segunda-feira, 21 de junho de 2021

ARTIGO - No ritmo do forró (Padre Carlos)

 

No ritmo do forró




Como nordestino, ao ouvir um forró, em especial “um bom pé de serra”, não consigo ficar parado. É assim desde a minha juventude, quando as músicas composta por Luiz Gonzaga e o Trio Nordestino já haviam caído no gosto popular e eram as mais tocadas nas festas de São João em todo o Brasil.


O estilo musical que é marcado pelo som da zabumba, triângulo e sanfona, e é representado pela dança entre casais, que com corpos colados arrastam os pés no chão, ganhou projeção no após guerra. Foi a partir de 1950 que a história do forró começou a ganhar força em todo o cenário nacional. Isso porque no ano de 1949, o cantor e compositor Luiz Gonzaga gravou a música “Forró de Mané Vito”, que caiu no gosto do povo. Foi ele quem popularizou a sanfona ou acordeon e desde então, o ritmo passou a ser reconhecido por todos os cantos do Brasil. Assim, o forró atravessou gerações e se transformou em um dos grandes símbolos da maior festa do nordeste brasileiro, um dos mais ricos e emblemáticos patrimônios culturais e imateriais do Brasil.

Neste 24 de junho, Dia de São João, é importante reafirmar a importância dessa forma de expressão musical, coreográfica e poética que nos encanta há mais de um século. Esta história reúne muitas curiosidade e características que marcam bastante a cultura nordestina. Derivado do nome “forrobodó”, que significa confusão, arrasta-pé, ou farra, o forró surgiu no século XIX, na região de Pernambuco, onde eram realizados bailes populares.

Ao fim e ao cabo, o forró era a expressão de um protesto político e de uma crítica social em forma de música, dança e poesia. Foi, ao mesmo tempo, um símbolo de resistência em todo o Nordeste brasileiro e uma manifestação inequívoca da diversidade cultural do Brasil.

Produto de um contexto histórico singular, essa rica manifestação artística da cultura nordestina é uma das principais raízes da música brasileira.  A partir do eclético repertório dos nossos artistas, que integrava vários estilos musicais, resultaram três modalidades que perduram até os dias de hoje: o forró pé de serra, o forró universitário e o forró eletrônico.

Neste dia de comemorações, é oportuno lembrar que o meu Nordeste é uma das regiões brasileira com a maior quantidade de manifestações culturais reconhecidas como patrimônio imaterial

 A fogueira do São João deste ano terá um novo simbolismo, ela seguirá com suas chamas acesa para lembramos dos quientos mil brasileiros que não estão mais conosco. Ela estará também acesa no coração de quem passará mais um ano sem a festa que alimenta financeiramente e fisicamente a vida de milhares de nordestinos. 


Mesmo assim, gostaria de reafirmar que o forró está enraizado em nossa cultura, em especial na memória coletiva do povo nordestino, e representa uma mescla de gêneros musicais e artísticos que diz muito sobre a diversidade e a inventividade dos brasileiros. Reverenciar o forró é, afinal, valorizar a cultura do Brasil.

 

 

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