domingo, 6 de junho de 2021

ARTIGO - O Coração de Jesus e minha formação (Pade Carlos)

 



O Coração de Jesus e minha formação

  


    

Durante muitos anos, o mês, de junho representava para mim somente as festividades dos santos juninos, só anos mais tarde, já na teologia e morando em Belo Horizonte, descobrir que os católicos também celebram com grande fervor a Festa do Coração de Jesus. Essa festa, tão difundida no mundo, mas pouco acolhida entre as novas gerações, tem como motivo revelar as riquezas do amor de Deus pela humanidade. Não se trata de um amor marcado por sentimentalismo barato como costumamos ver em certos canais que se dizem católicos na televisão – a Igreja não propõe essa festa para facilitar o seguimento radical de Jesus ou para torná-lo um lugar de comodismos.


Foram as aulas de eclesiologia com o Pe. Nereu, que me fez entender a histórica Carta Encíclica sobre o Culto do Sagrado Coração de Jesus, “Haurietis Aquas”, assim pude entender que é no Coração de Cristo que encontramos a imensa caridade para com o gênero humano, ela exige um amor solidário, de resposta. Deus não poderia amar sozinho. Ele nos convida a amá-lo, com todas as nossas forças e vontade, e nos convida ainda a dispensar esse mesmo amor aos irmãos, mostrando-lhes que o amor divino é a representação da misericórdia pelo mundo.

Os devotos do Coração de Jesus têm a missão de mostrar esse amor solidário de Deus, principalmente aos mais pobres aos que estão sofrendo em uma UTI, longe dos familiares e com o risco imanente de morte. Estes verdadeiros católicos que nunca se prendem nas suas dores, partem para o mundo, que se encontra tão ferido e cansado pelos equívocos de outros amores. Portanto, ser devoto desse Coração, do Divino Redentor, é ser continuidade do amor que se dá que não se retém jamais!

O Papa Francisco costuma dizer que o Coração do Bom Pastor não é somente o Coração que carrega misericórdia para humanidade, mas Ele é a própria misericórdia. Para o magistério do Papa latino-americano fica muito evidente que, naquele Coração, resplandece o generoso amor do Pai, e que podemos ter a firme convicção de sermos acolhidos e compreendidos na sua caridade.


Por fim, aprendi que celebrar o Sacratíssimo Coração que nos ama até quando caímos significa que estamos dispostos a renovar nossa confiança em Deus. Foram estas certezas que me fizeram mais católico e cristão, depois que deixei o sacerdócio. Não podemos estar no mundo de qualquer forma, sem saber para onde a Providência de Deus nos governa, e esta nos governa com os nossos irmãos; o outro não é um inimigo a ser combatido, mas um alvo querido pelo amor do Senhor. Esta Festa do Coração de Jesus tem um grande significado profética diante deste mundo sofrido e mutilada por esta pandemia. Ela revela que o amor divino nunca exclui, nunca descarta. Constatamos que esta festa fala de fraternidade e de amor, tão difícil de encontrar nos dias de hoje, principalmente em um país dividido e polarizado como o nosso. Assim, compreendi o que Zezinho queria dizer: “amar como Jesus amou”, devemos fazer um esforço para aprender amar um pouco do jeito que Deus nos ama!

 


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