quarta-feira, 9 de junho de 2021

ARTIGO - O futuro dos partidos políticos brasileiros (Padre Carlos)

 


O futuro dos partidos políticos brasileiros



 

 

Em um mundo marcado por um inevitável e revolucionário processo de transformação, não é das tarefas mais simples para as forças políticas e agremiações partidárias se adaptarem a essa nova realidade. Instituições datadas do período da Revolução Industrial, ainda no século XIX, os partidos políticos hoje têm enorme dificuldade de se estabelecer nas sociedades plenamente interconectadas em rede.


Há uma total desconexão e um claro descompasso entre representantes e representados e, também por isso, são fundamentais que os agentes políticos façam uma autocrítica e se abram, verdadeiramente, a esta frente que, oriundas da sociedade civil, pretendem participar de uma mudança profunda do processo político.

Nesse sentido, como professor de filosofia sempre defendi uma nova formação política, tenho consciência que são poucos os partidos hoje no Brasil, que conseguem vocalizar as demandas sociais com a agilidade necessária.

Nas últimas décadas, só um partido conseguiu ser formada por um amplo, generoso e produtivo diálogo com movimentos de vários matizes – diferentes entre si, mas dispostos a ingressar na política e viabilizar uma nova forma de representação. Foi isto que deu vitalidade a este partido se manter vivo e renovando seus sonhos e utopias.  Não sabemos qual será o destino dos partidos com as novas clausulas de barreiras no curto ou médio prazo, mas é muito provável – quase uma certeza – que eles não mais existirão, da forma como se colocam hoje, em um futuro que se anuncia mais próximo do que imaginávamos.

A idéia do partido-movimento não faz parte da nossa cultura ela é uma tese que alguns gostariam de implantar por aqui, ela é um dado da realidade em sociedades mais abertas e avançadas como podemos constatar nos países do primeiro mundo. É algo difícil de ser construído hoje por aqui.

Neste sentido, as agremiações política no Brasil, tem sido uma troca interessante que nos permite aprender com os partidos e, de certa forma, transmitir aos mais jovens um pouco de nossa longa vivência na vida pública.

A revolução social e de comportamento que o mundo experimenta é uma realidade contra a qual não se pode lutar, é verdade, mas existem. Processos que envolvem não apenas o avanço das novas tecnologias ou das ferramentas de comunicação, mas precisam ser inseridas na nossa cultura, esta transformação radical na forma como nos relacionamos uns com os outros não se dará da noite para o dia.

Este novo mundo nos afeta a todos, em todos os segmentos de atividade e com certeza proporcionará no futuro, o surgimento de novas instituições e organizações que substituirão as velhas estruturas.

Diante desse cenário, é fundamental que tenhamos uma visão conectada com o futuro, mas saibamos o que podem ser mudado e o que ainda não podem. Com certeza os partidos, políticos mesmo com todos os defeitos e imperfeições, ainda é uma realidade nas nossas vidas. Precisamos sim, abdicar dos vícios e valores ultrapassados destas instituições e criar agremiações fortes e alicerçadas de valores ideológicos.

Por tudo isso, como pesquisador, entendo a necessidade e a urgência de interpretarmos todo esse processo de transformação e estabelecermos um canal direto de comunicação com os novos atores políticos e sociais – por meio das redes e rodas democráticas e dos mais diversos movimentos da cidadania. Tudo isto podem ser feito, sem que se percam as nossas referencia.


Só assim tornaremos possível a renovação política tão esperada pela sociedade brasileira. Estamos abertos ao novo. Mas temos responsabilidade com o presente e ter um encontro marcado com o futuro não representa jogar todo o passado no lixo. E o futuro é agora. 

 

 


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