sábado, 1 de junho de 2019

ARTIGO | Rui, o homem da caneta.(Padre Carlos)





Rui, o homem da caneta.

            O novo governo do PT teve inicio com alguns projetos polêmicos e com certeza, a proposta da Reforma Administrativa foi um deles. Assim, à medida que, extinguiu alguns cargos comissionados, bem como, a redução do número de diretorias e presidências de empresas, como da Prodeb e outras. Diante desta medidas, a militância do partido vem questionando  sobre as reais intenções do seu gestor. O novo projeto proporcionou o fim do Centro Industrial Subaé, Conder, Sudic, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e deixou a Bahia Pesca para ser gerida pela iniciativa privada, ou por meio de uma Parceria Público-Privada.
           

Com estas ações, não podemos negar que chegamos à Era do Administrador. Desta forma, gostaria de lembrar que administração é uma ciência neutra, como a engenharia e a medicina são frias e não leva em conta se o governo é de esquerda ou de direita, seu objetivo é manter as contas em dia. Por isto, a missão do administrador moderno é ser um político e um político moderno, será que é ser um administrador? Sabemos que ele tem de  dosar e manter unido este grupo de interesses conflitantes, mas, e o partido e o seu programa, onde o PT fica nisto tudo?
            Para cumprir as promessas de campanha, o Governador tem a obrigação de manter as finanças em dia, outro fator importante, é conservar os serviços básicos em ordem. Porém, não podemos dizer que estas iniciativas são propostas ideológicas e nem tão pouco, exclusivo de um governo de esquerda e do PT.
            A História conta-nos que os termos política de direita e política de esquerda surgiram na Revolução Francesa, no século XVIII, e estavam relacionados com o lugar que os políticos ocupavam no parlamento francês. Quem queria que o rei tivesse mais poder, estava sentado à direita. Quem queria que o rei tivesse menos poder, sentava-se à esquerda.
               A luta contra as desigualdades sociais é uma das ideias centrais para a Esquerda. Para as pessoas deste lado da política, é melhor para a sociedade que se defenda mais o interesse coletivo do que o interesse individual. O objetivo é acabar com a desigualdade entre os ricos e os pobres. O melhor, dizem, é que não haja nem ricos nem pobres: todos devem ser iguais.
     

Quando chegamos a uma determinada  idade, podemos com nossa experiência afirmar que a arte de fazer política, com certeza é a capacidade de engolir sapo. No início de fevereiro de 2015, em um único final de semana, a Rondesp (Rondas Especiais) da Polícia Militar baiana assassinou 15 jovens negros em crimes com características de execução. As operações policiais daquele final de semana foram parte de uma vingança contra um policial que havia levado um tiro nos dias anteriores.  Assim, o partido se tornou a mão destes carrascos ao fechar a todo o momento os olhos e não denunciou os verdadeiros responsáveis, aqueles que tinham o poder de evitar. Naquela época, não vi ninguém do diretório nacional ou algum deputado se posicionando contra as posições do atual governador. Queria lembrar aos leitores que era carne preta, esta tem pouco valor no mercado. Porem basta o mesmo homem da caneta, cortar o salario dos grevistas, para circo pegar fogo. O grande mal da esquerda é infelizmente o corporativismo, aqui se vive de fato: farinha pouca, meu pirão primeiro. Com isto, não estou justificando o corte dos salários, mas acho que deveríamos ter uma postura de esquerda, em qualquer conjuntura.
            O cidadão se preocupa com a violência mais do que deveria porque ela é amplificada pela mídia. Mas não vê que ela está intimamente ligada aos maiores problemas do estado: desemprego, educação, saúde e moradia. Só a redistribuição de renda pode ajudar na melhoria das condições de vida da população e, consequentemente, na diminuição da violência: A política estadual pode ser redistributiva, através de projetos sociais como o Renda Mínima e o Bolsa-escola, que efetivamente distribuem renda, até a política habitacional, que proporciona moradia em áreas que concentram infra-estrutura e emprego.
            O professor Milton Santos, um dos mais respeitados geógrafos do mundo, acreditava que o combate à desigualdade  é o principal desafio dos administradores. Desta forma podemos dizer, que o maior desafio para os governadores que assumiram, ou continuam em seus cargos, em janeiro de 2019, foi com certeza a desigualdade. Os governadores precisam mudar o pensamento sobre os estados e enxergar a pobreza como questão central, e não residual. E se a União depois do golpe parlamentar, não cumpre mais com suas obrigações mais básicas, estas terminam ficando a cargo dos poderes estaduais e locais, por isto, é preciso ir fundo na questão. Os maiores desafios estão nos bolsões de pobreza. É urgente reduzir as diferenças entre os que têm mais e os que têm menos, e isto só conseguiremos com políticas públicas de esquerda. Temos que concentrar esforços no resgate social do estado, levando a infra-estrutura para onde estão os mais carentes e trazendo estas pessoas ao convívio da sua dignidade. Esta é a verdadeira reforma que o nosso estado precisa..


Padre Carlos

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