridas,
lembrem-se de que fui até o impossível freio. (Só me faltou o tempo”). Loreta
Valadares.
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