domingo, 5 de março de 2023

ARTIGO - Que a Igreja volte a ser a voz dos pobres, e que os sonhos de outrora, sejam eternamente sonhados.

 

Em memória do padre Bruno Baldacci,



 

Gostaria de transmitir para os mais jovens o que representou aqueles tempos de mudanças, de transformações e esperanças. Quero falar de um tempo em que a Igreja despertou para a realidade que a cercava para os gritos dos oprimidos e as injustiças que se perpetuavam. Este grito era tão forte que cegavam aos ouvidos de alguns jovens italianos.

O Concílio Vaticano II foi uma semente, que germinou em todo o mundo, mas no solo latino-americano, ela floresceu e cresceu como o milagre do maná que alimentou os famintos no deserto. Desta forma, quando a teologia da libertação passou a pregar a opção pelos pobres e a luta por uma sociedade justa e igualitária, mostrava aquele povo sofrido à face de um Deus que era mãe e misericordioso com o seus filhos.

Os teólogos da libertação e os agentes pastorais, leigos e clérigos, foram os guias, que iluminaram o caminho, e inspiraram um clero comprometido, com a causa dos mais humildes, que abraçaram a causa da justiça, e choraram contra a opressão.

As Comunidades Eclesiais de Base viveram, como sementes plantadas em terra fértil, nesta diocese e em todo canto deste Continente. Cresceram e frutificaram, em meio a um povo que sonhava com a libertação que viria, e que já se fazia presente.

Era lindo ver em cada irmão, a semente da libertação, e juntos caminhavam, rumo a uma sociedade mais justa, onde todos tinham direito a vida, e aprenderam que lhes era negada.

Mas o tempo passou, e muitos daqueles jovens padres e leigos que lutavam e sonharam já não se encontram entre nós, mas seu trabalho está presente, como a videira que deu um vinho de qualidade, uma boa safra. Estes são os novos Bispos que foram colhidos neste canteiro, são como uvas que deram vinhos finos.  

É triste ver que as novas gerações, não abraçaram a causa com a mesma paixão, e a Igreja que surgiu pós Vaticano II, parece estar perdendo sua voz profética, parece que partiu como meu amigo.

Mas o amor que você nos ensinou pela Igreja permanece, e a esperança de um mundo melhor, ainda é uma chama que queima, no coração daqueles que acreditam que um mundo justo e fraterno, é possível e necessário.

Que a Igreja volte a ser a voz dos pobres, e que os sonhos de outrora, sejam eternamente sonhados, e que aqueles como o Pe. Bruno, que lutaram e sonharam, sejam sempre lembrados, como inspiração e guia, para novas gerações.

 

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