As revoluções em marcha
Estamos
vivendo um momento impar na história da humanidade, onde presenciamos grandes
transformações. Não podemos negar que existem várias revoluções em
andamento. A primeira e a mãe de todas é
a revolução económica, com o advento da globalização e a confirmação das
teorias de McLuhan de que formamos na verdade uma "pequena aldeia" e
a chegada ao palco da história dos países emergentes, como a China, a Índia...
Outra é a revolução cibernética, que faz nascer um quase-planeta, um
"sexto continente". Nunca como hoje houve tanta informação e com a
rapidez com que circula pelo mundo. Esta é a era da informática. A internet, o
correio electrónico, os celulares, as televisões, nos coloca em contato
constante e imediato com tudo o que acontece no mundo. Depois, com a facilidade
dos transportes e no quadro das novas classes económicas, há a circulação
permanente das pessoas de uns países para outros e também entre
continentes.
As
revoluções no campo da inteligência artificial, na nanotecnologia e
biotecnologia, estão fazendo verdadeiros milagres nestas áreas. Outra grande
revolução que não poderíamos deixar de citar, com certeza é a revolução
ecológica. Sabemos da necessidade de criar novas relações com a natureza e
sabendo da urgência de uma repactuação entre a humanidade e o planeta, o homem
tem que buscar soluções para que o futura da raça humana e de todo o ecossistema
não seja comprometido.
Como
conviver com estas pessoas, como não interpretar estes fenômenos como uma
ameaça a minha cultura, o meu emprego e a minha forma de viver? O novo
desestabiliza e nos torna frágil. Talvez este tenha sido o canal que as forças
de extrema-direita tem usado na Europa, isto é, ideologizar estes fenômenos. No
quadro desta ambiguidade, entende-se como, por medo, ignorância, desígnios de
domínio, se pode proceder à construção ideológica e representação social do
outro essencialmente e, no limite, exclusivamente, como ameaça, bode
expiatório, encarnação e inimigo a menosprezar, marginalizar, humilhar e, no
limite, abater, eliminar. Num mundo global, cada vez mais multicultural e de
pluralismo religioso, é urgência maior repensar a identidade e avançar no
diálogo intercultural e inter-religioso, sempre no horizonte da unidade na
diferença e da diferença na unidade.
Padre Carlos